Publicidade
Notícias | Região PRODUÇÃO AGRÍCOLA

Entenda o que está por trás da alta no preço da banana

Fruta mais consumida no Brasil teve acréscimo de preço por uma série de fatores, entre eles o clima, para as cultivadas no Rio Grande do Sul

Por Débora Ertel
Publicado em: 29.11.2022 às 03:00 Última atualização: 29.11.2022 às 12:29

Ao longo deste ano, o preço da banana no atacado variou de R$ 4,50 a R$ 6,50, segundo dados da Central de Abastecimento do Rio Grande do Sul (Ceasa). Vendedores locais observam que o preço da fruta teve uma elevação em julho deste ano e desde então não baixou mais. Aos consumidores, o quilo da banana chega a custar R$ 4,99 e R$ 8,90. A fruta mais consumida no Brasil teve acréscimo de preço por uma série de fatores, entre eles o clima, para as cultivadas no Rio Grande do Sul, até a disponibilidade para aquelas que chegam dos estados do Sudeste.

Banana
Banana Foto: Débora Ertel/GES-Especial

Historicamente, o abastecimento gaúcho da fruta era garantido por São Paulo, Santa Catarina e Minas Gerais. Segundo o agrônomo da Emater Luís Bohn, esse quadro começou a mudar entre 2004 e 2010 por conta de uma doença chamada siga-toka negra, que afetou as maiores regiões bananeiras de São Paulo e arredores. "Com isso aumentou muito o custo de produção deles, por causa do controle fitossanitário, e subiu o valor da banana", completa. No Rio Grande do Sul, a doença não causou tantos problemas, como na região Sudeste.

Sendo assim, Bohn diz que isso "segurou" o preço e o custo de produção no Estado.

No entanto, faz três anos que a produção gaúcha está baixa, chegando a acumular perdas de 60%. "Houve uma sequência de tempo ruim para os nossos produtores. Teve um ciclone bomba e no ano passado vários vendavais, que atingiram algumas regiões. Já neste ano, o inverno foi mais prolongado", avalia.

Banana
Banana Foto: Débora Ertel/GES-Especial

Clima desfavorável

As baixas temperaturas atingiram em cheio a produção porque retardaram o metabolismo das bananeiras, uma planta de clima tropical que precisa de calor para dar frutos. Por isso, a produção gaúcha está ainda com baixa oferta. "A produção que vem de fora também tem baixa oferta e oferece um preço mais alto. Por isso estamos com um preço ainda relativamente alto da banana", comenta o agrônomo.

Bohn chama atenção para a situação do norte de Minas Gerais que ampliou sua região produtora e se tornou um fornecedor de destaque para o Estado. A siga-toka fez com que área plantada diminuísse, pois tiveram produtores que desistiram do cultivo.

Então, pontua Bohn, embora os bananais do litoral norte tenham crescido, o clima foi um fator que atrapalhou a colheita, retardando a disponibilidade da fruta ao mercado.


Os municípios com maior área de produção no Rio Grande do Sul são Três Cachoeiras, Morrinhos do Sul e Mampituba. Dos 11,5 mil hectares cultivados, 9 mil hectares estão nestas três cidades. A variedade predominante é a prata, com 85% da área plantada. "Isso ocorre por duas questões. A concorrência com Santa Catarina e São Paulo e nós temos o problema do vento no litoral norte. A banana caturra, apesar de ser de um porte menor, é muito vulnerável ao vento", explica o agrônomo, o que não ocorre com a prata.

Consumidor paga de R$ 4,99 a R$ 8,99 o quilo da fruta

Em Novo Hamburgo, por exemplo, o quilo da variedade prata, a preferida entre os consumidores, chega a oscilar entre R$ 4,99 e R$ 8,90. De acordo com a Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o brasileiro consome em média 25 quilos de banana por ano. O aumento no valor da fruta também reflete no bolso do consumidor, como apontou a pesquisa, uma vez que o consumo se mantém estável.

Em outubro, entre os 13 produtos que compõem a cesta básica, seis tiveram aumento nos preços médios, na comparação com o mês anterior, segundo a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos do Dieese. A banana subiu 8,87% em relação ao período anterior e, no acumulado de 12 meses, registra uma elevação de 32,80%.

Mais caro desde julho

O produtor rural Paulo Reinaldo Stronttmann, 60 anos, compra da Central de Abastecimento de Porto Alegre (Ceasa) a banana que vende na feira. Ele comercializa somente a variedade prata, que hoje é vendida a R$ 5,90 o quilo. "Desde julho está o mesmo preço na Ceasa. Subiu e ficou assim, sem diminuir o preço". Segundo ele, a fruta é uma das preferidas do consumidor e, apesar de ter ficado mais cara, continua sendo vendida.

Já em uma fruteira do bairro Rondônia, em Novo Hamburgo, o valor das variedades caturra e prata é de R$ 4,99. Conforme a gerente Carolina Zanatta, 40, o produto vem de Santa Catarina e, desde que subiu de preço, no mês do julho, tem se mantido neste patamar, sem previsão de queda.

Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), indicam que, apesar da tendência geral de alta, a banana teve baixa nos preços considerando a média de produção. Isso foi favorecido pelo mês de outubro, marcado por demanda regular, com preços quase estáveis na maioria das Ceasas. Somente para a variedade nanica houve elevação de preço, devido à menor produção deste ano.

O gerente técnico da Ceasa, Claiton Colvelo, explica que bananas de classe inferior aumentaram a proporção e acabaram valorizando a banana de primeira qualidade, que está em volume de oferta menor. O abastecimento de bananas da Central é feito por produtores de Santa Catarina (SC), São Paulo (SP), Minhas Gerais (MG), na variedade prata, e também do Rio Grande do Sul, do Litoral Norte. "Quanto aos compradores, estimamos que a Ceasa abasteça cerca de 50% do Estado com um mix completo de hortigranjeiros in natura", informa.

Gostou desta matéria? Compartilhe!
Encontrou erro? Avise a redação.
Publicidade
Matérias relacionadas
Botão de Assistente virtual