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São Leopoldo prepara diagnóstico de prejuízos sofridos com o ciclone

Levantamento deve ser feito para cadastro da cidade em ações de ajuda dos governos estadual e federal

Publicado em: 19.06.2023 às 13:49 Última atualização: 19.06.2023 às 13:50

Até o final desta semana, São Leopoldo deverá ter contabilizado todos os prejuízos causados pelo ciclone que atingiu o Estado entre quinta e sexta-feira passadas. A cidade, uma das mais afetadas, registrou duas mortes, dezenas de desabrigados e, pelo menos, cinco mil famílias atingidas. Por conta dos danos causados, na manhã de sexta-feira o prefeito Ary Vanazzi, decretou situação de calamidade pública no Município.

No sábado (17), Vanazzi recebeu comitiva formada pelo governador Eduardo Leite e por ministros do governo Federal
No sábado (17), Vanazzi recebeu comitiva formada pelo governador Eduardo Leite e por ministros do governo Federal Foto: Thales Ferreira/PMSL

No sábado, a cidade recebeu a visita de uma uma comitiva formada pelo governador Eduardo Leite, pelo ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes, e pelo ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta.


Conforme Vanazzi, ainda não há estimativa do total em prejuízos causados pelas chuvas. A expectativa do prefeito é de que um diagnóstico completo seja divulgado nos próximos dias. Segundo ele, o levantamento deve ser feito para cadastro da cidade em ações de ajuda dos governos estadual e federal.

“Hoje pela manhã já tivemos reuniões com as equipes para apresentar para a Defesa Civil as demandas do prejuízo que estamos tendo tanto na questão da infraestrutura urbana, quanto das pessoas que perderam móveis”, comenta Vanazzi.

Segundo ele, apesar da visita da comitiva no fim de semana, o Município ainda não tem confirmação de como será a ajuda que receberá tanto do Estado como da União.

“O Governo Federal sinalizou que pode liberar, talvez, parte do FGTS, podem agregar junto a algum cartão do Bolsa Família recursos para famílias mais necessitadas recuperarem seus móveis, suas perdas. Já o Estado se prontificou a algo a partir do cartão Devolve ICMS e de programas que têm apoio às famílias. Mas isso não depende da Prefeitura, depende, sim, de legislação, decisão e encaminhamento para as cidades dessas questões. Para ajudar as pessoas, dependemos muito agora do governo do Estado e Federal”, conta.

Conforme o prefeito, a partir do balanço dos estragos e prejuízos, a Prefeitura construirá um cronograma de recuperação da cidade. “Na área da estrutura os estragos são muito grandes. Tivemos muitos problemas de deslizamentos, rupturas de rede e ainda estamos calculando. Nossa ideia é que no final de semana se faça um balanço e se aponte os prejuízos com infraestrutura para, a partir disso, construir um cronograma de recuperação”, explica.

“Do ponto de vista dos prejuízos das famílias é muito maior. Tivemos 5 mil famílias atingidas diretamente de uma forma ou de outra e cerca de 1,8 mil famílias que perderam tudo porque moram em áreas de risco. Um custo incalculável”, lamenta.

 

Recuperação de ponto sobre o Arroio Kruze

De acordo com Vanazzi, uma das situações mais dramáticas é a do trecho da Rua Felipe Uebel, no bairro Santo André, onde parte do asfalto cedeu na madrugada de sexta-feira, causando a morte do jovem Thiago Hendres de Oliveira, 23. O carro em que Thiago estava caiu no buraco e foi levado pela forte correnteza do Arroio Kruze.

Jovem de 23 anos foi levado pela correnteza
Jovem de 23 anos foi levado pela correnteza Foto: Débora Ertel/GES-Especial

O irmão do jovem, que também estava no veículo, foi resgatado com vida pela Brigada Militar. O corpo de Thiago foi encontrado horas depois, na altura da Avenida Feitoria, no bairro São José. Segundo o prefeito, já foi solicitado o levantamento e o projeto de recuperação e restauração da travessia. A origem dos recursos para a obra, no entanto, também está sendo avaliada.

“Até o fim de semana teremos uma noção geral do que fazer. Minha tese é colocar ali duas grandes galerias. Pretendo em 60, no máximo 90 dias, resolver essa questão do Kruze”, frisa.

Situação atípica

Conforme Vanazzi, o que aconteceu em São Leopoldo durante a passagem do ciclone foi uma situação extraordinária diante da grande quantidade de chuva que caiu sobre a cidade em poucas horas. Segundo a Defesa Civil, foram 246 milímetros em 18 horas, uma situação nunca antes registrada e que causou colapso no sistema de drenagem, que não suportou todo o volume de chuva.

Centenas de famílias precisaram deixar suas casas na cidade
Centenas de famílias precisaram deixar suas casas na cidade Foto: Thales Ferreira/Prefeitura de são leopoldo

“São Leopoldo é uma cidade cortada por um rio, que é protegido por 15 quilômetros de dique e que tem 10 arroios. Um município que sempre terá riscos de alagamento. Numa situação normal de chuva, de 60/70 milímetros por dia, nossa cidade não tem nenhum problema. Outras cidades com este volume de chuva já estariam debaixo d'água. Investimos R$200 milhões em infraestrutura urbana, em galerias para que na normalidade não tivéssemos mais problemas”, esclarece.

Vanazzi destaca ainda que a situação poderia ser pior caso ainda houvesse famílias residindo às margens de arroios como Kruze, Cerquinha e da Avenida João Becker. “Se não tivéssemos retirado 10 mil famílias dos arroios, com estes 246 milímetros não sei quantas pessoas teriam perdido a vida. Nós estamos trabalhando intensamente há muitos anos para poder mitigar, diminuir, os impactos desses casos esporádicos de eventos climáticos”, analisa.

Estrutura

Para o prefeito, São Leopoldo foi uma das cidades mais atingidas no Estado devido a sua estrutura. “Na década de 80 vários prefeitos aprovaram loteamentos e construções de casas dentro do leito do rio. Feitoria, Madezatti e São Geraldo são loteamentos aprovados dentro do leito do rio por prefeitos municipais . Nós evitamos, depois de 2005 pra cá, a aprovação de mil lotes no São Geraldo. Estes problemas ocorrem por decisão política e irresponsabilidade de 40 anos atrás”, avalia.

Trabalho incansável e solidariedade

Na avaliação do trabalho incansável dos últimos dias, Vanazzi destacou a solidariedade da população leopoldense e a força-tarefa que se formou para ajudar às famílias atingidas “Desde quinta-feira mais de 300 pessoas estão na rua entre soldados do Exército, efetivos da Brigada Militar, Polícia Civil, Guarda Municipal e todo o governo mobilizado para ajudar. Temos tido uma solidariedade extraordinária porque a cidade está acostumada com este tipo de evento, o que mostra nosso cuidado e preparo em atender muito bem a população”.

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