Vereadora grava vídeo comparando esquerdistas a cadelas e é denunciada por quebra de decoro

Uma representação contra a vereadora Camila Carolina Oliveira (Republicanos) por quebra de decoro parlamentar foi aberta no Legislativo de Montenegro. O pedido foi feito nesta segunda-feira (17) depois que a vereadora, de 44 anos, gravou um vídeo, dentro do seu gabinete, comparando mulheres de esquerda a cadelas.

A publicação foi excluída das redes sociais de Camila depois da repercussão negativa, mas, na manhã desta terça (18), o vídeo ainda circulava em aplicativos de mensagem.

Segundo o presidente da Câmara de Vereadores de Montenegro, Talis Ferreira (PP), a representação protocolada pelo MDB, PTB e PSB foi aceita e encaminhada à Comissão de Ética, presidida por Felipe Kinn da Silva (MDB). O grupo terá dez dias para analisar a denúncia. "Foi lamentável o que aconteceu, ainda mais porque foi gravado na Câmara de Vereadores. Na minha opinião, isso ofende as mulheres e não compactuo com isso", avalia Ferreira.

No vídeo, Camila aparece acompanhada por duas jovens, que, segundo Ferreira, são "simpatizantes da vereadora". Enquanto a representante do Legislativo montenegrino segura a bandeira do Brasil, uma das simpatizantes mostra um quadro com a foto do presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL). 

As três dançam ao som de um funk, cuja letra diz: "As 'mina' de direita são as 'top mais bela', enquanto as de esquerda têm mais 'pelo' que cadela". Trata-se de uma paródia de 'Baile de Favela', música que originalmente exalta a periferia e que ganhou versão com ofensas contra a esquerda.

Petistas são chamados de 'vagabundos'

A representação denuncia ainda um segundo vídeo, gravado pela mesma vereadora, aparentemente no mesmo dia, com as mesmas duas jovens. Neste caso, Camila canta: "Ei, petista, pensou que ia escapar? Se liga, vagabundo, tu vai ter que trabalhar". O conteúdo também foi deletado das redes sociais da parlamentar.

A representação argumenta que a vereadora, em ambos os vídeos, utiliza-se de "expressões chulas, eivadas de ódio e preconceito, razão pela qual se percebe que a mesma atuou com a quebra de decoro parlamentar", conforme prevê a Resolução 227/2022.

O documento cita que ela cometeu quatro transgressões referentes ao artigo 6º, dentre elas, "praticar atos que infrinjam as regras de boa conduta nas dependências da casa" e "deixar de observar intencionalmente os deveres fundamentais do vereador".

Contraponto

Conforme o presidente da Câmara, assim que a representação foi protocolada, a vereadora foi a primeira a ser comunicada. O Jornal NH ligou para o número de celular do gabinete de Camila, que estava desligado, e também enviou e-mail à vereadora. Não houve retorno até a publicação da reportagem.

Camila Carolina Oliveira foi eleita para seu primeiro mandato na Câmara de Vereadores de Montenegro nas eleições de 2020 e, neste ano, concorreu a deputada estadual, mas não conquistou os votos necessários para assumir o cargo em 2023.