Publicidade
Botão de Assistente virtual
Opinião

Por que seis pessoas morreram no acidente de Taquari

Por Igor Müller
Publicado em: 25.02.2020 às 19:11 Última atualização: 25.02.2020 às 19:22

Acidentes de trânsito não acontecem sem negligência, imprudência ou imperícia (não necessariamente nesta ordem) de alguém. E na colisão frontal entre um Gol e uma picape Toro em uma ponte da RSC-287, em Taquari, na segunda-feira de carnaval, não foi diferente. Caberá, portanto, ao trabalho de peritos e policiais da região esclarecer as circunstâncias e responsabilidades da tragédia que matou seis pessoas.

Mas há outro elemento que precisa ser discutido: a condição da rodovia. Principal ligação das regiões de Santa Maria e Santa Cruz do Sul com o Vale do Sinos e a região metropolitana, a RSC-287 é uma importante artéria do interior. No entanto, apenas 4,5 quilômetros (na área urbana de Santa Cruz) são duplicados. É uma obra recente, inaugurada no início de 2018.

Está claro que duplicações não acabam com os acidentes, mas reduzem o risco e a letalidade. Não raramente as colisões frontais são fatais em rodovias. São vários os exemplos, mas cito dois: as BRs 386 (Canoas a Iraí) e 116 (Eldorado do Sul a Jaguarão). É fato que, com raras exceções, os acidentes com maior número de mortes ocorrem nos trechos ainda sem duplicação.

É consenso que uma estrada duplicada, com pavimento e sinalização em bom estado, são meio caminho para uma viagem segura. O resto depende da conduta dos motoristas, seja na hora de manter o carro em dia, seja no respeito às regras de trânsito. Dependendo de qual foi a causa, o acidente de segunda-feira aconteceria de qualquer forma. Mas talvez uma rodovia duplicada teria evitado a violenta e fatal colisão frontal.

A sociedade gaúcha precisa defender e se mobilizar por melhorias robustas nas estradas, especialmente aquelas que são essenciais para o desenvolvimento. A RSC-287 é a primeira da fila no plano de concessões
do governo do Estado. Segundo o próprio governo, se nada for feito até 2024 o trecho Tabaí-Santa Cruz entrará em colapso.

Espera-se que ainda neste ano seja definida a concessionária que assumirá a rodovia por 30 anos, com a obrigação de investir R$ 2 bilhões em manutenção e duplicação de 205 quilômetros entre Tabaí e Santa Maria. Em contrapartida serão cinco ao invés de dois pedágios, mas é do jogo. A Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) mal consegue manter o asfalto em boas condições.

Há 12 anos lideranças das regiões Central e dos Vales exigem uma solução para a RSC-287. Neste período, pelo menos 450 pessoas morreram na estrada (foram 426 óbitos entre 2007 e 2018, segundo o Detran). Vamos torcer para que o nó da duplicação seja desatado o quanto antes para que
esta triste conta chegue ao fim.


O artigo publicado neste espaço é opinião pessoal e de inteira responsabilidade de seu autor. Por razões de clareza ou espaço poderão ser publicados resumidamente. Artigos podem ser enviados para opiniao@gruposinos.com.br
Gostou desta matéria? Compartilhe!
Encontrou erro? Avise a redação.
Publicidade
Matérias relacionadas

Olá leitor, tudo bem?

Use os ícones abaixo para compartilhar o conteúdo.
Todo o nosso material editorial (textos, fotos, vídeos e artes) está protegido pela legislação brasileira sobre direitos autorais. Não é legal reproduzir o conteúdo em qualquer meio de comunicação, impresso ou eletrônico.