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Notícias | Rio Grande do Sul INCIDÊNCIA RARA

Morte súbita e doenças cardíacas não são comuns em crianças e adolescentes

Embora a incidência seja rara, o número de óbitos por problemas cardíacos entre 10 e 19 anos aumentou mais de 28% no Brasil

Por Ubiratan Junior
Publicado em: 09.03.2022 às 15:57 Última atualização: 09.03.2022 às 18:03

A parada cardíaca que causou a morte precoce de Ana Gabriela Minks Guazina, de 14 anos, provoca um alerta para os cuidados com a saúde do coração. A adolescente passou mal na sala de aula na escola onde estudava em Parobé na manhã desta segunda-feira (7). Chegou a ser socorrida, mas não resistiu.

Morte súbita e doenças cardíacas não são comuns em crianças e adolescentes. De acordo com o cardiologista e professor do curso de Medicina na Universidade Feevale, Felipe Valle, estudos apontam que esses eventos acontecem em dois a cada 100 mil na faixa etária entre 10 e 19 anos anualmente nos Estados Unidos. “A incidência é rara”, afirma.

Especialistas afirmam não é comum mal súbito em crianças e adolescentes
Especialistas afirmam não é comum mal súbito em crianças e adolescentes Foto: Freepic/Reprodução
A médica intensivista pediátrica do Hospital Moinhos de Vento, Helena Muller, também afirma que esses são eventos incomuns nos jovens. Ela explica que na maioria dos casos pode ser uma doença congênita, que já nasce com a pessoa. “Não é comum. Evento bem raro provocado por doença cardíaca. Quando acontece é preciso olhar para o histórico de saúde do paciente”, salienta a médica.

Conforme Felipe, por outro lado, essas doenças também podem se manifestar por volta dos 10 anos de idade, embora seja raro. A explicação é de que algumas pessoas podem não ter a doença congênita, mas fatores genéticos de predisposição. “Às vezes, o bebê não nasce com o problema nas artérias ou de arritmia, mas, ao longo do desenvolvimento, caráter genético pode fazer com que a doença se manifeste.”

O médico e professor destaca três doenças cardíacas que mais aparecem em casos de mal súbito entre jovens:

Arritmia
Falha nos batimentos do coração

Miocardiopatia
Inflamação do músculo cardíaco que resulta em aumento e enfraquecimento do órgão

Miocardite
Inflamação da camada média da parede do coração

Aumento de mortes cardíacas entre jovens

Nos últimos três anos, os dados mostram que as mortes causadas por doenças do coração aumentaram 28,5% entre jovens entre 10 e 19 anos no Brasil. Segundo a Associação dos Registradores de Pessoas Naturais do Brasil (Arpen), no ano passado, 1.141 pessoas dessa faixa etária morreram por causa de algum problema cardíaco. Em 2020, foram 978 mortes contra 888 em 2019.

Entre janeiro e março de 2022, já são 189 óbitos. Para Felipe, um dos fatores que justifica esse resultado é o aumento da qualidade de registros e dos mecanismos da medicina para identificar a causa das mortes.

Em 2021, o Brasil registrou 318.381 mortes por acidente vascular cerebral (AVC), infarto ou causas cardiovasculares inespecíficas, segundo o portal da transparência da Arpen Brasil. Até a terça-feira (8), o País teve 54.985 mortes em 2022 causadas por essas doenças, segundo informações publicadas no portal.

Sinais de alerta e prevenção

Alguns sinais podem indicar que a criança ou o adolescente tem alguma doença no coração. “O histórico familiar é um exemplo, se a criança tem algum familiar com menos de 50 anos e que teve morte súbita, já é um alerta. Pode ser pais ou até tios. Além disso, de 30 a 50% dos jovens que possuem alguma doença, é possível observar que elas sentem cansaço excessivo nos esforços, desmaios, dispneias ou convulsões, que também podem estar relacionadas a doenças cardíacas”, explica Felipe.

O “rastreio de morte súbita” feito pelo médico pediatra investiga o histórico familiar de doenças cardíacas, além de exames para identificar possíveis alterações. Assim, pacientes com mais risco passam por tratamentos para evitar o óbito. “São eventos raros [mal súbito por doenças do coração], mas são devastadores e têm impacto social, por não ser comum e acontecer com quem é jovem e teria ainda tanto tempo de vida.”

Helena defende que as crianças e os adolescentes devem fazer acompanhamento pediátrico regular para que alterações possam ser percebidas e investigadas. Ela afirma que a alimentação saudável e a prática de esportes também são essenciais para a prevenção.

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