Um certo capitão Mourão

A obra O Tempo e o Vento, de Erico Verissimo, muito mais do que José de Alencar, deveria ser lida por todos os brasileiros para entender os riograndenses. E por todos os gaúchos para saber de onde vieram. A primeira promotoria dos Promotores de Justiça do RS, fora do Fórum, em Cruz Alta, pela bênção de Deus, consegui que fosse a do avô do Erico. E ambiente da parte chamada O Sobrado. A chegada do herói, Capitão Rodrigo Cambará em Santa Fé, povoado gaúcho do centro do Estado, é uma página de Homero. Chegado na frente do bolicho da vila, apeia do cavalo, entra na tasca, garboso em sua farda de capitão do exército farroupilha e bravateia: "Buenas e me espalho. Nos pequenos dou de prancha. Nos grandes dou de talho."

O capitão Mourão, depois general, depois vice-presidente da república e agora senador do RS, derrotando os candidatos de Lula e de Bolsonaro, é um Capitão Rodrigo de nossos tempos. Porque, assim como o farroupilha, se quiser lutar para representar os votos que conquistou, vai lutar contra os poderosos. STF e TSE com sentenças para matar a Lava Jato e o que ela representa no combate aos ladrões públicos. Muitos senadores e deputados federais cuja rapinagem espanta os correspondentes estrangeiros de países sérios.

Em discurso, Mourão alertou os brasileiros: "A forma política da sociedade corrupta é a guerra civil. E antes que os feiticeiros do arbítrio digam que se trata de uma ameaça, respondo-lhes que a ameaça paira sobre todos nós". Brasília vive um novo Baile da Ilha Fiscal. Enquanto os poderosos mandatários gozam e riem, espera-se que os honestos, os dignos, os brasileiros-brasileiros, como antes, estejam se aprestando para proclamar a República.

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