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Transição poderá afinar relações no Rio Grande do Sul

Governador reeleito tem semana de poucas articulações e definição de secretariado fica para dezembro

Por Eduardo Amaral
Publicado em: 05.11.2022 às 08:00 Última atualização: 06.11.2022 às 16:34

Em sua primeira semana como governador reeleito, Eduardo Leite (PSDB) priorizou uma agenda de poucos encontros para tratar sobre a transição. A mudança de governo no Rio Grande do Sul deve ser pequena, já que o ex-governador, que renunciou em março deste ano dando lugar ao seu vice Ranolfo Vieira Júnior (PSDB) no comando do Estado, reassume o cargo em um governo de continuidade. Apesar deste cenário, os nomes do novo secretariado só devem começar a ser conhecidos em dezembro e levarão em consideração a participação do MDB no governo.

Primeira reunião foi realizada nesta semana e há expectativa de que deve transcorrer sem problemas ou entraves
Primeira reunião foi realizada nesta semana e há expectativa de que deve transcorrer sem problemas ou entraves Foto: Mauricio Tonetto


Aliás, um dos desafios de Leite em seu novo mandato será rearticular as relações com o MDB, o partido que indicou Gabriel Souza como vice-governador, já que essa indicação não foi suficiente para manter a legenda unida: no segundo turno uma parte considerável do partido tomou outro caminho, anunciando apoio e se empenhando na campanha de Onyx Lorenzoni (PL), o candidato bolsonarista derrotado pelo tucano.

A semana

Ao longo da semana, o governador reeleito concedeu diversas entrevistas e teve os primeiros encontros com o atual governador na quarta-feira (3) quando foi instalado o Gabinete de Transição que tem a presença de Claudio Gastal, da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão, Artur Lemos, secretário-chefe da Casa Civil, e Eduardo Cunha da Costa procurador-geral do Estado, além do deputado estadual, Mateus Wesp (PSDB).

Na quinta-feira (3) foi o dia do primeiro encontro do governador reeleito com os prefeitos da Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Porto Alegre (Granpal), em um encontro marcado por cobranças a respeito do Programa Assistir Saúde, além de apresentar propostas de planejamento e infraestrutura.

Construção da base

Mesmo com a reeleição, Leite precisará reconstruir nos próximos meses parte da sua base que rachou durante a disputa eleitoral, se encaminhando para o bolsonarismo.

O primeiro desafio é justamente com o MDB, que através do seu presidente, Fábio Branco, se mostra disposto a ter uma boa relação com o novo governo. "Entendemos que era necessário essa continuidade para que se consolide a responsabilidade fiscal e o retorno do serviço público com qualidade" afirma o presidente estadual do partido e um dos defensores do apoio ao tucano desde o princípio.

A vitória eleitoral deu à ala de Branco um poder maior de negociação interna, deixando nas mãos do próprio MDB os caminhos para buscar uma reconciliação interna e a participação no governo.

"Os tamanhos e as condições são as mesmas, vamos trabalhar pela unificação do partido. O governo futuro vai ser debatido no momento apropriado", afirma Branco.

Leite também vê com naturalidade a integração do emedebistas ao seu governo. "O MDB fez parte da chapa, está integrado naturalmente ao governo", afirma o governador reeleito.

Os dois partidos se aproximaram ao longo dos últimos quatro anos já que Leite adotou uma agenda muito semelhante a de seu antecessor José Ivo Sartori (MDB).

Viagem a Brasília na quarta-feira

Na próxima quarta-feira (09) Leite viaja a Brasília, com uma agenda que ainda não foi definida. No mesmo dia, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estará na capital federal, mas não há perspectiva de que os dois se encontrem. Leite deve priorizar neste momento encontros com políticos do PSDB.

Mesmo assim, o governador reeleito já tem uma pauta para o primeiro encontro com o presidente, a discussão sobre as compensações pelas perdas devido às alterações na cobrança de ICMS impostas pelo novo governo.

"De fato a questão do ICMS, que foi alterado de forma brusca, abrupta, sem planejamento anterior é um tema que preocupa a todos os Estados. Vamos ter que discutir, já na transição com o governo federal eleito, quais são as alternativas que estão identificando para poder alcançar a nossa meta que é manter os impostos reduzidos, mas com a compensação para que o Estado não precise fazer um replanejamento das suas despesas orçamentárias", afirma o governador. Cálculos da Secretaria da Fazenda do Estado apontam para perdas superiores a R$ 5 bilhões com as mudanças no imposto.

Reconstrução e diálogo com oposição

Por outro lado, um partido que foi fundamental para Leite durante seu primeiro mandato se afastou nestes meses de eleição.

O Partido Progressista (PP), que teve integrantes no secretariado além de ter indicado Frederico Antunes como líder de governo na Assembleia Legislativa, optou pela candidatura própria no primeiro turno e o apoio a Onyx Lorenzoni no segundo.

Mesmo assim, o governador reeleito considera natural a reaproximação com os antigos aliados que estiveram com ele ao longo de três anos de seu governo. Outros partidos também terão de ser olhados para a composição de governo, já que a chapa que elegeu o tucano era a que contava com mais partidos. "É uma conversa que vai ser feita politicamente, para a gente poder fazer as definições, mais do que as questões das adesões a composição da Assembleia, governabilidade", avalia.

Outra questão é a costura com a oposição, já que Leite reconheceu que os votos da esquerda foram fundamentais para sua reeleição.

Embora o Partido dos Trabalhadores (PT), principal sigla de oposição e que terá a maior bancada no parlamento, tenha confirmado que não vai integrar o governo, Leite já admite aderir a temas caros ao partido, especialmente na pauta social.

"O PT foi dura oposição e tenho a impressão de que se manterá assim. Vamos reforçar o diálogo, respeitando ações políticas para a população para qual nós trabalhamos e podendo construir políticas públicas nas áreas que mais sensibilizam o PT", pondera Leite.

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