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Opinião

Empresas espiritualizadas (?)

Publicado em: 01.09.2023 às 03:00

Iniciando a leitura de um livro de Pedro Ivo Moraes, com esse título acima, e subtítulo "Amor e Propósito na transformação do mundo corporativo", leio o prefácio de Marco Kerkemeester, em que ele inicia assim: "O amor te faz crescer", já dizia minha mãe. "E cresci tomando banhos de amor."

Naquele momento relembrei nosso primeiro planejamento estratégico, em 1995, no tabelionato. Nossa consultoria, entre tantas outras recomendações, sugeria que usássemos a expressão "generosidade" como integrante essencial no planejamento. Na hora me ocorreu que se poderia substituir essa palavra por "amor". Amor nos relacionamentos internos entre colegas, chefias e subordinados, entre fornecedores e clientes, enfim amorosidade presidindo todas as nossas ações. E assim fizemos. Posso asseverar que essa decisão foi um marco fundamental em todo o planejamento e em todas as ações que daí decorreram.

Quando recebíamos alunos de Direito da Unisinos em visita técnica no tabelionato, em que demonstrávamos todo o funcionamento de nosso serviço interno e de atendimento ao público, alguns alunos diziam: vocês orientaram o pessoal a estar sorrindo sempre durante nossa visita? Ao que respondíamos naturalmente que não.

Na realidade isso era, e é, uma forma de demonstrar o que nos move, e que em resumo é o amor. O mesmo Marco afirma, com razão, que não se deveria tentar alinhar os objetivos da empresa com os da equipe. Nem os da equipe com os da empresa.

Porque equipe nada significa. Temos de ter em mente "os indivíduos da equipe", já que "equipe" não existe, não é um ser, mas "indivíduos" existem, e formam a equipe.

Somos indivíduos, bichos independentes, temos cada um de nós nossos atributos, qualidades e objetivos. Alguns gostam de aprender, outros desenhar, uns preferem a música, outros cuidar de animais, ou de outras pessoas, alguns gostam de liderar, muitos outros de serem liderados. Por muito tempo se acreditou que o mundo funciona como a pirâmide de Maslow, em que precisamos atender primeiro as necessidades fisiológicas, para depois obter a realização pessoal. O que faz sentido.

Mas porque então algumas pessoas realizam atos heroicos, por vezes arriscando a própria vida, como para salvar um ente querido? Aqui aparece claramente para mim o motivo: o amor. Este sim a maior motivação da vida, mais importante do que a autopreservação e mais nobre do que a autorrealização. Aqui cabe então a pergunta e o desafio de Marco: "como seria uma empresa motivada somente pelo amor? Como seria a empresa direcionada pelo amor, iluminada pelo amor e construída pelo amor?" Penso que vale nossa sincera reflexão a respeito.


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