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Notícias | Canoas OPERAÇÃO DATA LEAK

Polícia investiga vazamento de dados sigilosos do Tribunal de Justiça do RS a advogados

Senhas eram usadas para acessar processos criminais e obter informações privilegiadas para criminosos, conforme investigação da 3ª Delegacia de Polícia (DP) de Canoas

Publicado em: 07.06.2023 às 17:17 Última atualização: 07.06.2023 às 17:17

A Polícia Civil investiga um possível vazamento de dados sigilosos envolvendo servidores do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) a advogados que atuam na defesa de criminosos.

A batizada Operação Data Leak, desencadeada na manhã desta quinta-feira (7) pela 3ª Delegacia de Polícia (DP) de Canoas, mira suspeitos de cometeram crimes de violação de sigilo funcional e associação criminosa.

Segundo a delegada Luciane Bertoletti, que responde pela investigação, são investigados três advogados e dois servidores do Poder Judiciário em atividade no TJ-RS.

A apuração começou em setembro do ano passado, quando Luciane ainda era titular da 1ª Delegacia de Polícia (DP) de Esteio e conduzia uma investigação importante. "Na época, estranhei que um advogado impetrou habeas corpus preventivo em favor de seu cliente, antes mesmo da análise dos pedidos de busca e apreensão que solicitei ao Judiciário", lembra.

A partir do cruzamento de dados, a Polícia Civil chegou à identificação dos advogados e dos servidores que estariam envolvidos em um esquema que envolvia troca de favores a advogados de suspeitos de crimes.

"A partir da apuração dos dados, acabamos identificando quem havia feito o acesso", explica. "O próprio TJ colaborou com a investigação e posteriormente informou que foram usadas senhas de um servidor e de um estagiário".

Em resumo, as senhas eram usadas para acessar processos criminais e, assim, obter informações privilegiadas para clientes, interferindo em pedidos de prisões cautelares e outros processos que corriam em sigilo no TJ-RS.

"Sem dúvida, prejudicaram o curso de investigações que estávamos conduzindo", conclui a delegada.

Confira a nota oficial do TJ-RS sobre o caso:

O Tribunal de Justiça iniciou a investigação sigilosa há dez meses, a partir da impetração de um habeas corpus em favor de um investigado, cujos fundamentos eram a transcrição da medida cautelar proposta pela Delegacia de Polícia que ainda nem havia sido analisada pelo Judiciário.

Desta forma, foi identificado quem havia feito o acesso e de onde ele havia partido. Com base na apuração desses dados, o TJ passou a investigar o que estava acontecendo e, a partir dos dados apurados, informou o Ministério Público e a Polícia Civil. Nesse caso, a investigação mostrou que foram usadas senhas de um servidor e de um estagiário.

Além do processo criminal, seguem as apurações administrativas por parte do Tribunal de Justiça. O estagiário já foi afastado. A Administração do Judiciário gaúcho também está trabalhando na blindagem do sistema para não haver mais o uso inadequado de senhas.

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