Ciclones devem voltar a atuar sobre o RS até o fim do inverno; entenda
Primeira ocorrência está prevista para a próxima semana, quando o frio se intensifica no Estado. Impactos dependem da proximidade do sistema do continente; saiba mais
Em menos de um mês, o Rio Grande do Sul sofreu as consequências de três ciclones extratropicais. Cidades gaúchas foram atingidas por chuvas intensas e vendevais, que deixaram um rastro destruição no Estado. Embora assustadores, os fenômenos naturais são parte do inverno gaúcho e, segundo a meteorologia, devem seguir atuando até a primavera.
Como explica a meteorologista Estael Sias, da Metsul, os impactos dos ciclones registrados no último mês têm relação com a proximidade dos sistemas do continente. "Se esse ciclone com essa intensidade que tivemos não tivesse tão próximo do continente, o cenário seria completamente diferente", explica.
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A mudança na chamada Oscilação Antártica (AAO), ou Modelo Anular Sul, nada mais é que o comportamento dos ventos no continente, um índice de variabilidade relacionado ao cinturão de vento e de baixas pressões ao redor da Antártida.
"Esse Modo Anular regula a maior ou menor frequência de ciclone. O cinturão mais fraco favorece a formação de ciclones", conclui a meteorologista.
Mais frio, menos estragos
De acordo com a previsão da MetSul, na próxima semana um novo ciclone atingirá o Estado, mas não deve trazer estragos significativos já que estará mais próximo ao mar. "Quando os ciclones estiverem muito próximos do continente, maior será o impacto e maior o risco", esclarece Estael.
Em compensação, a temperatura deve cair bastante. "Semana que vem a gente pode ter um ciclone passando distante, que não vai trazer grande coisa, ele só vai reforçar o ar gelado", adianta.
A tendência é de que o Rio Grande do Sul tenha formação de mais ciclones durante o inverno e até mesmo na primavera. Porém, ainda não é possível ainda apontar a intensidade dos estragos.
Os meteorologistas destacam ainda que a ocorrência do El Niño não tem ligação direta com a presença dos fenômenos climáticos. "O El Niño potencializa passagem de frentes frias e ciclones, traz mais umidade, mas não tem uma relação tão direta com ocorrência de ciclones", detalha Estael.
Instável e de difícil previsão
Um dos desafios aos meteorologistas é prever com antecedência os impactos de um ciclone extratropical. "Se ele mudar de 1 a 2 graus de latitude, muda completamente o cenário", esclarece Estael.
O comportamento instável é o que amplia a dificuldade de prever com antecedência os estragos, mesmo que a formação dos ciclones seja vista com até 10 dias de antecedência. "A gente só consegue refinar e transformar em um alerta mais concreto do que um ciclone pode causar de três a cinco dias."