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Notícias | Região VIOLÊNCIA

Suspeito afirma que planejou assassinatos de idoso e mulher mortos a marteladas em Gramado

Suspeito foi preso e confessou autoria dos crimes, que aconteceram no bairro Prinstrop, em Gramado

Por Mônica Pereira
Publicado em: 01.12.2022 às 13:48

Em um depoimento sem demonstração de arrependimento, o suspeito de matar mulher e vizinho a marteladas diz que planejou o crime em uma semana. O assassinato foi no bairro Prinstrop, em Gramado. O homem, de 40 anos, confessou ter espancado até a morte Lidiane Jurema dos Santos Pinto Carvalho, 42, e José Noeli Fogassa da Silva, 76.

Homem é preso e confessa ter matado a companheira e um vizinho a marteladas em Gramado
Homem é preso e confessa ter matado a companheira e um vizinho a marteladas em Gramado Foto: Polícia Civil

A comunidade soube do crime brutal no último sábado de novembro (26) após um amigo ter encontrado o corpo do idoso caído na casa onde morava. Ele tinha ido até o local para chamar José, também conhecido como tio Zé, para jogar bocha. Natural de Francisco Beltrão, no Paraná, ele residia no bairro há 20 anos. A suspeita é que a morte tenha ocorrido por volta das 21 horas da sexta (25).

Vizinhos desconfiaram do suspeito e, quando fizeram perguntas, ele tentou fugir. O homem investigado vivia de favor em uma casa próxima, que foi cercada por moradores até a chegada da Brigada Militar, por volta das 14 horas do sábado. O suspeito foi preso, levado à delegacia e interrogado pelo delegado Gustavo Barcellos, que está à frente da investigação. Em depoimento, confessou ser o responsável pela morte do idoso e também revelou que, na terça-feira (22) havia assassinado Lidiane. Conforme o suspeito, o crime foi premeditado após ele ter descoberto um suposto relacionamento entre as vítimas.

José Noeli foi morto a marteladas, no bairro Prinstrop, em Gramado
José Noeli foi morto a marteladas, no bairro Prinstrop, em Gramado Foto: Arquivo Pessoal

"Ele apenas a conhecia"

A versão é negada por familiares. "Ele foi morto de uma forma brutal, covardia sem tamanho. Ao contrário do que todos falam, meu avô não tinha nenhuma relação com essa mulher, ele apenas a conhecia, mas nada mais que isso. Queremos justiça. Ele tava bem, feliz, foi assim para o céu", comenta a neta de José, Jancieli Fogassa. "O vovô não deixou de existir, está em outro lugar agora. Ele é alguém que vamos recorrer sempre quando ficarmos tristes, porque ele era muito feliz e merece nos ver sorrindo de novo", completa, reforçando que o suspeito e o avô não tinham nenhuma desavença.

Lidiane foi morta a marteladas, no bairro Prinstrop, em Gramado
Lidiane foi morta a marteladas, no bairro Prinstrop, em Gramado Foto: Arquivo Pessoal

Desaparecimento

Familiares de Lidiane, que preferem não se identificar, salientam que ela e o suspeito tiveram um relacionamento há cerca de três anos. "Ela tentou se separar, mas ele nunca deixou ela em paz, a perseguia por mensagens", relata uma parente próxima. Ela revela que a vítima falava que estava sendo ameaçada, mas que não citava o nome de ninguém. "A gente ouviu ela dizer uma vez no telefone: 'me deixa em paz, eu não te quero mais. Me deixa viver a minha vida, quero cuidar do meu neto'", comenta um familiar.

Foi por volta das 18h30 da terça a última vez que Lidiane foi vista com vida, no bairro Piratini, onde estava morando. Na quinta-feira, dia 24, um boletim de ocorrência sobre o desaparecimento foi registrado na delegacia. "Ela estava morando em Santa Catarina há um ano com um filho e voltou para Gramado fazia uns 45 dias para o aniversário do neto. Ela queria participar da vida dele e decidiu procurar um emprego. Começou a trabalhar de auxiliar de cozinha", descreve.

Os parentes de Lidiane também reiteram que ela e José Noeli não tinham um relacionamento amoroso. "A Lidiane já morou no bairro Prinstrop e podia até conhecer ele, mas não tinham nada. Pessoas ciumentas veem coisas onde não existem", afirma. "A gente não sabe como ela foi parar na casa dele, provavelmente deve ter ameaçado ela ou alguém da nossa família. Ele está saindo como vítima, mas matou a Lidiane por vingança, porque ela não queria mais ficar com ele", pondera.

