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Notícias | Rio Grande do Sul Vítimas mais jovens

Mais de um quarto dos óbitos por Covid no Estado são de pessoas abaixo de 60 anos em março

Percentual de óbitos entre pessoas não idosas é o maior desde o início da pandemia

Publicado em: 16.03.2021 às 13:06

Desde o dia 1 de março o Rio Grande do Sul registrou 2.499 óbitos por Covid-19, maior número em um mês desde o inicio da pandemia. O mês mais letal da pandemia, até então, tinha sido dezembro de 2020 com com 1.933 óbitos. Além do aumento expressivo no número de vítimas fatais, a faixa etária entre os óbitos também tem caído. No mês de março, até o momento, 25,8% das pessoas que morreram por complicações da doença tinham menos de 60 anos.

Os dados foram apresentados por especialistas em saúde durante live do governo do Estado na manhã desta terça-feira (16). Segundo os dados, a maior mortalidade entre as pessoas não idosas é reflexo de uma maior circulação do vírus por conta da variante P1.

Embora os óbitos de pessoas não idosas represente pouco mais de um quarto das vítimas, entre as hospitalizações, as pessoas na faixa etária até 59 anos são metade do total no mês de março. A faixa etária entre 50 e 59 anos, por exemplo, representa um percentual maior de internados do que os idosos entre 70 e 79.


Perfil dos infectados

Com relação ao perfil dos infectados no RS, os especialistas do Gabinete de Crise têm analisado os indicadores e afirmam que há um número maior de jovens infectados atualmente. No entanto, isso possivelmente acontece porque há uma parcela maior da população contaminada, uma vez que o coronavírus está circulando mais.

“A Covid ainda é uma doença que afeta os mais velhos, e a idade ainda é um fator de risco bem maior. Acontece que, em um momento de incidência do vírus a nível populacional tremendamente alta, a quantidade de pessoas jovens que adoecem e morrem também é alta. A circulação maior do vírus é a grande habilidade que essa nova variante (P1) tem em relação às anteriores, por isso ela predomina”, explicou o farmacêutico do Cevs Eduardo da Silva.

“Sempre deixamos claro que nosso enfrentamento à pandemia se baseia em dados e evidências. Agora, queremos dividir ainda mais com a comunidade qual é a ciência por trás disso”, disse o governador Eduardo Leite na abertura da live. Os dados foram apresentados com o apoio da diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs), Cynthia Goulart Molina-Bastos; do farmacêutico da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual da Saúde (SES) Eduardo Viegas da Silva; e o especialista em Saúde do Laboratório Central do Estado (Lacen-RS) Richard Steiner Salvato.

“Como o vírus se espalhou muito e muito rápido, é provável que esse espalhamento tenha afetado uma proporção maior de pessoas, e que na maioria tem um perfil sem comorbidade, que circula mais, que promove mais aglomerações. Além disso, há pessoas que muitas vezes nem são vistas com comorbidades, como o paciente que ronca e tem apneia do sono, ou aquele que abusa de álcool, não faz atividade física, ou que tem um sobrepeso. Esses entram como ‘sem comorbidades’, mas apresentam fatores de risco e às vezes demoram a buscar ajuda, podendo ser tarde demais”, apontou a diretora do Cevs.

Linhagens em território gaúcho

Para o escopo do quarto Boletim Genômico do coronavírus no RS, divulgado desde 1º de fevereiro, foram consideradas 478 amostras colhidas entre 23 de fevereiro e 9 de março, em 117 municípios, com representatividade de todas as regiões geográficas do Estado, nos diferentes grupos etários, incluindo pacientes internados ou não, além de considerar os atuais indicadores epidemiológicos. A partir disso, o Cevs fez o sequenciamento genômico das amostras e identificou 20 linhagens de coronavírus diferentes em circulação no RS.

De acordo com Salvato, as mutações entre os vírus são extremamente frequentes e, de forma geral, não representam uma alteração no comportamento ou na ação do vírus. As diferentes linhagens são identificadas pelas combinações entre as mutações que permanecem ao longo do tempo.

“A gente vê que a distribuição da linhagem por mês durante a pandemia não é heterogênea. Algumas predominaram no início da pandemia, mas foram perdendo lugar para outras que passaram a predominar. Hoje, no último boletim, temos cinco linhagens predominantes”, afirmou o especialista do Lacen.

As cepas que mais preocupam

De acordo com os dados do Boletim Genômico, apesar do aumento no número de linhagens circulantes, poucas são as que causam preocupação quanto a alterações no comportamento do vírus.

De acordo com os especialistas, o que tem trazido preocupação no mundo todo é o surgimento de variantes que abrigam um número maior de mutações em proteína chamada Spike, sobretudo, após a recente identificação de duas cepas, uma no Reino Unido, já detectada em outros Estados, e outra na África do Sul, ainda não identificada no Brasil.

No país, a epidemia ocorreu a partir de duas linhagens, denominadas B.1.1.28 e B.1.1.33, que, provavelmente, surgiram em fevereiro de 2020. As variantes P1 e P2, as mais frequentes no 4ª Boletim Genômico do RS, são as que mais preocupam atualmente.

A P1 é associada à explosão de casos de Covid-19 em Manaus, no Amazonas, devido à alta capacidade de reprodução e de transmissibilidade. No entanto, o registro da P1 detectado em Gramado, na Serra, ocorreu em 14 de janeiro de 2021, dez dias antes de os primeiros pacientes do Norte do país serem transferidos ao Rio Grande do Sul para receber tratamento hospitalar.

A cepa P2, identificada originalmente no Rio de Janeiro, carrega a mutação E484K no ponto de ligação do receptor da proteína Spike. Além disso, ela se tornou uma das versões mais frequentes da Covid-19 no RS, principalmente a partir de novembro do ano passado.


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