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Notícias | Região No RS

Um ano de pandemia: quem são as vítimas da Covid?

Levantamento que apontou perfil das vítimas a indica peso decisivo do acesso a saúde, alimentação adequada e fontes de renda

Por Débora Ertel
Publicado em: 17.03.2021 às 03:00

UTI estão lotadas em todos os hospitais do Estado Foto: Divulgação
A obesidade é uma das comorbidades mais presentes nas vítimas jovens de Covid-19 no Estado. A falta de escolaridade também é uma característica comum entre os mortos pela pandemia no Rio Grande do Sul. O perfil das vítimas e das internações, apesar da alta na contaminação, tem se mantido ao longo de um ano.

Esses dados foram apresentados ontem durante o Papo Científico, uma conversa promovida pelo Piratini entre Richard Salvato, especialista em saúde do Laboratório Central do Estado (Lacen), Eduardo Viegas da Silva, farmacêutico da Secretaria Estadual da Saúde, e Cynthia Molina Bastos, diretora do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS). O governador Eduardo Leite participou da abertura.

Dados da pesquisa sobre perfil das vítimas de Covid no RS

Conforme a Secretaria Estadual da Saúde, nos últimos seis dias a contaminação cresceu 5,84%. O índice é superior ao período de 5 a 10 de março, quando o aumento tinha sido de 3,81% nos casos confirmados.

Apesar de se ouvir relatos dos profissionais da linha de frente sobre a elevação de atendimento de jovens, as estatísticas mostram que não houve alterações significativas no perfil dos pacientes desde o início da pandemia. "O que sabemos agora é que a transmissão está mais rápida e por isso há mais gente doente", comentou Cynthia.

De acordo com os pesquisadores, a gravidade da nova cepa não está demonstrada, apenas o potencial maior de infecção.

Até segunda-feira, haviam morrido de Covid no mês de março 2.360 pessoas, o maior número de óbitos registrado em toda a pandemia. Destas vítimas, 1.852 com idade acima de 60 anos. A maior taxa de mortalidade era entre 80 e 89 anos.

Infecções graves são em média 5%

Estima-se que 5% dos pacientes infectados desenvolvam problemas graves por causa da doença. Como o número de infectados não para de crescer desde fevereiro, a rede de atendimento em saúde entrou em colapso.

"Se temos tanta gente jovem no hospital, temos muito mais gente jovem fora do hospital transmitindo, em isolamento em casa ou na rua sem saber. Esse é um pouco o exercício que fazemos e que começa a dar medo", avaliou Cynthia.

Segundo o levantamento, entre os idosos gaúchos que morreram de coronavírus, a prevalência de doenças preexistentes é do coração, diabetes e pressão alta. Já nas pessoas abaixo de 60 anos, a comorbidade mais frequente, além de doenças cardíacas e diabetes, era a obesidade.

 

Outros pontos de destaque

Os especialistas também chamaram atenção para o fato de doenças como a apneia do sono, manifestada pelo ronco, e o consumo exagerado de álcool, terem impacto na qualidade de vida dos pacientes, mas não serem listadas como comorbidades.

Outro dado que chama atenção no perfil dos óbitos é que, com exceção da faixa etária de 80 anos ou mais, a maioria das vítimas não tem nenhuma escolaridade. Na avaliação dos pesquisadores, isso tem reflexo direto no acesso a renda, saúde mental, alimentação adequada, moradia e tempo para fazer atividade física, entre outros. A falta de estudo não tem impacto entre os mais idosos porque nesta idade a letalidade do vírus é rápida e alta, independente das condições de vida do paciente.

Conforme o boletim genômico do coronavírus, que já está na quarta edição, o CEVS já identificou no Rio Grande do Sul 20 linhagens de coronavírus. Mas isso não quer dizer que todas essas variações do vírus estejam circulando agora.


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