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Notícias | Região INQUÉRITOS DE ESTELIONATO

Fotógrafo de Igrejinha é investigado por golpes em clientes de festas de casamento e debutantes

Profissional, que alega inocência, tem acusações em pelo menos dez cidades da região

Por Silvio Milani
Publicado em: 22.11.2022 às 06:31 Última atualização: 22.11.2022 às 06:57

Há mais de um ano, a moradora de Taquara Josiana Ritter, 34 anos, contratou serviço de foto e vídeo para a festa de debutante da filha, pagou adiantado e ainda não recebeu o material. "Planejamos e trabalhamos duro para fazer do jeito que ela sonhou, mas ficamos sem o registro desses momentos especiais. É um sentimento de muita frustração e tristeza." Josiana e pelo menos outros 34 clientes, de várias cidades, denunciam uma empresa de Igrejinha por suposto golpe. O dono afirma que não é má-fé. Argumenta dificuldades financeiras e de agenda para honrar os contratos.


Só em Igrejinha, conforme o delegado Gustavo Bermudes da Rocha, são quatro inquéritos de estelionato em andamento contra o fotógrafo Fernando Luís dos Santos, 29. "O suspeito alega que assumiu muitos compromissos e não conseguiu dar conta", declara o delegado. O boletim de ocorrência feito por Josiana ainda não virou inquérito, assim como a maioria dos outros registros, em Novo Hamburgo, Campo Bom, Parobé, Canoas, Tramandaí, Gravataí, Porto Alegre e Nova Santa Rita, entre outras cidades.

"Hoje eu estou lutando para que mais ninguém seja enganado por ele, porque isso mexe com o sentimento das pessoas. Minha filha lembra da festa com tristeza e decepção. Era pra ter sido um dia especial. Chorou muito, pois as amigas pediam os registros e ela não tinha." A taquarense conta que pagou 950 reais pelo serviço, quatro meses antes da festa, realizada em 6 de novembro de 2021.

"Desculpas furadas"

"Achei estranho já no dia do ensaio, ao ter que buscá-lo, porque disse que não tinha como ir. No dia da festa, alegou que tinha outro evento e mandou três pessoas dizendo que eram da equipe dele, mas elas afirmaram que tinham sido contratadas por ele. Elas se recusaram a ficar até o fim, ao contrário do que havíamos acordado. Um mês depois comecei a cobrar o material e até hoje o Fernando só enrola com desculpas furadas. Chegou a pedir indicação de agiota para poder devolver meu dinheiro. Tenho todos os documentos e provas."

"Promoção" exigia pagamento à vista

Enquanto alegava os mais diferentes motivos para não entregar o serviço, o fotógrafo continuava a atrair novos clientes por meio de "promoções" em seu perfil no Facebook. Apesar da exigência de pagamento à vista na assinatura do contrato, famílias de baixa renda foram cativadas pelo preço abaixo do mercado em pacotes audiovisuais de casamentos e festas de debutantes. Era o sonho de uma produção profissional para ficar de lembrança da data especial.

"Pretendia dar de presente para minha afilhada para os seus 15 anos no próximo dia 10 de dezembro. Esse dinheiro é do meu trabalho com artesanato. Estamos preparando a festa da minha sobrinha com muito esforço", relata a moradora de Canoas Carin Lamerão, 43. Segundo ela, recebeu respostas grosseiras do fotógrafo quando o cobrou por ter desmarcado dois ensaios e pediu o dinheiro de volta.

"Paguei 950 reais para garantir a promoção e, quando vi que o serviço não seria prestado, tentei que ele me devolvesse, o que disse que não faria. Então fiz boletim de ocorrência."

Mãe implora por material

Há pelo menos dois anos, conforme testemunhas, o fotógrafo não entrega material contratado e vai protelando datas, como na conversa com uma mãe aflita pelos registros de 15 anos da filha. Após garantir o dia e adiar várias vezes, ele alega dificuldades financeiras.

Apelo das vítimas e desculpas do acusado
Apelo das vítimas e desculpas do acusado Foto: Reprodução


"A gente quer que ele não engane mais ninguém"

A hamburguense Alexandra da Conceição, 45, narra que pagou R$ 1,2 mil à vista, no fim do ano passado, ao firmar contrato para o casamento dela, realizado em maio último. "O que a gente quer é que ele não engane mais ninguém. Divulga o serviço com preço menor e até faz parte do trabalho, mas não entrega nada."

Uma das últimas ocorrências foi feita no dia 7 deste mês pela moradora de Novo Hamburgo Marcia Cristina Matias, 42. Ela pagou 500 reais só pela filmagem da festa de 15 anos da filha, em São Leopoldo, em setembro. "Quando vimos que ele ia nos deixar sem o vídeo, entramos em contato com o profissional que ele enviou e tivemos que pagar mais 500 reais para este outro, que não tinha sido pago pelo Fernando."

Clientes lesados criaram um grupo no WhatsApp, que tem 35 membros, com o nome "vítimas do Fernando". 

Acusado contratou advogado 

O fotógrafo não atendeu ao telefone. Por mensagem, um homem que se diz irmão dele indicou um escritório de advocacia de Igrejinha para o contraponto. "O escritório aguardará ter acesso aos inquéritos para que possa se manifestar", declarou o advogado Hilton Gil, contratado nesta segunda-feira (21) pelo investigado. Também nesta segunda-feira, o fotógrafo recebeu intimação para se explicar a respeito de ocorrências feitas em Novo Hamburgo. A clientes, Fernando informou que está hospitalizado e que as mensagens no celular passariam a ser respondidas por um irmão.

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