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Notícias | Região DECISÃO JUDICIAL

Dupla presa por sequestro e assalto de idosa em Estância Velha é solta no dia seguinte

Moradores de São Paulo se hospedaram em hotel de Campo Bom para cometer crimes no Vale do Sinos

Por Silvio Milani
Publicado em: 20.10.2022 às 22:02

Uma semana depois da prisão em flagrante por sequestro e assalto de uma idosa de 79 anos em Estância Velha, dois moradores de São Paulo, já livres, articulam a volta para casa. Tentam com a Polícia a restituição de documentos pessoais e até dos celulares usados no crime. O flagrante aconteceu na sexta-feira da semana passada. No dia seguinte, a dupla foi solta em audiência de custódia. No domingo (16), o juiz determinou que a Corregedoria da Brigada Militar investigue supostas agressões aos indiciados.

Máquinas registradoras, cartões e celulares apreendidos
Máquinas registradoras, cartões e celulares apreendidos Foto: Polícia Civil


A liberdade provisória foi concedida no Núcleo de Gestão Estratégica do Sistema Prisional (Nugesp), pelo juiz plantonista Marcos Henrique Reichelt, "mediante compromisso de manter o endereço atualizado e comparecer aos atos do processo". Os dois indiciados, de 31 e 24 anos, moram na capital paulista. O mais velho deu endereço no bairro Jardim Marisa Elisa e o comparsa, no bairro Jardim Vista Alegre. Eles têm antecedentes por estelionato.

"Possíveis excessos"

Assistidos pela Defensoria Pública, os acusados disseram na audiência que foram agredidos por brigadianos. Um descreveu chutes e o outro detalhou que eram três soldados. "Diante da informação de possíveis excessos perpetrados pelos policiais militares apontada nesse feito, oficie-se à Corregedoria da Brigada Militar que seja instaurado expediente, com posterior encaminhamento da conclusão ao Ministério Público, com cópia à Defensoria Pública, Núcleo de Direitos Humanos, conforme requerido pelas partes", despachou o magistrado.

 “Como não deu nada, vão seguir no crime”, diz nora de vítima

A família da idosa sequestrada reagiu com revolta, na tarde desta quinta-feira (20), ao saber da soltura. "Como não deu nada, vão seguir no crime contra idosos. Só da minha sogra roubaram joias de família e R$ 4 mil em dinheiro. Ficaram presos pouco tempo, comeram, dormiram protegidos e agora vão à luta fazendo novas vítimas", declara uma nora de 55 anos.

A idosa sofreu violência física e psicológica na manhã do último dia 14. "Foram muito brutos com ela", conta a nora. Os paulistas chegaram à casa da vítima, no bairro Bela Vista, por meio do golpe do falso sequestro.

Ao receber telefonema dos bandidos sobre a filha moradora de Osório estar em cativeiro, a mulher de 79 anos acabou passando o endereço aos bandidos. Pouco depois, um chegou à residência. A idosa foi rendida com uma "gravata" no portão e empurrada para dentro de casa. Sob ameaça de morte, deu R$ 3 mil e conseguiu mais R$ 1 mil com uma vizinha. O criminoso ainda levou de carro a Novo Hamburgo, para conseguir mais dinheiro, e a deixou perto de casa quando viu que não tinha mais de onde tirar. "Ela estava economizando para uma cirurgia nos olhos que precisa fazer."

Outra mulher de 79 anos foi atacada pela dupla

Os paulistas foram presos ao tentar fazer uma segunda vítima de 79 anos em Estância Velha, no mesmo dia, desta vez pelo golpe do cartão clonado. Ligaram para a mulher passando-se por bancários e foram à casa dela, no bairro Lira, para recolher o cartão. Um vizinho desconfiou e chamou a Brigada Militar, que prendeu o paulista de 31 anos e foi ao hotel no Centro de Campo Bom onde estava o comparsa de 24. No quarto, foram apreendidas seis máquinas registradoras, vários cartões, dois celulares e dinheiro.

Esquema é investigado

O delegado de Estância Velha, Rafael Sauthier, autuou a dupla em flagrante por estelionato tentado com o agravante de ser contra idoso e corrupção ativa, pela oferta de suborno aos brigadianos. "Nos celulares dos dois, há várias conversas com outros comparsas, que passam endereços e fazem fotos dos cartões que pegaram dos saques, entre outras práticas criminosas. Há muitas, de várias cidades. Aplicam golpe do falso sequestro, do cartão clonado, fazem pix, empréstimos e todo tipo de estelionato. O perfil das vítimas é de idosos. Vão atrás de pessoas debilitadas." Sauthier explica que terá que devolver os documentos pessoais, pois, pela lei, não pode retê-los. "Mas não vamos restituir os celulares, máquinas registradoras e cartões solicitados pelos indiciados, pois é material da investigação que deve ser periciado."

Bandidos se comunicam durante saque em banco
Bandidos se comunicam durante saque em banco Foto: Reprodução

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