Meninas churrasqueiras

Gosto de cozinhar e isso não é novidade. Trouxe isso do meu pai que era muito hábil nos quitutes. Adorava pescar e quando havia uma juntada de papa-terras fazia os filés fritos e junto, de entrada, casquinhas de siri. Mesmo o arroz vinha decorado com rodelas de tomates.

Desafiando prognósticos e apostas, resolvemos, eu e a amiga Salete Lange, fazer uma dupla que depois se transformou num trio com a Daniela de nossa assistente e nos inscrevemos no Desafio dos Churrasqueiros da Sociedade Aliança.

Como sou presidente, nas outras edições acabei sendo jurada e não gostei. Primeiro, que os participantes são amigos e fica difícil não ser passional e, segundo, porque eu comia muito. A origem germânica não possibilita o descarte de comida. Então cada equipe apresentava um prato e eu comia tudo, no terceiro já estava difícil de experimentar os demais. Na segunda edição foi determinado que deveriam ser apresentadas pequenas porções do prato concorrente. Comia igual.

Então na terceira tive a brilhante ideia de inscrever uma equipe. Ninguém nos notou. No dia do sorteio das posições dos assadores fui lá e retirei meu papel. Ficaram me questionando qual equipe eu estava representado. A minha. Acharam estranho.

Aparecemos no dia de touca e avental cor de rosa. Fizemos matambrito com crosta de queijo e tomates confitados, cuscuz e banana assada na brasa.

A intenção era sermos desbravadoras nesse meio masculino e incentivar outras mulheres no futuro.

A surpresa veio com o anúncio do terceiro lugar. Levou segundos para perceber nosso heroico feito, chegamos lá. Vê só, meninas podem ser tudo que quiserem, até churrasqueiras.

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