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Conheça a jovem sapucaiense que é exemplo no programa TEAcolhe e emocionou o governador

Eduarda Guerin Gomes, 17 anos, participa há dois anos da iniciativa e apresenta suas vivências como autista em diversos eventos

Publicado em: 28.04.2023 às 09:11 Última atualização: 28.04.2023 às 12:39

A Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul instalou ontem a Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos das Pessoas com Transtorno do Espectro Autista, com proposição da deputada estadual Eliana Bayer. O evento ocorreu no Salão Júlio de Castilhos e contou com a participação de um jovem sapucaiense, que recentemente emocionou o governador Eduardo Leite em outra atividade da temática: o TEAcolhe.

Eduarda Guerin Gomes, 17 anos, é autista nível 2, e participa do TEAcolhe da região 8, na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Sapucaia do Sul, há dois anos. Na semana passada, ela contou sua experiência durante o evento de anúncio da criação de 30 novos Centros de Atendimento em Saúde especializados em casos de Transtorno do Espectro Autista (TEA), realizado pelo governo do Estado. Na oportunidade, seu relato e agradecimento a Leite o emocionaram.

Duda, como é chamada, conta que foi convidada a dar o seu depoimento no ato após pedir para entregar um quadro que pintou para o governador. “Quando fui falar das vivências, eu percebi que ele ficou emocionado mas eu já tinha ficado emocionada antes mesmo, com um músico autista que tocou no violão uma música muito linda lá”.

Para ela, a iniciativa do governo foi de suma importância para ajudar os pais a entenderem os filhos com TEA e proporcionou um lugar especializado para esses jovens. Ela também reforçou o agradecimento pela instalação do TEAcolhe e destacou que o programa foi feito para autistas e pessoas com deficiências múltiplas, como forma de intervenção precoce nas crianças, a fim de ajudar nos sinais e qualidade de vida. “Autismo é um jeito diferente de sentir as coisas ao nosso redor”, ressaltou a jovem.

Junto do discurso, Duda entregou um presente ao governador: uma tela feita por ela, com auxílio da professora de arte Kelly Amaral. “Usei tinta acrílico, técnicas de aquarela e realismo”, contou.

Causa emociona

Eduardo Leite se emocionou ao ouvir o relato de Duda e lembrou do seu primeiro contato com a pauta. “É uma causa que me emociona e me toca. Desde que fui vereador em Pelotas, acompanho esse tema de forma mais dedicada. Conheci um grupo de mães que buscavam suporte para os filhos que precisavam de atenção", disse.

"É algo que mexe com famílias inteiras, para além das pessoas com TEA. Com os centros de atendimento, conseguimos dar mais um passo nessa política pública, que vai impactar na qualidade de vida e no desenvolvimento de habilidades de todas as pessoas que passarem por eles”, constatou.

“Importante demais para o desenvolvimento”

Eduarda Gomes entregou quadro feito por ela ao governador Eduardo Leite
Eduarda Gomes entregou quadro feito por ela ao governador Eduardo Leite Foto: Divulgação
Mãe de Duda, Rose Guerin acompanha a filha nas terapias que realiza. Ela comenta o quanto o programa do governo estadual auxiliou no tratamento da jovem. “Pois, através dos profissionais do TEAcolhe, descobrimos a ansiedade generalizada e a depressão junto com o TEA nível 2. Então, ela tem mais estes CIDs (Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde) além do TEA nível 2”, enfatiza.

“Isso foi importante demais para o desenvolvimento da Duda e das habilidades adquiridas neste tempo de matriciamento. Hoje a conhecemos como autista, sabemos de suas limitações, as terapias necessárias, a parte medicamentosa, que foi trocada até se adequar”, completou.

Autismo deve ser compreendido

Além de atendida no TEAcolhe Sapucaia do Sul, Duda atua no TEAcolhe Novo Hamburgo, que fica junto ao Centro Regional de Referência em Transtorno do Espectro Autista, no bairro Rondônia. Ontem à tarde, após a cerimônia na Assembleia, a jovem e sua mãe também apresentaram painel no Seminário TEAColhe, na Universidade Feevale, em Novo Hamburgo.

Num futuro próximo, após concluir os estudos na Escola Estadual Vila Prado – da qual ela cita com muito orgulho –, de Sapucaia do Sul, a jovem pretende cursar Medicina e ajudar a desenvolver novas funcionalidades para tratar o TEA. “Eu entendo que o autismo não deve ser mudado, ele tem que ser compreendido”.

Novo livro será lançado em maio

Hoje, Eduarda e Rose ministram palestras em várias cidades, participam de eventos e têm projetos na área do TEA. Além disso, a jovem já tem quatro livros publicados e já prepara o lançamento da quinta obra, feita em conjunto com sua mãe, Rose. “Será sobre as vivências da minha mãe, como foi o diagnóstico, tudo que ela passou, as pessoas que ela conviveu”, disse Duda, que faz todas as ilustrações de seus livros.

“Levamos eles para as escolas e cada livrinho tem um fantoche, para ensinar as crianças a respeitar”, acrescentou Rose. “Esse novo livro não é infantil, é para médicos, professores, educadores, para todos poderem entender a como poder ajudar na escola, em casa”, complementou.

A nova obra, de nome “Lutando como rainha”, tem lançamento previsto para maio.

Eduarda com um dos seus livros já lançados
Eduarda com um dos seus livros já lançados Foto: Arquivo pessoal

Sobre o TEAcolhe

O TEAcolhe promove o atendimento integrado das necessidades específicas de pessoas com autismo. Além de dar apoio às famílias, busca criar condições para o desenvolvimento pessoal, a inclusão social e a cidadania. O programa oferece serviços qualificados para o atendimento integral à pessoa com autismo, considerando todos os contextos que compõem a sua vida: social, familiar, econômico, sociodemográfico, de saúde, cultural, educacional, religioso, entre outros.

Os Centros Macrorregionais de Referência em TEA - 7 no Rio Grande do Sul, no total - receberam R$ 200 mil para implantação e contam com um incentivo mensal de R$ 50 mil para custeio. Eles oferecem suporte assistencial e técnico-pedagógico às equipes dos municípios da macrorregião de saúde, por meio do matriciamento nas áreas de saúde, educação e assistência social. Já os Centros Regionais de Referência em TEA - que somam 28 - recebem R$ 30 mil mensais para custeio e têm o objetivo de atender os casos graves da respectiva região de saúde, além de auxiliar no trabalho matriciador e de qualificação das redes locais.

 

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