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Notícias | Região ESPORTE

Nome de santo e gol do título brasileiro de futebol de cegos

Na posição de ala ofensivo/pivô, Raimundo Nonato, 36, é destaque na Agafuc e na seleção brasileira

Publicado em: 19.09.2023 às 09:59 Última atualização: 19.09.2023 às 10:51

O jogador Raimundo Nonato, 36 anos, da Agafuc (Associação Gaúcha de Futsal para Cegos) e da Seleção Brasileira de Futebol de Cegos, comemora mais uma conquista no esporte. No último fim de semana, o ala ofensivo/pivô com nome de santo da igreja católica foi responsável pelo gol do hexacampeonato da equipe canoense no campeonato brasileiro.

Jogador comemora conquistas no esporte
Jogador comemora conquistas no esporte Foto: Taba Benedicto/CBDV

Natural de Orocó-PE, o camisa 11 da Agafuc, em conjunto com o clube, dedica o título para o ex-presidente da associação, Pedro Antônio Beber, falecido em setembro de 2022. "A conquista veio como uma forma de homenagem para o Beber, que foi essencial para o que a associação é hoje. Ele foi um dos fundadores. Voltar a ganhar o Brasileiro foi emocionante", conta.

A rotina é intensa. O pernambucano concilia os treinos e viagens com a Agafuc e a seleção brasileira. Nonato está há seis anos na equipe canoense e há 12 anos veste a camisa verde e amarela. "O principal desafio é a saudade da família. Me divido entre os treinamentos em Canoas [com a Agafuc], em São Paulo [com a seleção brasileira] e a família em Orocó-PE. Costumo ficar uma semana em cada lugar", salienta.

Na seleção brasileira, Nonato joga com a camisa número oito. Ele revela que o ex-jogador de futebol Dunga foi o motivo da escolha. "Ouvia a narração do estilo de jogo dele, como jogava com raça e garra, isso me inspirou a querer ser igual. Quando cheguei na Agafuc, o número oito já tinha dono, então fiquei com o número 11. Não tenho superstição quanto a isso, sou feliz com qualquer número", explica o jogador.

Condição médica

Nonato nasceu com retinose pigmentar (doença ocular rara, hereditária e degenerativa). Até os 12 anos, o jogador percebia apenas vultos. "Depois perdi totalmente qualquer possibilidade de enxergar", relata.

Na infância, Nonato jogava bola com os amigos de forma convencional, ou seja, não adaptada para cegos. "Não era algo profissional, era o que tinha. Sempre gostei de futebol. Percebi que mesmo com as dificuldades e limitações, eu conseguia acompanhar eles", relembra.

O ala ofensivo/pivô começou a jogar de forma profissional aos 23 anos. "Um amigo me indicou para conhecer o esporte para cegos. Joguei três temporadas pela Associação de Deficientes Visuais de Petrolina."

Convocações, conquistas e próximos desafios

No segundo ano como jogador de alto rendimento, Nonato foi convocado para a seleção brasileira. "Desde 2011 as convocações não pararam. É uma felicidade representar o País", salienta.

Em 2017, Nonato recebeu o convite para jogar em Canoas pela Agafuc. "Tenho meus companheiros de seleção Ricardinho e Luan na equipe. Tenho uma boa comunicação com todos. Pretendo continuar contribuindo para mais títulos", destaca.

Neste ano, o pernambucano conquistou, ao lado dos companheiros de clube, o hexacampeonato no Campeonato Brasileiro de Futebol de Cegos (série A) e o tetracampeonato no Torneio Regional Sul-Sudeste de Futebol de Cegos. Pela seleção brasileira, conquistou o bicampeonato no Grand Prix Internacional e a medalha de bronze na Copa do Mundo de Futebol de Cegos.

"Pela seleção, o foco são os Jogos Olímpicos de Paris 2024. Espero voltar com a taça e medalha de ouro para o nosso País. E continuar ganhando campeonatos pela
Agafuc. O trabalho segue firme. No momento, não tenho planos de aposentadoria. Ainda espero fazer muitos gols", finaliza.

Taís Forgearini

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Taís Forgearini

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