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Família perde pai e mãe para o coronavírus com apenas oito horas de diferença

Eli de Vargas Borges, 66 anos, e Irineu Borges, 75 anos, faleceram entre a noite do dia 18 e a madrugada do dia 19 de outubro no Hospital Centenário

Por Jean Peixoto
Publicado em: 27.10.2020 às 07:00 Última atualização: 27.10.2020 às 10:00

Na noite de domingo, 18 de outubro, Patrícia Borges não sabia, mas estava prestes a encarar as oito horas mais difíceis de sua vida. Por volta de 19h40, a moradora da Feitoria Cohab, em São Leopoldo, recebeu a notícia de que sua mãe, Eli de Vargas Borges, 66 anos, havia falecido após 10 dias de internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Covid-19 do Hospital Centenário (HC). "Com grande pesar, compartilho minha dor eterna. Perdi minha mãezinha. Mãe, tu foi antes de nós, mas, com certeza, está num lugar de paz! Te amaremos para sempre. Nunca será esquecida. Descansa, mãe e até logo. Aqui nada é eterno", desabafou Patrícia em suas redes sociais.

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O que Patrícia também não sabia era que dentro de pouco mais de oito horas, seu coração se partiria pela segunda vez naquela noite. Internado desde 5 de outubro na UTI Covid-19 do HC, o pai de Patrícia, Irineu Borges, de 75 anos, faleceu às 4h30 da madrugada da segunda-feira, dia 19. "Então, aqui estou compartilhando mais um pedaço do meu coração, em pedaços. Paizinho, quem vai mentir para nós? E dizer "minhas filhas são lindas". Tu era um pai sensacional. Te amo para todo o sempre. Sei que Deus não erra, mas está confuso levar meus amores juntos. Tá doendo muito. Até logo. Um dia nos reencontraremos", comentou a filha em outra postagem, publicada às 6h42 daquela manhã, a primeira sem seu pai e sua mãe. 

Sintomas gripais

Patrícia comenta que, no início, os pais e o irmão, Lucas Iago de Vargas Borges, 27, que também foi contaminado, apresentaram apenas sintomas gripais simples, mas não esperavam que evoluíssem para estágios tão graves. "A princípio, eles tiveram cansaço e dor de cabeça. Parecia uma gripe comum. O único dos três que apresentou febre foi o filho. Dias depois, os sintomas foram se agravando. O pai começou a delirar, perdendo a noção de coisas básicas", conta.

Na sexta-feira, 2 de outubro, Irineu e Lucas buscaram atendimento no Centro de Saúde Feitoria, onde o médico que os examinou constatou a possibilidade de infecção pelo coronavírus e recomendou a ambos que permanecessem em isolamento, mas não teria realizado exames aprofundados. Patrícia conta que na segunda-feira (5), o pai começou a delirar, quando foi levado para o Hospital Regina, em Novo Hamburgo.

Lá foi diagnosticada, por exame particular, a Covid-19 de Irineu. Também foi verificada a necessidade do uso de oxigênio, que ele utilizou por algumas horas no hospital. Conforme a filha, para entubá-lo na clínica particular seria necessário um caução de R$ 37.500. Como a família não possui convênio e ele necessitava de entubação, foi transferido no mesmo dia para o HC, onde faleceu no dia 19.

'Não é só uma doença comum'

Com a experiência de quem viveu de perto o drama que ceifou as vidas do pai e da mãe, Patrícia faz um alerta para as pessoas que duvidam da gravidade da doença. "A Covid vem sendo tratada, como um todo, como uma doença comum, e que todos vão passar por isso de boa. Mas não é bem assim. Minha mãe estava com sintomas de gripe normal, mas jamais imaginamos que ela precisaria ser entubada. Meu pai e minha mãe morreram em um intervalo de menos de 12 horas entre eles. Meu irmão ainda está em tratamento do pulmão. Já não tem mais a Covid, mas ainda tem sequelas." Além dos pais e do irmão, as irmãs Silvana, 48 anos, e Marta, 46, e também o sobrinho Vitor, 24, foram contaminados.

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