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Cotidiano | Entretenimento MÚSICA

George Harrison: o guitarrista que influencia gerações completaria 80 anos neste sábado

O ex-beatle deixou sua marca no imaginário de fãs e artistas, como os músicos gaúchos Marcelo Gross e Lúcio Brancato. Reportagem especial fala da relevância de George para a arte e ainda traz uma playlist com composições dele nos Beatles e em carreira solo

Publicado em: 24.02.2023 às 03:00 Última atualização: 25.02.2023 às 07:41

O beatle quieto, crítico, místico e um dos guitarristas mais importantes da história. Em 25 de fevereiro de 1943 - existe a hipótese de que seria no fim do dia 24 - nascia George Harrison, na cidade de Liverpool, na Inglaterra, filho da classe trabalhadora e que desde cedo tornou a música seu objetivo de vida. A personalidade única e suas grandes obras fazem de George até hoje um artista amado por fãs de todas as idades, pois mesmo depois de sua morte em 2001, vítima de câncer no pulmão, ele ainda é lembrado por sua guitarra que "suavemente chora".

George Harrison faria 80 anos em 2023
George Harrison faria 80 anos em 2023 Foto: Divulgação
Na adolescência, chegou a montar uma banda, The Rebels, mas foi ao conhecer Paul McCartney, um amigo do ônibus da escola, que ele deu início a uma trajetória brilhante. Em 1958, George foi convidado a participar do The Quarrymen, grupo formado por John Lennon na escola pouco tempo depois transformado em The Beatles, simplesmente a banda mais renomada da música jovem de todos os tempos.

Apesar de muitas vezes ficar à sombra de Paul e John, George mostrava não ser somente um coadjuvante, mas um homem singular, criador de belas canções e parte criativa na metamorfose pela qual a banda passou, principalmente na segunda metade dos anos 1960, quando a psicodelia e a experimentação falaram mais alto.

Algumas de suas músicas tiveram tanto êxito junto ao público e à crítica quanto os clássicos da dupla Lennon/McCartney, como If I Needed Someone, While My Guitar Gently Weeps, Something e Here Comes the Sun. Além dessas, Love You To e Taxman, entre outras, foram importantes por fortalecerem a identidade dos Beatles como um grupo inovador.

Em meio à beatlemania, George trouxe à sua vida a cultura indiana, não apenas por incorporar a cítara como instrumento eventual nas composições dos Beatles, mas por dar um novo significado à sua fé. De família religiosa, ele não conseguia assimilar uma crença baseada no que ouvia, ele desejava, sim, sentir e viver aquilo de forma verdadeira. Viu no hinduísmo a porta de entrada para expandir a mente e se aproximar do divino.

Algumas de suas músicas tiveram tanto êxito junto ao público e à crítica quanto os clássicos da dupla Lennon/McCartney
Algumas de suas músicas tiveram tanto êxito junto ao público e à crítica quanto os clássicos da dupla Lennon/McCartney Foto: Divulgação
George chegou a gravar paralelamente à banda dois álbuns solos, e no terceiro - lançado após o término dos Beatles - mostrou ao mundo que não era um compositor casual. O disco triplo All Things Must Pass é considerado um dos melhores, se não o melhor álbum solo de um beatle, trazendo as envolventes What is Life e Wah-Wah e tendo como seu carro-chefe o sucesso estrondoso My Sweet Lord. "Meu senhor, eu quero realmente conhecê-lo", canta George nesse clássico em referência à sua espiritualidade.

Na carreira solo, lançou 12 álbuns e se fez presente em grandes momentos da música, como o Concerto para Bangladesh, em 1971, evento humanitário criado por ele com o objetivo de angariar recursos para combater a fome naquele país.

