"Foi uma covardia o que fizeram", diz irmão do comerciante morto após espancamento em Canoas
Luiz Augusto dos Santos Lopes foi agredido por dois homens após uma briga de trânsito; vítima havia sobrevivido a um derrame em 2022
Aos 57 anos, Luiz Augusto dos Santos Lopes se recuperava de um derrame quando, no meio da noite do dia 13 de maio, se envolveu em uma discussão no trânsito na Avenida 17 de Abril, no bairro Guajuviras, em Canoas.
CONFRONTO COM A BM: Polícia investiga se morte de assaltante foi causada por disparos ou capotagem
Jovem desaparecida é encontrada com vida após ficar presa por dois dias em buraco
"Eu pressenti": Namorada de motociclista morto na BR-116 se emociona ao ir ao local do acidente
Luiz Augusto foi levado às pressas para a emergência do Hospital de Pronto Socorro de Canoas (HPSC). Entrou em coma devido ao afundamento no crânio causado pelas lesões e teve o óbito registrado oito dias depois das agressões.
O crime cometido por volta de 21h30 foi flagrado não somente por câmeras de segurança em estabelecimentos na área, como também por pessoas que passavam pelo local e gravaram a briga com aparelhos celulares.
As imagens compartilhadas por meio das redes sociais nas últimas semanas são chocantes. Os vídeos mostram Luiz Augusto tentando inutilmente se defender até cair inconsciente no asfalto enquanto vozes suplicam para que os agressores parem.
"Foi uma covardia o que fizeram", desabafa diz irmão do comerciante Luiz Flávio Santos Lopes. Irmão do comerciante, o trabalhador de 59 anos conta que estava chegando em casa naquela noite quando recebeu a informação de que Luiz Augusto estava hospitalizado em estado grave.
"Vi meu irmão todo machucado no hospital", conta. "Ele não durou muito tempo consciente e entrou em coma para não voltar mais. Foi muito triste o que aconteceu porque estava muito bem. Ele sobreviveu a um derrame no ano passado para morrer espancado no Guajuviras".
Barbarismo
A morte de Luiz Augusto foi sentida pela comunidade do bairro Guajuviras. As agressões já eram comentadas, então a morte foi recebida com pesar por amigos e vizinhos do trabalhador vítima da violência.
"Foi uma barbaridade o que aconteceu", lamentou o vizinho Jorge Meirelles. "O que mais indigna para quem assiste ao vídeo é que tinha gente gritando, mas que não fez nada para impedir que ele parasse de apanhar", completa o aposentado de 64 anos.
'Ele apanhou muito na cabeça', diz delegada
O caso de agressão era apurado pela 3ª Delegacia de Polícia (DP) de Canoas por ser classificado como lesão corporal. O óbito, contudo, levou o crime à esfera do homicídio.
"O caso já era grave e agora ficou mais. Trata-se de um crime hediondo", lamenta a delegada Luciane Bertoletti. "Pelo que observamos não foi usado nenhum instrumento, mas ele apanhou muito na cabeça. Foram muitos socos e chutes".
Conforme Luciane, o inquérito foi encaminhado à Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Canoas ainda nesta segunda-feira (29). A partir de agora, caberá à especializada dar prosseguimento à investigação.
A Polícia Civil já trabalha com suspeitos para o caso, porém o delegado responsável pela Delegacia de Homicídios, Pablo Soares, preferiu não comentar o caso antes de estar completamente informado do que aconteceu na Avenida 17 de Abril.
Violência no trânsito
Não é de hoje que a violência no trânsito assusta os moradores de Canoas. No ano passado, um homem de 41 anos acabou morto a tiros após uma discussão surgida no trânsito.
André Luis da Silva Dutra estava voltando para casa de carro com a esposa, quando observou um motorista fazendo manobras em zigue-zague no meio da rua. André fez um gesto com as mãos xingando o homem, o que deu início a uma discussão.
O homem que fazia a manobra arriscada ameaçou André. Ele teria voltado para casa e buscado uma arma, segundo a Polícia Civil. Ele então procurou e achou o motorista. André foi atingido com um disparo na região tórax e morreu a metros de casa. O suspeito fugiu, mas foi preso horas depois.