Além de pressionar o sistema hospitalar, a Covid-19 desencadeia uma crise na economia dos municípios que não se supera em 14 dias, como costuma ser a recuperação de pacientes com quadro leve da doença. Somente neste ano, 554 empresas fecharam as portas, segundo dados da Junta Comercial. O segmento de serviços lidera o ranking das extinções, com 334 cadastros cancelados.
Com relação à natureza jurídica desses negócios, o modelo mais afetado é o empresário (E) - pessoa física que exerce profissionalmente uma atividade econômica sem se constituir pessoa jurídica e sem a participação de qualquer sócio, mas que, para fins do Imposto de Renda, é equiparado à pessoa jurídica. Porém, ainda assim e obrigatória a inscrição do empresário na Junta Comercial. Até segunda-feira, foram 458, o que reflete o peso da crise nas costas de quem toca sozinho uma empresa.
Outros dois tipos jurídicos constam no bloco dos encerrados: Sociedade Limitada (LTDA) e Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI), com 82 e 14 extinções, respectivamente.
O porte das empresas fechadas também ajuda a entender os efeitos da crise. A maior parte (313) remete às microempresas (ME). Em seguida, as normais (225) e as empresas de pequeno porte (EPP), sendo 14.
Entidades que representam o setor entoam há meses o discurso sobre a falta de incentivos. À frente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) do município, Marcos Negrini lamenta a situação. "O setor produtivo está sendo fortemente prejudicado pelas restrições, efeitos de atitudes das quais não é origem. O assunto é recorrente e estou sendo repetitivo, mas é impossível não chamar sempre a atenção para esse fator tão ameaçador à sobrevivência das empresas. Precisamos de medidas efetivas dos governos, nas três esferas, para minimizar os efeitos danosos às atividades produtivas."
Na tentativa de proporcionar algum alívio para os empresários, o governador Eduardo Leite anunciou a prorrogação das datas de vencimento do ICMS, passando do dia 12 para o dia 25 nos meses de março e abril, para negócios dentro do regime geral de tributação. Mas a iniciativa não foi bem recebida. Para entidades canoenses, o prazo é muito curto.
"Essa prorrogação é muito pouco. Nós esperávamos o retorno das atividades. Porém, entendemos que estamos todos vivendo uma situação grave. Sabemos que as empresas precisam de um auxílio assim para continuar existindo, mas esperávamos mais", comentou a vice-presidente da Câmara de Indústria e Comércio e Serviços (Cics) de Canoas, Ellen Neumann Bitencourt.
Segundo ela, a iniciativa privada vem sofrendo com a pandemia há um ano e negócios deixaram de existir, o que deveria ser mais um motivo para o auxílio do governo gaúcho ser maior. "Esperávamos pelo menos uma prorrogação maior desses impostos. Deveria ser dado um respiro maior. O prazo que ele (Leite) deu, eu nem sei se as empresas já estarão de volta às atividades", acrescentou.
Negrini compartilha da frustração. "Serão 22 dias de bandeira preta e 13 dias de prorrogação de vencimento. Não é alentador, convenhamos."
Receba notícias diretamente em seu e-mail! Clique aqui e inscreva-se gratuitamente na nossa newsletter.