Publicidade
Botão de Assistente virtual
Notícias | Rio Grande do Sul ELEIÇÕES 2022

Em Caxias do Sul, Leite indica a empresários que será candidato à Presidência

Governador anunciou que deve deixar o cargo em março e se filiar ao PSD

Por Iander Porcella, Lauriberto Pompeu e Felipe Frazão/Estadão Conteúdo
Publicado em: 18.02.2022 às 18:41 Última atualização: 18.02.2022 às 19:03

O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), deixou claro nesta sexta-feira (18), em reunião na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC), que considera ser candidato à Presidência. A declaração foi feita após o partido tucano, do qual faz parte, ter escolhido nas prévias o governador de São Paulo, João Doria, para concorrer ao Palácio do Planalto.

Eduardo Leite em reunião na CIC
Eduardo Leite em reunião na CIC Foto: Reprodução/Twitter/CIC
Com convite para deixar a sigla e se filiar ao PSD de Gilberto Kassab, o gaúcho afirmou a empresários que tem “disposição” de apresentar um projeto alternativo para o País, falou em “passar o bastão” no Estado e indicou que deve renunciar ao atual cargo em março.

Leite chegou a dizer que, se passar um cavalo encilhado não é fácil, “passar dois não dá para desprezar” - em uma referência ao convite para ser candidato ao Planalto.

O PSDB, no entanto, tenta convencer Leite a continuar no partido. No último sábado (12), o governador se reuniu com lideranças da sigla em um encontro que tinha como foco garantir a permanência do político gaúcho, que prometeu reconsiderar a ideia de concorrer mais uma vez ao Piratini. Apesar de terem saído otimistas na data, a movimentação de Leite durante a semana começou a deixar os tucanos apreensivos.

Isso porque outros nomes ligados ao governador também têm demonstrado interesse em se associar ao partido de Kassab. Agostinho Meirelles, assessor e um dos principais conselheiros de Eduardo Leite, com quem trabalha há mais de dez anos, já foi confirmado como novo integrante do PSD. A filiação será na próxima semana, em Canoas.

Discurso na CIC

Ainda durante o encontro na Serra, o governador aproveitou para apresentar resultados de seu governo. Disse que quer “prestar contas” e defendeu o equilíbrio fiscal. O tom foi de despedida. “Fiquem sempre atentos às medidas populistas, demagógicas que governos tentem fazer no Rio Grande do Sul”, pediu ele aos empresários.

Em diversos momentos do discurso, Leite deu a entender que não vai disputar um segundo mandato no Estado. Ele chegou a sinalizar que planeja entregar o posto para o vice em março. Governadores que pretendem concorrer a outros cargos têm até abril para renunciar.

“Como é, possivelmente, uma das minhas últimas falas aqui como governador, não sei se até o final do ano ou se até logo mais, em março, não é, Ranolfo? Mas eu quero fazer uma prestação de contas”, disse o tucano, dirigindo-se ao vice-governador Ranolfo Vieira Júnior (PSDB). “E, de fato, estou sendo provocado novamente sobre o cenário nacional. Olha, passar um cavalo encilhado já não é fácil, passar dois não dá para a gente desprezar”, declarou Leite, em referência aos convites que têm recebido, acrescentando que se sente “vocacionado” para a vida pública. “Se for, de fato, algo consistente, e que a gente tenha apoio para isso, eu tenho coragem, vontade e disposição de poder apresentar algum caminho alternativo”, acrescentou, numa referência à disputa pelo Palácio do Planalto.

Leite disse que tem mantido conversas sobre a candidatura à Presidência com Kassab. Na segunda-feira (14), os dois se reuniram em São Paulo. O dirigente do PSD busca alternativas ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que tem demonstrado pouca vontade de concorrer ao Planalto.

“Pode ser Eduardo Leite, sim. Ele tem condições, tem pré-requisitos para ser candidato, é jovem, é respeitado, já mostrou que tem vontade de ser presidente da República, tem uma aliança com o PSD em seu Estado, o Rio Grande do Sul”, afirmou Kassab no último dia 9, em entrevista após o ato de filiação do vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos, ao PSD. O ex-ministro, porém, também tem feito acenos ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Terceira via

Cotado para representar a terceira via, Leite adotou na reunião com empresáriosdesta sexta-feira um discurso contra a polarização. “Me causa especial preocupação que no cenário nacional se insista numa fórmula de enfrentamento em todas as candidaturas que estão, na minha visão, postas. Existem dois campos políticos bem marcados que polarizam fortemente esta disputa eleitoral”, afirmou, numa referência a Lula e ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que lideram as pesquisas de intenção de voto para a eleição de outubro.

Aliado de Leite, o deputado Daniel Trzeciak (PSDB-RS) disse ao Estadão/Broadcast que é preciso “dar tempo ao tempo” para que o governador bata o martelo. “Eu tenho conversado com o próprio governador, mas nenhuma decisão foi tomada ainda por parte dele. É claro que tem que ter muita cautela, não tem como tomar uma decisão assim, indo para um novo partido. Mas tem que entender também qual é o sentimento das ruas, qual é o anseio da população.”

O governador gaúcho também citou os apelos para que concorra a um segundo mandato no Rio Grande do Sul, feitos especialmente pelo presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo. Leite disse se sentir “envaidecido” com a situação, mas tratou de afastar essa possibilidade ao reiterar ser contra a reeleição. “Eu insisto, eu já me manifestei várias vezes com a minha crítica à reeleição. É uma convicção, em função do sistema político-eleitoral brasileiro”, destacou.

“A gente vai construir isso na nossa base política, com serenidade, com tranquilidade, com continuidade, sem precisar ser comigo, passando esse bastão adiante”, afirmou o governador sobre a sucessão no comando do Estado.

Gostou desta matéria? Compartilhe!
Encontrou erro? Avise a redação.
Publicidade
Matérias relacionadas

Olá leitor, tudo bem?

Use os ícones abaixo para compartilhar o conteúdo.
Todo o nosso material editorial (textos, fotos, vídeos e artes) está protegido pela legislação brasileira sobre direitos autorais. Não é legal reproduzir o conteúdo em qualquer meio de comunicação, impresso ou eletrônico.