Ele trouxe um colorido ao rock ortodoxo do blues, diz Marcelo Gross

Gross com sua guitarra epiphone Casino, modelo que George usava na época do álbum Revolver e na última tour da banda, em 1966
Gross com sua guitarra epiphone Casino, modelo que George usava na época do álbum Revolver e na última tour da banda, em 1966 Foto: Arquivo pessoal
Quem conhece bem a carreira dos Beatles e de George Harrison – e tem as músicas na mente e na ponta dos dedos – é Marcelo Gross, ex-guitarrista da Cachorro Grande e hoje em carreira solo. Ele diz que George é muito importante para o rock pelo bom gosto que o ex-beatle tinha para bolar os arranjos das canções e por integrar a cítara ao som da banda inglesa. “Ele trouxe um colorido ao rock ortodoxo do blues. Era incrível essa percepção dele, essa renovação. Também foi bem relevante na época psicodélica dos Beatles e por popularizar a meditação transcendental e a cultura indiana pelo mundo”, comenta Gross.

O músico gaúcho explica que a influência de George em sua obra está materializada em várias composições, como em Dança das Almas, do álbum Tempo Louco (2021), e também na música E o Vento Levou, que abre último trabalho, Exilado (2022). “Usei uma guitarra de 12 cordas, pontuando com piano como o George fazia nas canções dos Beatles entre 1964 e 1965.” Fã de toda a discografia solo de George, especialmente do álbum All Things Must Pass, Gross destaca como um diferencial do músico inglês o uso de slide guitar, método de tocar que utiliza um pequeno tubo oco cilíndrico a fim de criar novos efeitos do instrumento. “Uma música indicada para a galera sacar isso é a que dá título ao disco de 1987, Cloud Nine. O solo de slide é muito bonito. Além, é lógico, de My Sweet Lord e de Give Me Love, nas quais também foi usado esse recurso. Por isso, pra mim ele é o maior guitarrista de slide de todos os tempos. Salve George!”

Queria tocar como Beatle George

Lúcio Brancato aprendeu a tocar cítara inspirado nas músicas dos Beatles
Lúcio Brancato aprendeu a tocar cítara inspirado nas músicas dos Beatles Foto: Daniel Fontana/Especial
No Brasil, ao longo dos anos alguns artistas prestaram homenagens a George Harrison, ora gravando releituras traduzidas, como Lá Vem o Sol (Here Comes The Sun), de Lulu Santos, ou O Amor Vem pra Cada Um (Love Comes to Everyone), interpretada por Zizi Possi, ora no idioma original, como Give Me Love, cantada por Marisa Monte.

Em 2006, Júpiter Maçã (Flávio Basso) lançou a canção Beatle George para reverenciar o ídolo. "...queria cantar como o Beatle George", fala a música que tem a cítara, tocada pelo gaúcho Lúcio Brancato, como um dos seus instrumentos.

Lúcio já gravou com bandas como Pata de Elefante, Cachorro Grande e DeFalla e se considera influenciado pelo beatle e pela cultura indiana. "Tenho muito orgulho de ter participado desde o comecinho da composição. Fiz o arranjo de cítara sentado no chão do apartamento do Flávio e guardo na lembrança, com muito carinho, aquela tarde com ele só com um violão de nylon e eu com a cítara criando o riff clássico."

Seu primeiro contato com o instrumento indiano, recorda Lúcio, se deu ouvindo os Beatles a partir da gravação de Norwegian Wood (Rubber Soul, de 1965) e na sequência os álbuns Revolver e Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band. "Eu já tocava guitarra e demais instrumentos de cordas, me apaixonei pela sonoridade do instrumento e o desafio de aprender algo tão diferente."

Lúcio diz que George Harrison sempre foi seu beatle predileto pela postura, carisma e humor britânico ao máximo. "Ele tem um papel fundamental na minha vida. Sua paixão pela cultura oriental me inspirou e me instigou a buscar novos conhecimentos culturais. É o tipo de ídolo que parece próximo porque passa muita tranquilidade", conta.

Discografia de George Harrison

Preparamos uma playlist no Spotify, com curadoria da equipe de jornalistas do Grupo Sinos e do músico Marcelo Gross, contando com canções compostas e/ou interpretadas por George Harrison nos Beatles e em sua carreira solo. Confira:

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