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Notícias | Rio Grande do Sul ENTREVISTA

Eduardo Leite não descarta participar das eleições deste ano

Governador falou com exclusividade à Rádio ABC 103.3 FM sobre futuro político

Por Débora Ertel
Publicado em: 01.02.2022 às 07:00 Última atualização: 01.02.2022 às 09:52

Em entrevista exclusiva na manhã de segunda-feira (31) à Rádio ABC 103.3 FM, o governador Eduardo Leite (PSDB) não descartou participar do processo eleitoral deste ano, mesmo após ter perdido as prévias do PSDB e confirmar que não será candidato à reeleição no Estado. Apesar da sinalização, Leite desconversou ao ser questionado se mudaria de partido para concorrer a presidente da República.

Eduardo Leite em entrevista à Rádio ABC 103.3 FM
Eduardo Leite em entrevista à Rádio ABC 103.3 FM Foto: PAULO PIRES/GES
Horas depois da entrevista à Rádio ABC, repercutiu na imprensa nacional a informação de que Leite estaria cogitando mudar para o PSD, liderado pelo ex-ministro Gilberto Kassab. Ele esteve no Estado no último dia 11 e se reuniu com Leite. Os dois já tiveram outra reunião sobre o assunto, porém em Brasília. O PSD também estaria no radar do pré-candidato petista Luiz Inácio Lula da Silva para eventual indicação do vice. Nesta composição, PT e aliados apoiariam a reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD) na presidência do Senado. Por enquanto, Pacheco é o pré-candidato à Presidência pelo PSD.

Na entrevista à Rádio ABC o governador ainda garantiu que a pandemia não vai atrapalhar a volta às aulas. Leite também comentou sobre sua orientação sexual e por que decidiu revelar que é homossexual.

Como saiu da campanha das prévias do PSDB?

Eduardo Leite - Foi uma campanha que nos fez sair maiores. Acho que termos feito 45% dos votos em um partido que é muito forte em São Paulo, quatro vezes maior que o Rio Grande do Sul, economicamente uma grande potência, com mais de 20 anos de governos do PSDB lá, foi muito relevante.

O senhor é contrário à reeleição. Alguma possibilidade de mudar de ideia?

Leite -
Não vou negar que tenho sido abordado por muitos argumentos que buscam me convencer do contrário. Mas tenho consciência de que conseguimos fazer o governo que fizemos, de profundas transformações, apesar do coronavírus, porque a articulação política ficou facilitada por eu não ser candidato à reeleição. Por ser declaradamente contrário à reeleição. Nós temos forças políticas que nos apoiaram no processo de condução do Estado. Posso citar o PP e o MDB, partidos com grandes bancadas, essenciais para a governabilidade, que tem aspiração de protagonismo. Se fosse um candidato à reeleição, talvez a ajuda que nos permitiu aprovar mudanças como a reforma na previdência, carreira dos servidores e privatizações, ficassem um tanto mais difíceis.

Há chance de manter o projeto de concorrer à Presidência por outro partido?

Leite -
Também tenho sido abordado nesta direção. Mas eu não tenho neste momento que falar sobre isso porque respeito a decisão do partido, embora discorde. As pesquisas mostram dificuldade para o governador João Doria em São Paulo. Não é pela baixa adesão de votos, mas porque a rejeição é muito alta. Isso no seu próprio Estado, o que é preocupante. Estamos falando do maior Estado da federação, onde nós temos aí o maior número de eleitores. Se ele não for bem no seu próprio Estado, como convencer os eleitores de outras regiões a votarem nele?

É uma situação preocupante na qual o partido e o candidato precisam apresentar qual é o seu plano de ação, qual é a sua forma de reverter essa rejeição. Não estamos cobrando que mostre desempenho estrondoso nas pesquisas neste momento. A gente sabe como é. Eu mesmo saí nas vésperas do início do processo eleitoral com 6%, 8%. Mas não tinha a rejeição que ele tem.

Março é um mês importante porque define trocas de partido. Mas eu não estou procurando isso, não sou um mau perdedor, respeito a decisão do partido e torço até para que o candidato vencedor se viabilize. Eu não torço contra. Embora tenhamos estilos muito diferentes de fazer política, acredito que um eventual governo do João Doria como presidente seria um governo com conceitos certos, diretrizes certas, tanto na área econômica como social. É um gestor dedicado, faz o acompanhamento do seu plano estratégico de forma exemplar. Não é um mau governador. Pelo contrário, é um bom governador. Mas não basta ter capacidade técnica, política e gestão. Tem que ter capacidade eleitoral, e isso não se apresentou até agora.

