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Após 15 anos, antigo prédio do Fórum de São Leopoldo segue com destino incerto

Espaço afetado para a Polícia Civil em 2019 era pensado para abrigar uma Central de Polícia, que agora deverá ser erguida em novo endereço

Por Renata Strapazzon
Publicado em: 14.12.2022 às 03:00 Última atualização: 14.12.2022 às 07:01

Há 15 anos, o prédio que abrigava o Fórum de São Leopoldo, na Avenida João Corrêa, no Centro, está abandonado, se deteriorando dia após dia com a ação do tempo e de vândalos. Da calçada, o que se consegue enxergar do que restou do edifício de 1.571 metros quadrados distribuídos em dois andares é lixo e destruição.

Estrutura abandonada desde dezembro de 2007
Estrutura abandonada desde dezembro de 2007 Foto: Renata Strapazzon/GES-Especial

Desde que deixou de ser usado como sede do Fórum, em dezembro de 2007, o prédio já passou para, pelo menos, três novos responsáveis. A primeira destinação foi para a Brigada Militar, para a instalação do 25º Batalhão de Polícia Militar (BPM).

Em 2010, porém, foi entregue à Secretaria Estadual de Educação, para ser reformado e utilizado pela 2ª Coordenadoria Regional de Educação (2ª CRE) e pelas escolas do entorno. Em novembro de 2019, segundo o Estado, foi afetado para a Polícia Civil com a intenção de abrigar uma Central de Polícia.

No entanto, o projeto, que até o ano passado parecia que finalmente daria uma nova utilidade para o prédio retrocedeu, uma vez que o espaço foi considerado pequeno para as necessidades de uma central. “Houve uma visita de um técnico da Divisão de Serviços Gerais da Polícia Civil no local em 4 de janeiro de 2019. Conforme referido na manifestação técnica, foi constatado o alto desgaste e abandono do prédio. A instalação foi construída em 1980, com estrutura de dois pavimentos em péssimo estado de conservação, apresentando desgastes na pintura, quedas de reboco e infiltrações generalizadas. Ele avaliou que o prédio estava muito deteriorado e que a recuperação para a instalação de três órgãos policiais (3ªDPRM, 1ªDP e DPPA), custaria, à época da avaliação, em torno de R$4 milhões. Outro aspecto importante seria o fato de o prédio não dispor de estacionamento para as viaturas”, comenta o diretor da 3ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana (3ª DPRM), o delegado Eduardo Hartz.

Sete delegacias 

Outro fator que, segundo o delegado, tornaria o prédio do antigo fórum pequeno para as aspirações da Polícia Civil na cidade, é que hoje São Leopoldo conta com sete delegacias (3ª DPRM, Deam, Draco, DPPA, 1ªDP, 2ªDP e DPHPP).

“Na época (da avaliação do espaço) não contávamos ainda com a Draco nem com a Deam, que foram instaladas em dezembro de 2019 no Município. Em janeiro deste ano, após análises dessas questões postas, me manifestei pelo estudo e viabilização da construção de uma central no terreno onde estão instaladas a Draco, a 1ªDP e a DPPA”, esclarece Hartz. O terreno onde estão estas três delegacias mencionadas fica na Avenida Theodomiro Porto da Fonseca, no Centro.

“Uma central de polícia para apenas três órgãos policiais não resolveria a questão. Na época foi referido pelo técnico que uma central a ser construída no local onde hoje estão instaladas Draco, DPPA e 1ªDP, em prédios e terreno do Estado, custaria em torno de R$9 milhões”, explica o diretor. “O terreno do Estado tem espaço suficiente para uma central de polícia que pudesse abranger ao menos as delegacias com atribuição em mais de uma área geográfica do Município (Draco, 1ª DP, DPPA, 3ª DPRM, DPHPP e Deam). Teria também espaço adequado para estacionamento. Por isso, esta direção regional se manifestou, em janeiro deste ano, no sentido de que o ideal seria a construção de um prédio que contemplasse as necessidades de uma central de polícia no terreno onde estão instaladas hoje a Draco, a DPPA e a 1ª DP. Há uma solicitação de projeto e orçamento nesse sentido”, enfatiza Hartz.

Andamento do projeto 

De acordo com a arquiteta Patrícia Botelho Silva dos Reis, que trabalha na assessoria de engenharia da Divisão de Serviços Gerais da Polícia Civil, o projeto para da construção da central de polícia no endereço referido pelo diretor da regional, está na fase de concepção de partido arquitetônico e elaboração de layout. Já em relação à destinação do prédio do antigo fórum, se há algum outro projeto previsto pelo local, a reportagem do Jornal VS não conseguiu respostas da Polícia Civil.

Apae precisou reforçar segurança para barrar furtos

Prédio está abandonado desde 2007
Prédio está abandonado desde 2007 Foto: Renata Strapazzon/GES-Especial
Abandonado, o prédio acaba se tornando esconderijo e abrigo para usuários de drogas e pessoas em situação de rua. Vizinha do local, a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) até o ano passado, sofria com furtos e arrombamentos cometidos pelos “inquilinos do antigo fórum”.

Só em outubro de 2021, num intervalo de menos de 15 dias, foram três arrombamentos na entidade, com prejuízo de mais de R$ 10 mil. Os criminosos acessavam o prédio da Apae pelos fundos, pulando o muro que faz divisa com o antigo fórum. Segundo a diretora da Apae leopoldense, Ana Lúcia Eggers, foi necessário investimento pesado da entidade para que os furtos cessassem.

“Depois dos três arrombamentos e consequentemente furtos e danos nas dependências da Apae, através de projetos e auxílio da comunidade, conseguimos, além da cerca elétrica e câmeras, cercar o prédio com concertina. Também realizamos a instalação de câmeras de alta potência. Fez-se necessário ainda a contratação de empresa de vigilância e monitoramento. Frente as medidas adotadas não tivemos até o momento, novas intercorrências”, pontua Ana.

Tristeza e desperdício

Segundo corretores de imóveis, em bom estado, o prédio do antigo fórum poderia ser alugado, para uso comercial, por valores que variam em torno de R$70 a R$100 mil por mês. Morador do Centro, o aposentado Miguel Soares Ayres, 78 anos, costuma passar diariamente em frente ao prédio durante suas caminhadas e se diz “entristecido” ao ver o estado do local.

“Lembro bem como era tudo aqui quando a sede do Fórum ficava neste endereço. É um desperdício um espaço com esta importância e esta localização estar se acabando deste jeito enquanto poderia ser aproveitado por uma escola ou uma entidade que luta para ter uma sede com esse potencial”, opina.  

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