Na véspera de Natal, morador de Novo Hamburgo vira Papai Noel e distribui presentes

Nem o calor de 35°C deste sábado (24) foi capaz de abalar a determinação de quem quis levar alegria para a criançada na véspera do Natal. Vestido de Papai Noel, Adriano Marcos Farias, 50, o Pai Adriano de Ogum, saiu pelas ruas de cinco bairros de Novo Hamburgo distribuindo doces e brinquedos, e proporcionando sorrisos. Em uma época em que muitos não têm o privilégio de ter mesas fartas e presentes exuberantes, ações como essa tornam a data mais especial.

A distribuição de presentes pelo morador de Novo Hamburgo já virou tradição. Faz 36 anos que o Pai Adriano assume a identidade de Papai Noel no dia 24 de dezembro. Nesta tarde, ele percorreu os bairros São Jorge, São José, Canudos, Rondônia e Santo Afonso, entregando cinco mil pacotes de doces e 500 brinquedos.

O "bom velhinho" contou com a ajuda de doadores, mas, segundo ele, grande parte dos mimos foi comprada com a própria renda. "Acho que 95% dos brinquedos fui eu que comprei e tivemos algumas doações de bala e pirulito. É pobre que ajuda o pobre", declara.

A iniciativa de virar Papai Noel surgiu quando ele tinha 14 anos, depois de sofrer com o luto da perda da mãe. "A minha motivação foi a morte da minha mãe. Minha mãe foi assassinada, eu não tinha pai e não tinha irmãos, mas tinha uma avó maravilhosa", conta.

'Ele faz a alegria das crianças'

No bairro São Jorge, a pequena Isabeli da Silva Rodrigues, de 1 ano e 9 meses, ouviu de longe o sino que Pai Adriano tocou, anunciando sua chegada. Sorrindo e seguindo o Papai Noel com olhos, ela foi a primeira a receber o presente. "É muito legal ele vir aqui, alegrar a tarde das crianças no Natal", comenta a mãe da menina, Vanessa Rafaela da Silva Ferreira, 20.

O trajeto entre os bairros foi feito a pé, entre abraços e olhares encantados. Na rua Guaíba, também no bairro São Jorge, Rodrigo da Silva Carrion, 33, levou os três filhos, Arthur Carrion, 7, Henrique Carrion, 4, e Enzo Carrion, 2, para abraçar Pai Adriano e receber guloseimas e brinquedos. "Moro aqui há 13 anos e todos os anos ele vem. Ele faz a alegria das crianças."

Motivação para continuar

Esta seria a última ação do pai de santo, que, além de se transformar em Papai Noel, veste-se de algum personagem durante a Páscoa e no Dia das Crianças. No entanto, a alegria estampada no rosto das crianças e, especialmente, um depoimento tocante motivaram-no a continuar.

"Uma menina, no bairro São José, me disse que, quando eu vou na vila, o pacote de bala e o brinquedo que eu levo são as únicas coisas que eles têm de presente. Eu chorei e desisti de parar. Eu não vou parar, nem que eu tenha que vir aqui de cadeiras de rodas", relata o "bom velhinho".