SEM RENDA: Comerciantes do Núcleo de Casas Enxaimel relatam dificuldades após enchente causada por ciclone

Há quase duas semanas, as águas do Arroio Feitoria elevaram a três metros do nível da rua, deixando o Núcleo de Casas Enxaimel submerso. A enchente destruiu os estabelecimentos, a rua, e deixou praticamente todo o ponto turístico irreconhecível. A Prefeitura ainda realiza obras para tentar devolver o brilho ao local e os comerciantes se unem para voltar a ter de onde tirar seu sustento.

Um destes casos é o do casal Michelle Petineli e Vagner Roberto de Paula, da Cozinha Colonial. Há três anos, eles largaram seus empregos para se dedicarem exclusivamente à produção de pães, geleias, caponatas, chutneys, focaccias, queijo colonial, salames, linguiças, torresmo, entre outros. Todos os produtos eram vendidos aos domingos no Núcleo, mas agora a opção é improvisar.

“A Feira Colonial é nossa principal fonte de renda com os turistas. Como alternativa, fizemos uma “feira” no quintal da nossa própria casa, que fica no Centro. No primeiro domingo após a enchente, não vendemos nem para cobrir os custos”, comenta Petineli. No último domingo (25), a Prefeitura conseguiu, como exceção, a participação dos comerciantes da AFECOI - Associação da Feira Colonial de Ivoti, entre eles, Michelle e Vagner, na Feira da Colônia Japonesa.

Além da feira no quintal, o casal também começou a vender sob encomenda nas redes sociais. Mesmo com a venda na Colônia Japonesa, a queda na receita foi de 80%.

Tragédia mostrou união entre os associados

Para Giovane Schneider, responsável pelo Armazém da Feira Colonial, os 26 associados da AFECOI têm mostrado uma união muito grande nos trabalhos de limpeza e recuperação do local. “Tudo o que está ao nosso alcance, estamos fazendo. Tiramos todo o lodo de dentro das casas e já lavamos tudo. Mas os móveis de madeira que sobraram e o assoalho estão inchados, o piso levantando do chão. Precisamos pensar em nos reerguer para voltar a comercializar e receber os turistas”, projeta.

No lado de fora do Armazém, o comerciante, que tem cerca de 1,80m de altura, precisa se esticar para alcançar o ponto onde a água chegou. “Estou aqui há 15 anos, o máximo que eu tinha visto de enchente era por volta de meio metro, tanto que algumas pessoas chegaram a vir aqui durante a noite para levantar algumas coisas para cima das mesas acreditando que isso seria suficiente”, acrescenta Schneider.

Segundo ele, a previsão de reabertura era já no mês de julho, no entanto, ele não acredita que as atividades serão retomadas já no próximo mês.

Prefeitura fala em retorno parcial

A Prefeitura de Ivoti informou que até o momento, foram realizados diversos mutirões com voluntários e equipes do Município, que estão trabalhando diariamente para a retomada mais breve possível das atividades no Núcleo de Casas Enxaimel.

“Devido à gravidade das perdas, sabemos que este será um retorno parcial, inicialmente adaptado, mas com o intuito de fornecer um espaço seguro e a retomada das atividades econômicas e turísticas do espaço, uma vez que, diversos expositores têm como fonte de renda a venda de seus produtos nas feiras que ocorrem no Núcleo”, disse.

Além disso, foi criada uma vaquinha virtual para arrecadar fundos para a AFECOI e a ADETUR (Associação pelo Desenvolvimento Turístico de Ivoti), que também compõem o Núcleo.