Lidiane era natural de Esteio e se mudou para Gramado pela primeira vez aos 14 anos. Ela deixa cinco filhos e um neto. "A Lidiane estava se redimindo dos erros dela, de ter se envolvido com pessoas erradas. Estava mudando desde que virou avó. Ela sempre foi trabalhadora e caprichosa. Uma excelente mãe, uma ótima avó. Estava sempre alegre, tinha o coração bom. Independente de qualquer coisa, foi uma forma muito brutal para ela ter morrido. Queremos justiça", conclui a parente

Perícias

O delegado ainda aguarda os resultados da necropsia nos corpos das vítimas, mas conta que as lesões estavam concentradas no rosto e cabeça, sem ferimentos visíveis no restante do corpo. O martelo entregue pelo suspeito passará por perícia. Apesar de ter sido lavado, Barcellos pondera que alguns pingos de sangue são encontrados no objeto, que serão confrontados com o DNA de Lidiane e José. Vestígios de sangue também foram encontrados no colchão da casa em que o suspeito residia.

Mensagens em celulares teriam motivado as mortes

Conforme o depoimento do suspeito, ele descobriu o relacionamento entre as vítimas cerca de uma semana antes do crime, através de mensagens de celular, foi até a casa de José e quebrou o aparelho do idoso. Desde estão, planejava o assassinato das vítimas. "O celular do idoso ele disse que quebrou e jogou em um mato, que não sabe onde. O celular da Lidiane, a gente está procurando, mas ele também disse que se desfez", afirma Barcellos.

No depoimento, o suspeito demonstrou frieza e disse não estar arrependido do crime. "A única coisa que ele disse é que estava aliviado porque ela poderia ser enterrada pela família", acrescenta o delegado.

"A gente apura todas as possibilidades. Ele tinha envolvimento em outros crimes patrimoniais e o celular do idoso sumiu, a gente não descarta a possibilidade de ser um latrocínio (roubo seguido de morte) em relação a ele, mas trabalhamos com mais ênfase e é uma linha de investigação mais forte pelo que temos até o momento, no sentido do homicídio porque ele matou os dois. Parece que há uma relação mesmo entre os fatos", adianta o delegado.

A Polícia também descobriu que o suspeito pretendia matar uma terceira pessoa e planejava a execução para o final de semana em que foi preso. O homem, já identificado, era conhecido das vítimas e, de acordo com o suspeito, tinha um relacionamento com Lidiane. Todas as relações entre as vítimas são investigadas pela Civil.

Ameaças

Além do suspeito, que está no presídio de Canela, o delegado ouviu algumas pessoas próximas e vizinhos. Os familiares ainda prestarão depoimento.

Barcellos aponta que as investigações iniciaram quando o suspeito foi detido. "Fomos buscar provas dessa autoria em relação à morte do José Noeli. Conseguimos identificar algumas testemunhas, que os relatos vão ao encontro da suspeita, e imagens da sexta à noite mostram ele nas imediações da casa da vítima", pondera o delegado.

Ele destaca que, com as provas do flagrante, o suspeito foi confrontado e assumiu ter matado o idoso. "Revelou que também teria matado a Lidiane e nos disse que tinha ocultado o corpo dela no pátio, que nos mostraria onde e que nos entregaria o martelo que, segundo ele, teria sido usado nos dois homicídios", diz. O corpo da vítima foi encontrado amordaçado, enterrado no pátio da casa, junto a um barranco. Apesar de não ser de difícil acesso, não era visível da rua.

Corpo da mulher foi encontrado em buraco perto de um barranco
Corpo da mulher foi encontrado em buraco perto de um barranco Foto: Polícia Civil

As ameaças contra a mulher também foram confirmadas pelo suspeito. "Ele mesmo disse que tinha a ameaçado, pois ela vinha demonstrando que não queria mais ficar com ele. Toda essa questão da relação deles nós vamos apurar a partir de agora. O que a gente apurou até então é a autoria e a motivação trazida pelo suspeito", ressalta o delegado.

O homem era conhecido das forças policiais da cidade e tinha diversos antecedentes policiais por furtos, inclusive, roubos com grave ameaça, o que indicava a agressividade dele. Ele estava cumprindo pena no regime semiaberto, com o uso de tornozeleira eletrônica.

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