Saiba o que são semicondutores e como o seu incentivo pode impulsionar o ambiente de inovação na região
Expertise na formação de mão de obra e no desenvolvimento de novos produtos criam contexto positivo
Nesta semana, o governador Eduardo Leite lançou o Programa Semicondutores RS, iniciativa que deve receber investimentos de R$ 70 milhões até 2026. O anúncio é comemorado na região, que têm expertise na formação de mão de obra especializada e no desenvolvimento de novos produtos, por meio das incubadoras, parques e centros de tecnologia e inovação.
Embora não se veja, os semicondutores estão presentes no dia a dia de praticamente toda a população. Essas pequenas unidades de processamento são utilizadas na fabricação de diferentes aparelhos eletrônicos, como smartphones, notebooks, aparelhos de TV, além de cartões de crédito e até carros.
Dados da Secretária Estadual de Inovação, Ciência e Tecnologia apontam que o Rio Grande do Sul é um dos líderes em inovação do Brasil, com o 1º lugar em registro de patentes e em número de empreendimentos inovadores. O Estado tem 27 polos de inovação tecnológica, 18 parques tecnológicos, 44 incubadoras tecnológicas e, em 2022, apresentou um crescimento de 73% no número de startups em relação ao período anterior.
Hub de inovação da região tem investimento de R$ 2,5 milhões e mais de 20 empresas interessadas
Já em Canoas, tem a Rede Ulbratech, com parque tecnológico e incubadora, e o Parque Canoas de Inovação Jaime Lerner. A região ainda conta com outras iniciativas voltadas à inovação e tecnologia como o TecnoUCS, em São Sebastião do Caí, Paranhana Tec (Taquara) e projetos em implementação.
Qualificação de mão de obra
A Rede Ulbratech atua com o parque tecnológico e incubadora de empresas, com apoio de empresas na infraestrutura. Segundo a coordenadora do curso de Engenharia Elétrica, Miriam Caceres, a instituição pretende aproveitar o edital voltado à qualificação de mão de obra para ofertar formação especializada. Além disso, a instituição estará aberta para recebimento de proposta para a instalação de empresas nas unidades da Ulbra.
Desenvolver talentos
Para o diretor da Unitec e gestor executivo do Tecnosinos, Silvio Bitencourt da Silva, o Estado está se posicionando como um player para atração de empresas. "Esse movimento vai nos habilitar para desenvolver uma série de novas tecnologias. É uma possibilidade de desenvolver talentos", avalia. Segundo Silva, o programa vai funcionar como um trampolim para o Vale dos Sinos, que já está preparado para alavancar mais empreendedores neste setor por conta da expertise que reúne, em razão das universidades, empresas e centros tecnológicos.
Silva lembra que o governo federal decidiu retomar a prorrogação do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores (Padis) até o fim do ano de 2026 e o setor pressiona para que uma medida provisória estenda o prazo novamente. O Tecnosinos abriga 141 empresas, com geração de 6 mil empregos diretos, incluindo a HT Micron, que se destaca na produção de semicondutores no Brasil.
O que o programa prevê
O programa prevê uma série de medidas para o desenvolvimento da cadeia de semicondutores no território gaúcho, com incentivos fiscais e investimentos. As ações têm o objetivo de desenvolver a competitividade do setor no Estado a partir da criação de um fórum consultivo permanente (formado por governo, indústria e universidades). Também pretende atrair novos investimentos, capacitar mão de obra qualificada e promover pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias e soluções.
"O presente é promissor", analisa reitor da Feevale
O reitor da Universidade Feevale, Cleber Prodanov, tem acompanhado a prospecção de recursos para o setor. Além de ter integrado o conselho do Centro Nacional de Tecnologia Eletrônica Avançada (Ceitec), ele foi secretário da Ciência, Inovação e Desenvolvimento Tecnológico do Estado. Nesta época foi iniciado o debate para fomento da cadeia de semicondutores.
"O presente é promissor", aposta Prodanov. De acordo com ele, o Rio Grande do Sul já ocupou um lugar de destaque no Brasil no setor quando foi criado o Ceitec, empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações(MCTI). A empresa, que teve seu processo de liquidação prorrogado por mais três meses em agosto, foi criada em Porto Alegre para projetar, fabricar e comercializar circuitos integrados de semicondutores para diferentes aplicações. Segundo Prodanov, existe a expectativa de que o governo federal restabeleça essa unidade, importante elo entre pesquisa e produção.
Instalada no Techpark desde 2018, a Shirou Eletronics é uma empresa de desenvolvimento (projetos) e fabricação (produção) de produtos de tecnologia eletrônica, Segundo o CEO, Thomás Augusto Finck, o edital do programa estadual poderá contribuir para gerar mão de obra qualificada. "Também tem a possibilidade de investimento maior na inovação dos nossos processos e nos equipamentos, pois há como se beneficiar com a isenção do ICMS."