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Notícias | Canoas OPERAÇÃO COPA LIVRE

Sindicatos apoiam intervenção do Estado no Hospital Pronto Socorro de Canoas

Lideranças da área médica falam sobre o pedido do Ministério Público (MP) para que Estado passe a administrar a casa de saúde; medida visa garantir atendimento à população

Por Da redação
Publicado em: 04.04.2022 às 07:48 Última atualização: 04.04.2022 às 10:12

Sarita Menezes precisou de atendimento rápido na tarde de sábado (2) para o sobrinho que fraturou a perna. Correu até o Hospital de Pronto Socorro de Canoas (HPSC), onde foi atendida: "A gente veio correndo porque o sangue não parava de correr, mas ele foi atendido e deu tudo certo."

Gestão do Hospital de Pronto Socorro de Canoas (HPSC) está na mira do Ministério Público
Gestão do Hospital de Pronto Socorro de Canoas (HPSC) está na mira do Ministério Público Foto: PAULO PIRES/GES
Pacientes ouvidos pela reportagem relatam que não houve impacto até o momento no atendimento a urgências e emergências no HPSC após a Operação Copa Livre. A ofensiva afastou dos cargos o prefeito Jairo Jorge (PSD) e os secretários de Saúde, Maicon Lemos, e de Planejamento, Fábio Cannas, pelo prazo mínimo de seis meses, na última quinta-feira (31).

Um contrato referente à casa de saúde é investigado pelio Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP).

Há suspeita de irregularidades, segundo o MP, que ajuizou uma ação pedindo a intervenção do Estado na gestão do Hospital de Pronto Socorro de Canoas (HPSC) por 120 dias. A medida vem como um desdobramento da ofensiva que fez apontamentos sob a Aceni, organização que substitui o Grupo de Apoio à Medicina Preventiva e à Saúde Pública (GAMP) na gestão da casa de saúde. O município destaca que ainda não foi notificado oficialmente e que não há, até o momento, decisão sobre o caso.

Na avaliação do vice-presidente do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), Marcelo Matias, a intervenção do Estado é a melhor medida para garantir segurança.

"Desde que a operação foi desencadeada estamos em contato direto com os profissionais do HPSC", aponta. "É claro que o sindicato ainda não tem uma posição oficial sobre a intervenção do Estado. Porém, ouvimos alguns médicos e acreditamos essa seja a melhor solução para os profissionais e para as pessoas que precisam do serviço."

Matias revela que alguns médicos apontam "desmandos" e "falta de organização" na gestão do HPSC", problemas que podem ser solucionados somente com uma "gestão séria".

"Os problemas sempre existiram na gestão da saúde de Canoas", frisa. "Eles continuam e devem ficar mais claros, porque o MP está de olho. Na atual conjuntura, o melhor é a intervenção".

Por fim, o vice-presidente do Simers elogia profissionais que, segundo ele, estão trabalhando, mesmo que ainda não tenham recebido as rescisões de antigos contratos.

"Eles são guerreiros, mas do jeito que está a saúde de Canoas, não dá para continuar".

Sindisaúde preocupado

O presidente do Sindisaúde-RS, Julio Jesien, disse ainda não ter recebido reclamações de profissionais ligados ao serviço do HPSC. Imagina, contudo, que seja apenas uma questão de tempo para que elas apareçam.

"A falta de competência na gestão da saúde em Canoas não é nenhuma novidade há muito tempo", reclama. "O número de reclamações é enorme porque quem deveria estar preocupado com a administração está pensando somente em lucrar."

Jesien diz que a intervenção no HPSC pode ser positiva, dependendo de como o Estado vá conduzir a questão. Ele concorda que é preciso que algo seja feito, no entanto, aponta que a solução deveria ser "caseira".

"Para que a saúde de Canoas volte a funcionar bem, é preciso deixar de terceirizar a gestão", diz.

"Se o Estado intervir e a saúde de Canoas terminar como grupos como a Santa Casa e o Mãe de Deus, que têm uma tradição consolidada de seriedade e atenção à população, acredito que a solução seja viável. Agora, se o Estado assumir para promover uma nova licitação que vai terminar com uma empresa suspeita novamente à frente do hospital, não adianta."

HPSC é referência, diz a presidente do Sindicato dos Enfermeiros

Presidente do Sindicato dos Enfermeiros no Estado do Rio Grande do Sul, Cláudia Franco, chama a atenção que, para além dos limites de Canoas, casas de saúde como o HPSC e o Hospital Universitário (HU) são referências para 144 municípios. "O que está em jogo é uma parcela enorme da população que busca por atendimento e serviços todos os dias. São vidas que estão pagando por uma gestão precária na saúde."

A presidente também concorda que seria positiva uma intervenção por parte do Estado na atual administração do HPSC. Ela afirma que "não chegou a ser uma surpresa" quando o MP divulgou as suspeitas. "O histórico de Canoas é de constantes problemas na saúde", lembra. "Quando começaram a falar que o Gamp sairia, houve uma enorme expectativa sobre quem iria assumir. O problema é que aquilo apontado como solução também era um problema", opina.

"Parece até que ninguém pesquisou a idoneidade da organização social que hoje administra o HPSC. Só que isso acabou sendo muito discutido e falado durante nossas reuniões com a Prefeitura de Canoas e ninguém pareceu dar atenção."

Justiça

Um dos responsáveis pela batizada Operação Copa, o subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Institucionais, Júlio César de Melo, reuniu-se com a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, na manhã de quinta-feira para tratar da intervenção do Estado no HPSC. "O Ministério Público quer evitar que o cidadão seja penalizado com a falta de atendimento", explicou.

Contratos no olho do furacão

Desde os primeiros momentos da saída do Gamp, sindicatos alertavam para a necessidade de análise acurada da "biografia" das substitutas.

No HPSC, o Instituto de Atenção à Saúde e Educação (Aceni) teve sua atuação questionada pelo MP, o que pode culminar na intervenção estadual. Procurada, a Aceni não se manifestou.

Durante todo o tempo durante a coletiva da Operação Copa Livre, repetiu-se a frase "não podemos divulgar mais detalhes para não atrapalhar as investigações". É um possível indicativo de que a saúde canoense e seus contratos passam por um pente-fino das autoridades, de forma ampla.

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