Chuva de pinos de cocaína intriga moradores de área central de cidade do RS

Em meio ao ápice da pandemia, virou notícia um condomínio de alta classe no Rio de Janeiro que incluiu uma cláusula de multa prevista a moradores que deixassem pinos de cocaína vazios atirados pela área comum do prédio.

Na justificativa do documento, o síndico explicava que crianças estavam juntando e brincando com os microtubos. Bem distante da cidade maravilhosa, em Canoas, moradores e comerciantes estão convivendo com o mesmo incômodo, encontrando dezenas de pinos de cocaína vazios no chão de uma área central da cidade.

Por aqui, a droga também estaria saindo de um prédio. Uma moradora, que entrou em contato com a reportagem, relatou que as plantas e folhagens que tem em casa acabam ficando cheias dos microtubos tipo eppendorf, usados pelos traficantes para vender cocaína.

"Eu não acho normal que estes tubinhos sejam largados assim desse jeito. Acho que cada um é responsável por aquilo que faz, mas é preciso um pouco mais de cuidado e respeito. Eu vou juntado os tubinhos, mas isso não deveria ser assim tão escancarado", opinou a mulher, que preferiu não ser identificada.

Os microtubos também podem ser vistos espalhados pela calçada da Avenida Victor Barreto, no Centro. Um comerciante que atua há anos na área, aponta que a "sujeira" deve ser de alguém que consome mais drogas durante os feriados. Isso porque, segundo ele, é após os feriadões que se vêem mais pinos espalhados pela calçada.

"Eles são todos coloridinhos e chamam a atenção", aponta o trabalhador, que também preferiu permanecer anônimo. "Uma criança se abaixa e pega mesmo, achando que é para brincar, o que não acho certo. A gente fica meio assim, estranho, de falar, mas deve ser algum morador que faz festinha e vai largando, porque cocaína custa caro. O pobre, de verdade, não tem dinheiro para comprar", pontua.

Já outra comerciante da área, igualmente com receio de revelar a identidade, apontou encontrar constantemente pontas de cigarro de maconha na entrada do prédio e também na sacada do segundo piso do estabelecimento que administra.

"Não é nem por mim, mas, como tenho criança, me preocupo bastante. O odor é muito ruim e o meu guri sente. Não sei a quem pertence, mas gostaria, sinceramente, que alguém tomasse alguma providência séria".

Polícia Civil vai investigar

O caso chegou até a Polícia Civil. Segundo o delegado Marco Guns, responsável pela 1ª Delegacia de Polícia (DP), a polícia vai apurar a quem pertencem estas drogas que estão sendo consumidas na área. "É um absurdo que isso esteja acontecendo", comentou. "A população não precisa passar por este tipo de constrangimento".

Conforme Guns, a Polícia Civil vai atrás de imagens de câmeras de segurança, visando descobrir como as drogas estão chegando ao local e quem anda jogando os pinos vazios pela janela. "Como se trata de uma área em pleno Centro, calculamos que existem câmeras apontando para o endereço onde esta situação está se repetindo. Vamos tentar conseguir imagens que revelem os responsáveis", avisa.

Desrespeito, afirma comandante da BM

Na avaliação do tenente-coronel André Luiz Stein, que está no comando da Brigada Militar (BM) no município, o que vem acontecendo na Avenida Victor Barreto é um caso de "total desrespeito" na vida em comunidade.

"É um total desrespeito", observa. "Precisamos identificar o usuário e tomar as medidas necessárias para que isso não se repita", defende.

O comandante do 15º Batalhão da Polícia Militar (BPM) comenta que qualquer um pode entrar em contato com a BM por meio do 190. "A informação pode ser anônima sem qualquer problema", informa.