Peça teatral de grupo formado por mulheres de Bom Princípio estreia no Centro de Cultura

Muita gente não consegue lembrar quando foi a última vez que fez algo pela primeira vez, mas para as oito integrantes do grupo de teatro Maturidade em Ação, essa recordação está fresca na memória. Foi no último dia 11 de março, quando estrearam no palco como atrizes.

O grupo de mulheres encenou a peça "Quando a Velhice Chegar", no Centro de Cultura e Eventos de Bom Princípio. "Subir no palco foi a experiência mais linda, o dia mais feliz da minha vida. Quando todo mundo aplaudiu foi mágico, as palmas entraram no coração da gente. Era algo que nunca imaginei viver", declara a atriz Florentina Finger, 83 anos, conhecida como Flora.

O grupo, mantido pela Secretaria de Saúde e Assistência Social de Bom Princípio, iniciou as atividades em março do ano passado com três integrantes, além de Florentina, Alma Klering, 81, e Marta Maria Reichert, 82. Este ano Anísia Maria Schneider, 62, também ingressou no grupo.

"Iniciamos o projeto para promover saúde e bem-estar. A cada aula eu me surpreendo, porque sempre tenho uma surpresa nova. Busco trabalhar alguns elementos, como a espontaneidade e sinceridade e, para isso, nossa criança interior precisa ser resgatada, e isso está vivo em cada uma delas", afirma o professor de teatro André Assmann.

A estreia seria com participação especial em uma peça chamada 'Noviço', que ocorrerá em maio. Mas depois do terceiro ensaio de "Quando a velhice chegar", veio o convite para se apresentar nas comemorações do Dia da Mulher. A peça tem a "Velhice" como uma personagem. Ela chega na casa de amigas aposentadas para dizer que não se deve sair, dançar, trabalhar e namorar na terceira idade. De uma forma divertida, as atrizes mostram o contrário. Os ensaios ocorrem todas as quintas-feiras na Casa de Cultura e Eventos de Bom Princípio, a partir das 14 horas, e é aberto para homens e mulheres acima dos 50 anos.

Experiência

Assim como Flora, a maioria das atrizes nunca havia tido experiência com teatro, e as que tiveram agora resgatam talentos. "Quando era criança fazia teatro na escola, mas não nesta proporção. A estreia foi maravilhosa, quero continuar até quando eu puder", declara Marta. Já Anisia conta que entrou para o grupo de teatro no dia do ensaio geral e já foi convidada a subir no palco na estreia. "Deu um frio na barriga, mesmo meu papel não tendo fala, mas adorei", conta ela, que há pouco tempo parou de trabalhar e resolveu integrar o grupo para trabalhar as emoções. "Não posso ficar parada", acrescenta.

Assmann reforça que as aulas de teatro não são apenas para levar a plateia aos aplausos e sim para resgatar essências, sentimentos esquecidos, trazer a felicidade, a amizade e a diversão.

Incentivo para novas experiências 

A vivência com as artes cênicas também incentiva novas experiências. "Eu já passei por muitas tristezas. Tenho três filhos falecidos e moro sozinha. Por isso, vir para o teatro foi um apoio para sobreviver", confessa Alma. Flora conta que só conhecia o trabalho na roça, mas a experiência com atuação fez surgir a vontade de aprender novas habilidades. "Eu vi que sou capaz e, agora, comprei um celular e vou aprender a usá-lo".