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Notícias | Região Antissemitismo

Estudo de entidades judaicas aponta alta de 961,36% em casos de antissemitismo

"As ideias não morrem, hibernam e florescem quando o contexto autoriza", alerta professor da Pucrs

Publicado em: 10.11.2023 às 10:01 Última atualização: 10.11.2023 às 10:05

No Dia Internacional do Combate ao Fascismo e Antissemitismo, nesta quinta (9), a Confederação Israelita do Brasil (Conib) e a Federação Israelita do RS (FIRS) apresentaram dados sobre antissemitismo no Brasil. O estudo mostra um crescimento de 961,36% de denúncias antissemitismo apenas no mês de outubro, em comparação ao mesmo período de 2022. A guerra no Oriente Médio é uma das possíveis causas deste aumento.

Foram 467 denúncias registradas no Departamento de Segurança Comunitária Conib/FIRS, contra 44 feitas em outubro de 2022. Crianças, jovens, homens e mulheres de todas as idades sofreram algum tipo de violência por serem judeus. Considerado o acumulado do ano, de janeiro a outubro, o aumento é de 133,6%.

O presidente da FIRS, Marcio Chachamovich, lembrou a barbárie que gerou a perseguição aos judeus e questionou: será que a humanidade aprendeu com tudo que aconteceu em 1938? "Passados 85 anos, percebe-se que nada aprendeu. O antissemitismo não deixou de existir. Ele é uma das facetas do racismo e do preconceito que atinge vários segmentos da sociedade", respondeu.

Doutor em Comunicação e Professor da Pucrs, Jacques Wainberg (à esquerda na foto) destacou que a situação não é nova. "As ideias não morrem. Elas hibernam e florescem quando o contexto autoriza sua aparição." Completa que o neofascismo e o neonazismo contemporâneos floresceram porque há um cenário que permite, que autoriza o discurso de ódio e que aponta álibis que justificam as monstruosidades. "O neofascismo e o neonazismo que conhecemos têm atores internacionais e locais que se apropriaram desta efervescência e desse tipo de discurso de ódio."

Wainberg acrescenta que o mundo passa por uma crise civilizacional e que há na sociedade um discurso ao genocídio. Considera que muitas agressões partem de jovens sem conhecimento deste tema muito complexo, e disseminam conteúdos de ódio e intolerância utilizando a Internet. Ressalta a necessidade de promover a educação e a comunicação pela paz em todos os âmbitos da sociedade.

Ação violenta em 1938 foi o início da Shoá
A Noite dos Cristais Quebrados é uma referência à onda de violência registrada em várias cidades da Alemanha, em 9 de novembro de 1938. Na ocasião, centenas de judeus foram mortos, lojas e empresas de propriedades de judeus foram destruídas, sinagogas e livros sagrados foram queimados. Após o massacre, as ruas amanheceram cobertas de cacos de vidro, nesse que é considerado o início do Holocausto (Shoá).

Informações têm que chegar nos jovens
Ex-comandante da Brigada Militar, o tenente coronel João Trindade reforça que estamos diante de um problema muito sério e que envolve conhecimento e esclarecimentos em uma maneira mais atual. "É importante conhecermos a história, mas também é muito importante falarmos a linguagem dos jovens de hoje, para que tenham clareza do que é o antissemitismo e de como ele se apresenta hoje."

Elenca questões que devem ser apresentadas às novas gerações. Dentre elas, conhecer e difundir as informações corretas e combater a disseminação de fatos falsos na Internet.

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