Loja de celular e postos de combustíveis movimentaram R$ 18 milhões para o tráfico em Porto Alegre
Ação da Polícia Civil revela esquema de lavagem de dinheiro em diferentes cidades do Estado a serviço de facção instalada na capital e com 'aliança' no Vale do Sinos
Pelos menos três de 11 postos de combustíveis investigados e uma loja de venda de celulares de Porto Alegre movimentaram em dois anos e meio R$ 18 milhões. Valor obtido da lavagem de dinheiro de crimes como extorsão, compra e venda de armas de fogo, roubos, receptação e tráfico de drogas em na região central de Porto Alegre.
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O delegado Marcus Viafore, da Delegacia de Repressão aos Crimes de Lavagem de Dinheiro (DRLD), do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), revela que as descobertas feitas durante os mais de dois anos de investigação resultaram na Operação Benzina.
Em entrevista, Viafore descreveu que o grupo criminosos, que estava lavando dinheiro na capital, pertence à Zona Leste de Porto Alegre, mas conta com integrantes em todo o Estado.
"Nós verificamos que postos de gasolina e empresas (lojas) de celulares acabavam recebendo dinheiro de várias atividades criminosas, mesclando esse dinheiro. Percebemos vultuosas somas entre pessoas jurídicas pertencentes direta ou indiretamente à facção. O que nos ocasionou a fazer a fase ostensiva", destaca.
"Temos 12 presos, incluindo um líder da facção. Há ainda familiares de outro líder que foi assinado em maio. Temos outros flagrantes de pessoas que transacionavam ou participaram de alguma negociação com a facção. Há flagrantes de tráfico de drogas. Flagrantes de armas e munições. Tudo vinculado à atividade que exerciam dentro da parte empresarial da facção", explica Viafore.
Em relação aos armamentos, ele esclarece que não foi verificado negociação de armas destinadas especificamente ao tráfico de armas. "A organização pertence a essa facção da Zona Leste. Ela é aliada, momentaneamente, a uma outra facção do Vale dos Sinos contra uma terceira. Aliada nesse momento por conta de uma guerra de facções. Essa facção (da Zona Leste) tem seus tentáculos e conseguimos uma célula deles nos postos e lojas de celulares. Conseguimos pessoas com relações negociais com a facção."
Segundo o delegado, foram indisponibilizados bens, de 14 a 15 imóveis, além de 29 veículos, incluindo carros de luxo, como uma Ferrari. As pessoas terão que comprovar como esses bens foram adquiridos. "Patrimônio pertence a membros da facção e pessoas que se associaram de maneira negocial."
Agora, segue o trabalho de avaliação do material aprendido, como celulares, computadores e documentos, além das oitivas. "A operação foi importante, porque nos vimos que ela se situa dentro da esfera de poder das facção. Estamos em uma guerra entre faccões no Estado. Tirar o poderio econômico da facção esvazia a possibilidade de compras de armas e esvazia a capacidade influencia no mundo criminoso. E, tentando desse maneira, de esvaziar o poder, diminuindo o numero de mortes que essas guerras causam."
Operação Benzina
A Operação Benzina cumpriu mandados em 13 cidades. Durante as investigações, foram cumpridas em torno de 475 ordens judiciais, sendo elas nove de prisão temporária, 86 mandados de busca e apreensão nos municípios de Porto Alegre, Eldorado do Sul, Viamão, Alvorada, Frederico Westphalen, Venâncio Aires, Campo Bom, Sapucaia do Sul, Gravataí, Novo Hamburgo, Xangri-lá, Tramandaí e Canoas.
