Entenda o que está por trás do aumento no preço do ovo
Fatores externos e necessidade de valorização do produto para torná-lo mais rentável ao produtor explicam os valores praticados nos mercados
Entre os fatores que refletiram na inflação do ovo está o preço do grão - principal insumo da ração, o crescente consumo da proteína - principalmente durante a pandemia de coronavírus, a crise na Europa - por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia, e, por último, a Influenza aviária na Europa e nos Estados Unidos - que fomentou as exportações brasileiras.
Para o consumidor, esse cenário resultou em menor oferta do produto e mais caro.
No lado dos produtores, essa sucessão de acontecimentos em nível global exigiu medidas locais de contenção como forma de valorizar os negócios no setor avícola. Presidente-executivo da Organização Avícola RS (Asgav/Sipargs), José Eduardo Santos explica que os avicultores tomaram a decisão de ajustar a produção para reter uma crise no setor.
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Esse valor em alta nos últimos anos teve sinalização de queda somente em maio deste ano. Porém uma redução que ainda não impacta no preço final dos ovos.
Com milho custando entre 90 a 110 reais a saca até o ano passado (antes custava em torno de 60 reais), o custo de produção nos aviários ficou elevado. Sendo assim, avicultores optaram por reduzir matrizes.
Consequentemente, a oferta de produtos avícolas, como ovos, foi reduzida. E o preço começou a subir. "No final do ano passado, para evitar de paralisar em muitas atividades, alguns acharam por bem, por iniciativa própria, reduzir a produção. Aí nós tivemos uma pequena redução de produção de ovos no final de 2022", afirma Santos, ao dizer, também, que os produtores trabalhavam com uma margem apertada de lucro.
Guerra e Influenza
O conflito entre Rússia e Ucrânia e a eclosão da Influenza aviária em países da Europa e nos Estados Unidos ampliaram mercado para exportação brasileira. O Rio Grande do Sul é o segundo Estado brasileiro que mais exporta produtos avícolas. No cenário mundial, o Brasil é o quinto país no ranking de exportações. No ano passado, foram exportadas 2.600 toneladas e produzidos 3,9 bilhões de ovos.
A abertura do mercado externo fez canalizar o produtos para fora do País, mantendo por mais tempo a redução de oferta e alta nos preços no mercado interno. "Nós não temos falta, o que tivemos foi um ajuste na oferta. E estamos sendo demandados na exportação. Automaticamente a lei da oferta e da procura afeta o preço final", aponta presidente-executivo da Asgav.
Custo no bolso
Na venda ao consumidor, a dúzia de ovos pode variar de R$ 10 a R$ 25,80 (considerando valores cadastrados no app Menor Preço da Nota Fiscal Gaúcha). Esses valores variam de acordo com o tipo de produto, como por exemplo, para ovos orgânicos ou caipiras.
Consumo de ovo cresceu nos últimos anos
Os surtos de gripe aviária na Europa e EUA não afetaram negativamente o consumo de ovos. Pelo contrário. No Brasil, o item passou a ser incorporado cada vez mais na cesta básica. Dados da Associação Brasileira de Proteína Animal mostram que o consumo de ovos per capita atingiu o maior valor em 2021 (ainda durante a pandemia). Segundo cálculo da ABPA, ao longo de 2021, os brasileiros consumiram 257 ovos. Em 2022, foram 241 ovos per capita. O levantamento mostra que o consumo saiu da casa dos cem para 200 em 2018 e se manteve crescente até o ápice, em 2021.