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Suspeita de racismo é investigada em caso de agressão contra cliente em farmácia de Porto Alegre

Vídeo que circula em redes sociais mostra segurança bater em mulher durante confusão dentro do estabelecimento

Por Ubiratan Júnior
Publicado em: 24.10.2022 às 16:58 Última atualização: 24.10.2022 às 17:06

A Polícia Civil do Rio Grande do Sul investiga um possível caso de racismo em uma farmácia de Porto Alegre. Um vídeo de origem desconhecida mostra um homem dar uma rasteira em uma mulher durante uma confusão dentro do estabelecimento. A Polícia afirma que as cenas são reais e aconteceram enquanto a vítima defendia três adolescentes negros. A gravação é compartilhada por usuários de redes sociais desde sábado (22).

Confusão aconteceu no final da tarde da sexta-feira (21) na unidade São João no bairro Partenon, em Porto Alegre
Confusão aconteceu no final da tarde da sexta-feira (21) na unidade São João no bairro Partenon, em Porto Alegre Foto: Reprodução


Conforme a delegada Andrea Mattos, titular da Delegacia de Polícia de Combate à Intolerância, a confusão aconteceu no final da tarde da última sexta-feira (21), em uma das unidades da Rede de Farmácias São João que fica na Avenida Bento Gonçalves, no bairro Partenon.

De acordo com a delegada, a mulher agredida era cliente do estabelecimento e teria ficado incomodada com a forma violenta da abordagem do segurança ao trio de jovens. Na discussão, a cliente teria cuspido no funcionário o que teria desencadeado a sequência de violência. Outra mulher, que também era cliente e aparece no vídeo, saiu em defesa dos jovens, mas Andrea explica ela “não apanhou”. As autoridades não informaram os nomes e idades das mulheres, e do funcionário envolvidos na briga.

Segundo Mattos, o trio de jovens foi abordado por suposto furto de produtos. “Na saída do estabelecimento eles foram convidados a retornar pois teriam furtado mercadorias, o que seria checado através das câmeras de segurança”, explica a delegada.

O furto foi registrado pela farmácia na 2ª Delegacia de Pronto Atendimento (DPPA) da Capital no mesmo dia da briga. Os adolescentes têm antecedentes de infração, mas não foram apreendidos. Os nomes deles e idades não são divulgados conforme determinação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). 

Nesta segunda-feira (24), a Polícia solicitou as imagens da câmera interna da farmácia para analisar a confusão. A Polícia espera ouvir todos ainda esta semana para concluir o caso nos próximos dias. A delegada esclarece que neste momento não é possível afirmar se houve racismo, mas não descarta a hipótese.

A reportagem fez contato com o advogado que representa a rede de Farmácias São João, Ricardo Breier, que só vai se manifestar após analisar o caso e “ter todo o cenário”.

 

Outro caso de discriminação na mesma rede de farmácias

Essa não é a primeira vez que a Rede de Farmácias São João se envolve em um caso de discriminação. Em outubro de 2021, um áudio de uma ex-funcionária que estava no cargo de gestão no Litoral Norte, orientava para que os recrutadores observassem as características físicas dos candidatos.

"Vocês sabem que feio e bonito é o mesmo preço, né gente? (...) Pessoas muito gordas, vocês sabem que... Então assim, cuidem as aparências. (...) Se pegar alguém, né, com todo respeito, 'veado' e tudo mais, tem que ser uma pessoa alinhada, que não vire a mão", disse ela na gravação.

Na época, a empresa chegou a classificar o caso como "fakenews", mas, depois, abriu uma sindicância administrativa interna para apuração dos fatos. Após concluir a investigação, a empresa repudiou o comportamento da então gestora e afirmou ser favorável à diversidade e inclusão. Além disso, o advogado da rede disse que a mulher "foi desligada por justa causa porque a ação que ela praticou foi um ato isolado que não condiz com a política da empresa".

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