Semana marcada por protestos e início das discussões sobre orçamento de 2023
Enquanto estradas eram ocupadas pelo Brasil, equipe de transição iniciou articulações junto ao Congresso Nacional
A primeira semana pós-eleição começou com manifestações antidemocráticas em diversos Estados do País. Inconformados com os resultados das urnas no dia 30, apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas urnas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ocuparam rodovias e foram para frente de quartéis com exigências diversas que tinham sempre como fundo a insatisfação com o resultado eleitoral. Enquanto isso, a equipe de transição do presidente eleito foi definida e iniciou as articulações junto ao Congresso Nacional, encerrando a semana preparando um pedido de mudanças para o orçamento 2023.
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O princípio de crise se estendeu mesmo após a fala do presidente, um discurso que teve duração de dois minutos. Na ocasião, após a fala de Bolsonaro coube ao ministro-chefe da Casa Civil Ciro Nogueira (PP) confirmar o início dos trabalho de transição. Enquanto isso, os manifestantes seguiram nas ruas e foram a prédios das Forças Armadas pedindo por intervenção militar.
O presidente veio a público mais uma vez na quarta-feira (2), pedir categoricamente para que as estradas fossem desbloqueadas. A partir daí o movimento foi perdendo força.
De olho em 2023
O movimento foi ignorado pela equipe de transição de Lula. Coordenado pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), o grupo realizou na quinta-feira (3) a primeira reunião com o Congresso Nacional para discutir o futuro do orçamento.
Um dos homens fortes no processo de transição, o deputado federal e presidente do PT do Rio Grande do Sul, Paulo Pimenta, foi taxativo ao falar sobre como o tema das manifestações foi tratado no encontro. "Preocupação zero", afirmou o petista dizendo que o tema orçamentário é o mais preocupante.
Em coletiva de imprensa no mesmo dia, Alckmin preferiu dar uma atenção maior ao tema, afirmando que "o direito de ir e vir é sagrado".
O ex-governador de São Paulo teve um dia intenso na quinta-feira, participando de reuniões e concedendo ao menos três coletivas. Em um encontro que não estava agendado, ele conversou com Bolsonaro e afirmou que o presidente não pretende causar empecilhos para o novo governo que assume no dia 1º de janeiro. "(A conversa) Foi, em resumo, para reiterar os compromissos em relação à transição."
Mais dinheiro será necessário
A primeira reunião com os membros do Congresso tratou de um assunto prioritário, o orçamento do Governo Federal para 2023. O senador Marcelo Castro (MDB), que é o relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), abriu o precedente para que o próximo governo descumpra o teto de gastos.
"O orçamento que estamos trabalhando foi apresentado legitimamente pelo atual governo e legitimamente, o governo eleito está fazendo gestões para emendá-lo para que possa se adequar ao novo orçamento", disse Castro, que pontua boa vontade dos congressistas para aprovar uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que permita ao próximo governo cumprir medidas anunciadas durante a campanha, entre elas o Auxílio Brasil, no valor de R$ 600.
Compromisso assumido tanto por Lula quanto por Bolsonaro, o pagamento do benefício tinha um valor de R$ 405 previstos no orçamento enviado originalmente pelo Planalto. Membros da equipe de transição se mostraram assustados com a falta de recursos previstos para o próximo ano que impactaria em inúmeras outras áreas, como saúde, por exemplo. Os valores de furo do teto de gastos são discutidos e serão apresentados na terça-feira (8) no Congresso. No mesmo dia está prevista a chegada de Lula à capital federal.