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Notícias | Região O POVO NAS RUAS

General diz que manifestações são resultado do déficit de credibilidade dos tribunais superiores

Sérgio Etchegoyen, ex-ministro da República, diz que 'não é democrático esperar que as Forças Armadas vão tomar alguma providência que não lhes toca'

Por João Ávila / Jornal NH
Publicado em: 08.11.2022 às 12:12 Última atualização: 08.11.2022 às 13:50

As manifestações iniciadas após o pleito do dia 30 de outubro com bloqueios de estradas e, depois, transferidas para o entorno de unidades militares pelo País, são resultado, em muito, do déficit de credibilidade dos tribunais superiores. A opinião é do general da reserva Sérgio Etchegoyen, ex-ministro do governo Michel Temer (MDB).

Sérgio Etchegoyen, general da reserva
Sérgio Etchegoyen, general da reserva Foto: Juarez Machado/ GES

"Se nossas altas cortes judiciárias tivessem, ao longo do processo (eleitoral), mais equilíbrio, mais ponderação, talvez não vivessem o que estão vivendo hoje. Isso é inegável. Goste ou não goste. Não estou julgando. É um fato", disse ele nesta terça-feira (8) no programa Ponto e Contraponto, da Rádio ABC 103.3 FM. Participaram, também, o advogado Carlos Klaser Neto e o vereador de Porto Alegre, eleito suplente de deputado estadual, Jessé Sangalli (Cidadania).


Para Etchegoyen, "o desespero e sentimento de injustiça, real ou não, são grande mobilizadores" destes manifestantes. Segundo o militar, "quando as pessoas não encontram a credibilidade ou a confiabilidade onde elas deveriam estar, que é exatamente em quem tem que mediar, pacificar, vão buscar em outros lugares". Por isso as ruas, primeiro, e agora os quartéis.

O general entende que "sempre há e sempre haverá" espaço para manifestações, "enquanto a gente for uma democracia". No entanto, deve se contar aos limites da lei. "Uma agressão é descabida em qualquer circunstância. Absolutamente não há espaço no Brasil para manifestações ilegais", disse, numa referência às agressões de manifestantes a policiais rodoviários federais em Santa Catarina e no Pará ocorridos nesta segunda-feira (7).

"Já sofremos com isso algumas vezes, com manifestações legais, manifestações legítimas, manifestações agressivas. A gente não pode, de jeito nenhum, escorregar para um ambiente desses. "A violência tira a legitimidade de qualquer manifestação", pondera.

Intervenção militar

Etchegoyen entende que parcela da população brasileira recorre às Forças Armadas pela credibilidade das instituições. "Manifestação é a consequência, o sintoma (de uma situação)", explica. E, para o general da reserva, "as pessoas vão lá, equivocadamente". Para ele, as Forças Armadas não vão se afastar do papel constitucional. "Não faz sentido, não se afastaram nos últimos 50 anos."

Por isso, entende que o resultado vai gerar mais frustração. "Se eu não estivesse no serviço ativo, aposentado, na reserva como se diz, eu estaria lá no quartel general, sentado numa mesa, constrangido de ver aquela manifestação pedindo uma coisa que constitucionalmente não é atribuição das Forças Armadas."

Comenta, ainda, que estes manifestares poderão se frustrar. "Não é democrático esperar que as Forças Armadas vão tomar algumas providências que não lhes toca. Vai gerar mais frustração, não tenho dúvida nenhuma."

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