Formar e avançar

"Eu não voto em partido, eu voto é no político". A frase recorrente entre eleitores não traduz apenas o personalismo que permeia os processos eleitorais. Ela materializa também o distanciamento das agremiações partidárias da realidade vivida pelo cidadão. As razões desse fato são inúmeras, mas entre elas tem uma que merece especial atenção: a desvalorização da formação política.

Ideias são como sementes, precisam que o solo esteja preparado para que possam germinar. E cultivar uma ideologia dá trabalho — demanda tempo, dedicação e também recursos —, mas não há caminho mais transformador na política do que o ideário que move um conjunto de pessoas.

É nisso que deveria residir a grande fortaleza de um partido — e é por isso que trabalhamos todos os dias na Fundação Milton Campos, do Progressistas. Recentemente, iniciamos no RS um movimento de capacitação. Em mais de uma dezena de encontros pelo interior, reunimos lideranças e novos talentos para fortalecer valores que permeiam nossa história e prepará-los para o desafiador 2024. Além de integrar e amalgamar laços, os eventos permitem uma conexão direta com a realidade vivida pelas comunidades. Nada é tão rico para um partido do que essa imersão nos problemas e na busca de soluções. No fundo, estamos falando de algo cada vez mais raro: saber ouvir.

A formação política é um princípio fundamental da democracia. O caminho de quem escolhe as ideias às personalidades é mais difícil, mas é o que nos leva mais longe. Partidos não podem abrir mão de suas identidades.