O senhor adia seu projeto (de concorrer a presidente) então?

Leite -
É com o que eu trabalho neste momento. Na verdade, a eleição presidencial não pode ser um projeto pessoal. É um projeto coletivo, com muitas mãos. De fato houve um grupo que se reuniu me estimulando, colaborando com a construção de um projeto para o País, de visão política, estratégica, de preocupação com uma agenda e de uma candidatura que acreditávamos ter viabilidade. Então qualquer passo, se vai ser agora ou será depois, isso vai ser compartilhado com esse grupo de pessoas, com quem eu tenho conversado desde as prévias.

Dezembro foi tempo de deixar a poeira baixar, janeiro ainda era de descanso para as pessoas. Agora se começam a retomar conversas. Então, nestes últimos dez dias, a gente tem intensificado conversas com vistas a entender como que o processo eleitoral deste ano vai se desenhar, onde e como podemos colaborar. Mas é tudo muito incipiente ainda.

Como avalia a intensidade da sua trajetória política até aqui?

Leite -
São 18 anos de vida pública desde que concorri a vereador pela primeira vez. Fui secretário municipal, vereador, presidente da Câmara, prefeito, depois fiquei um tempo estudando e voltei para ser candidato a governador. Tenho muito orgulho do que a gente está fazendo no RS. Eu faço política com o sentido de missão. Todos nós temos vaidade e políticos têm mais vaidade que os outros, até porque trabalham com as suas imagens. A vaidade é normal do ser humano e precisamos aprender a controlá-la. Pois (política) não é sobre projeto pessoal, é sobre o que a gente pode colaborar. Eu tive a alegria de construir projetos que deram certo, tanto em Pelotas como no Estado. Mas eu não tenho nenhum problema de trabalhar em bastidor, de entender que meu papel, eventualmente, possa ser outro.

Trabalhei para ser candidato pelo meu partido, o partido teve um outro entendimento. Eu respeito e agora dou tempo ao meu partido definir os seus caminhos. Agora, como eu disse, estou na vida pública para dar minha contribuição. Se entenderem que há um espaço, um papel para mim reservado neste processo eleitoral de 2022, vamos sentar, conversar, mas sem ser levado por um projeto pessoal ou simplesmente por vaidades. Não quero comprometer a viabilização de uma alternativa, da terceira via para o Brasil.

Pensa em adiar as aulas presenciais por causa da variante Ômicron?

Leite -
Não trabalhamos com a perspectiva de suspensão ou adiamento. Em primeiro lugar os prejuízos causados pela interrupção das aulas, isso já foi observado, são muito grandes. Agora temos a vacinação que está em andamento, que protege tanto as pessoas de mais idade quanto as crianças. E, além disso, a expectativa que se tem, pelo que se observa no mundo, isso vale pelo Brasil também, é que vivamos o momento mais crítico agora, essa semana e a próxima são as mais críticas, ainda de maior volume de contágio. Ou seja, no final de fevereiro, quando se tem o retorno às aulas, a gente deve ter uma situação melhor.

No ano passado, o senhor assumiu a sua orientação sexual. O que levou a tomar aquela decisão?

Leite -
Já tinha tomado a decisão como uma contribuição. Tanto para a minha pessoa, porque eu nunca vivi nada escondido, mas sempre fui reservado. Sei que isso sempre gerou, na impossibilidade de adversários me atacarem por corrupção, porque não há nada contra mim, acho que não podem me acusar de incompetência, podem até discordar das minhas ideias, mas dizer que sou incompetente acho que não cola, então tentavam me atacar por supostamente algo a esconder na minha vida pessoal. Então, eu achava que era importante falar sobre isso, para mostrar que não tinha nada de escondido, e do outro lado do ponto de vista civilizatório. Me emociona de saber que fui assumidamente o primeiro governador gay do Brasil a ajudar a mudar a compreensão sobre este tema. Eu já tinha tomado a decisão de falar sobre até o final do mandato e adiantei porque, como estava prestes a me envolver em uma campanha nacional, sabia que era importante resolver esse assunto logo.

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