Medo de errar

Por que o erro causa tanto medo? Para muitas pessoas errar é fracassar, ser humilhado, falhar ou tudo aquilo que pode expor uma dificuldade ou vulnerabilidades. Somos ensinados por toda uma vida educacional para prevenir o erro. A ciência cartesiana está estruturada sob este princípio na tentativa de criar hipóteses para que o processo se repita de maneira idêntica controlando as variáveis evitando qualquer desvio. Os programas de televisão que mais tem audiência funcionam com este princípio, onde o mais "fraco" é eliminado. Há um gozo em ver o outro errando para salvar a si próprio, ao menos até a próxima rodada. Em geral, aquele que erra é ridicularizado e exposto como se a vida não se fizesse de outras formas.

Não identificamos que um erro ou um equívoco pode ser feito para aprender e criar hipóteses sobre o que se quer desbravar. A vida precisa daquilo que chamamos de erros, mas talvez possamos um nome que conduza mais para outros possíveis caminhos não imaginados.

Certamente, teríamos menos pavor sobre as incertezas, as inseguranças e os pânicos tão intensos. As dúvidas podem fazer parte da trajetória com maior naturalidade.

Tomar o erro com afeto, gerar segurança para que uma criança ou um adulto possa errar e aprender com isso é parte fundamental para desenvolver habilidades importantes para lidar com os desafios que a vida apresenta. Paulo Freire nos disse que "o erro é uma forma provisória do saber". Por que nos colocamos esta questão com tanta severidade ou com tanto sofrimento e humilhação? Não seria o caso de perceber as aprendizagens da vida como um processo que avança no seu tempo? Que se desenrola em etapas a serem percebidas com maior propriedade enquanto se conquista oportunidades para lidar com elas?