Moradores relatam cheiro forte e transtornos após incêndio em empresa de Nova Santa Rita

Há oito anos, Paulo Roberto Petter, 62 anos, vive no bairro Pedreira, em Nova Santa Rita. Neste domingo (20), ele aproveitava o fim de tarde na vizinhança, sentado sob uma sombra na calçada, quando, de repente, ouviu um forte barulho. Era o início do incêndio que atingiu a empresa de produtos químicos Dorf Ketal, localizada a poucos metros dali. "Do nada, ouvi uma explosão e avistei um cogumelo de fogo", relata o morador.

A casa onde Paulo Roberto vive com a família fica em frente à fábrica que pegou fogo. "Sentimos o calor da explosão", descreve. Para dormir, foi preciso ligar o ventilador. "Dormi com um olho aberto e o outro fechado", conta.

Durante a noite, ruas chegaram a ser bloqueadas, e famílias precisaram sair de casa por conta do risco de alastramento das chamas. Nesta segunda-feira (21), o fogo foi controlado por equipes do Corpo de Bombeiros após 12 horas de trabalho. Passado o susto, o que segue incomodado os moradores, diz Paulo, é o forte cheiro de produtos químicos. "Ontem, estava suportável devido ao vento. Hoje está muito pior."

A aposentada Iria Fraga, de 70 anos, não pôde dormir em sua residência, por conta do odor enjoativo. Ela passou a noite na casa de uma irmã, no bairro do Caju, também em Nova Santa Rita. "Voltei hoje para ver como estavam as coisas. Me criei aqui e nunca havia presenciado algo deste tamanho."

Vídeo para comprovar falta ao trabalho

Os transtornos aos moradores não pararam por aí e afetaram, inclusive, a ida ao trabalho nesta segunda-feira. Simone Rodrigues, 47, vizinha da fábrica atingida pelo incêndio, é funcionária de uma empresa terceirizada da Prefeitura de Canoas e precisou enviar um vídeo para justificar a falta ao serviço.

"Gravei como está a situação na minha rua, o transtorno causado pelo fogo. Eu e minha família não dormimos em casa", relata.

Junto com o marido e o filho, Simone buscou abrigo na residência de uma irmã em Canoas. "Viemos apenas para pegar algumas roupas." No momento do incêndio, eles não estavam em casa. "Ficamos sabendo pelo grupo da vizinhança no WhatsApp."

Combate às chamas

O combate ao incêndio por parte do Corpo de Bombeiros e de brigadistas terceirizados se estendeu durante a madrugada e foi finalizado às 9 horas desta segunda. Um brigadista, que preferiu não ser identificado, informou que apenas a empresa para a qual trabalha despejou mais de 950 mil litros de água para conter o fogo. Esse montante soma-se aos mais de 450 mil litros utilizados pelos Bombeiros.

Após o controle das chamas, equipes permaneceram no local para o trabalho de rescaldo. A Polícia Civil esteve na empresa e afirmou que a perícia, que deve determinar a causa do incêndio, será feita em um segundo momento.

Vazamento preocupa autoridades

Por se tratar de uma empresa voltada ao mercado de combustíveis, que trabalha com aditivos e produtos químicos, o incêndio preocupa a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam). Um córrego que fica ao lado da fábrica foi bastante atingido pelo vazamento de produtos. Nesta manhã, técnicos da Fepam colheram amostras de água, que passaram o dia sendo drenadas por equipes de uma empresa terceirizada. Segundo um funcionário que não quis se identificar, o trabalho deve levar a semana inteira pelo volume de água que foi atingido.

Contato com a empresa

A reportagem entrou em contato com a empresa Dorf Ketal, mas não obteve retorno até a publicação desta matéria.