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Igrejinha tem explosão nos casos de dengue e número de positivados chega a quase 700

Alta nos casos da doença causada pelo mosquito Aedes aegypti foi registrada na cidade do Vale do Paranhana em menos de 30 dias

Por João Linden e Diego Land
Publicado em: 21.03.2022 às 06:00 Última atualização: 21.03.2022 às 07:42

Não tem hora e nem lugar para os ataques dos mosquitos. Em Igrejinha, as chances de ser picado existem mesmo na área urbana e à luz do dia. Se isoladamente esse fato poderia ser classificado apenas como um incômodo, na cidade do Vale do Paranhana a presença dos insetos preocupa mais porque entre esses insetos está o Aedes aegypti, transmissor da dengue, doença infecciosa causada pelo vírus transmitido pelo mosquito e que está tirando o sono de muitos moradores da cidade.

Isto porque a alta presença de mosquitos vetores fez os casos de dengue explodirem na cidade. Os últimos números, de sexta-feira, confirmavam 696 pacientes positivados. Na cidade, quem não foi infectado conhece alguém que foi.

Saiba como identificar os sintomas da dengue

Prefeitura espalha inseticida em locais onde habitualmente há acúmulo de água parada
Prefeitura espalha inseticida em locais onde habitualmente há acúmulo de água parada Foto: Divulgação/PMI

A situação está tão crítica que mudou até mesmo a rotina do comércio de Igrejinha, como conta Juliana Nantal, 22 anos, de uma farmácia local. "Neste mês quadruplicou a procura por repelentes. O produto chegava à tarde e acabava no dia seguinte. Chegamos a ficar uma semana sem", revela Juliana, que também destaca a procura por testes para Covid-19. "Os sintomas entre as doenças são semelhantes. Todos que testam negativo para Covid, logo pedem o teste para a dengue, mas nós não temos", explica.

No supermercado de Marco Becker, 55, no bairro Figueiras, além dos inseticidas, a demanda por isotônicos - bebida muito utilizada na reidratação de pacientes de dengue - também é alta. "Não dou conta de abastecer as prateleiras. Nas últimas três semanas, a procura por esses produtos dobrou. Meu fornecedor não tem mais. Estou tendo que comprar no atacado", disse o comerciante, que teve a mãe e um funcionário infectados.

O caldeirista André Pedroso, 48, está preocupado com alunos de uma escola infantil próxima à sua casa. "Por enquanto, só passaram uma vez e entregaram um panfletinho e não falaram nada. Próximo daqui, há uma creche e, do outro lado da rua, tem um banhadão. Ali está cheio de mosquitos. Imagina se eles picam as crianças? As autoridades têm de fazer alguma coisa", cobra ele.

E elas estão sendo feitas, ao menos é o que garante o prefeito Leandro Horlle. "O que pode ter acontecido é que, com as atenções todas voltadas à Covid-19, a mobilização geral para combater o mosquito, os focos de água parada", considera Horlle.

Neste cenário, Horlle diz que medidas mais incisivas foram tomadas a partir da confirmação do primeiro caso, no dia 23 de fevereiro. De acordo com ele, a partir disso, foram intensificadas as campanhas de conscientização, a limpeza de locais que podem estar abrigando larvas, além de aumentar a aplicação de inseticidas e larvicidas e limpeza. Por causa da quantidade de casos, a estrutura do centro de triagem de Covid-19 foi adaptada para atender a pacientes que podem estar infectados por dengue.

Novas ações em estudo

"Estamos estudando, até mesmo juridicamente, a possibilidade de distribuir repelentes de mosquitos às gestantes nas unidades de saúde. Aplicar o produto nas escolas é outra ação que estamos cogitando", relata o prefeito.

Já o secretário de Saúde, Vinícius Wallauer, convoca a população a participar. "É fundamental que a comunidade auxilie as equipes, indicando possíveis criadouros. Fazer o dever de casa, limpando pátios, tampando caixas d'água e piscinas, e eliminando locais que possam abrigar larvas também é importante", destaca.

Dor pior que Covid

Sandra trabalha na companhia de repelentes contra insetos
Sandra trabalha na companhia de repelentes contra insetos Foto: Diego Land/GES-Especial
Dor, febre e muita fraqueza. A agressividade dos sintomas causados pela dengue surpreende até mesmo quem já estava "calejado" pela pandemia de Covid-19.

"No início do mês, senti os mesmos sintomas de Covid, mas bem mais fortes. Muita dor, febre e fraqueza. Quando peguei Covid não sofri tanto. A dor é muito pior. Tive de cozinhar sentada, porque não conseguia ficar em pé", conta a vendedora Sandra Cristina Müller, de 43 anos.

"No momento em que procurei por ajuda no hospital, encontrei cinco pessoas que já haviam testado positivo para dengue. Na nossa casa, eu, minha filha e meu genro fomos infectados. Só escaparam mesmo meu marido e meu filho", relata a vendedora.

Ela e a família moram e trabalham juntos no mesmo imóvel, no Centro de Igrejinha. Cada um tem um tubo de inseticida na mesa para evitar novos contatos com os mosquitos transmissores.

"Quase todo mundo pegou. Na casa ao lado, quatro pessoas tiveram dengue. Na residência da frente, uma família inteira também ficou doente", acrescenta Sandra.

Cidades do Paranhana se mobilizam

Apesar dos números de infectados não serem tão vultuosos quanto Igrejinha, algumas cidades do Paranhana já ligaram o sinal amarelo e acompanham de perto o que acontece em Igrejinha. Parobé já confirmou, ainda na sexta-feira, oito ocorrências de dengue. No mesmo dia, Três Coroas informou já ter tido sete pacientes com a doença, mas Rolante, por ora, diz só ter casos suspeitos. Já Taquara comunicou, no sábado, que tem dois casos positivos.

Horlle, que também preside a Associação de Municípios do Vale do Paranhana (Ampara) disse que cada cidade tem a sua realidade, Mas os municípios adotam medidas que se repetem na maioria dos casos: limpezas de locais suspeitos de terem larvas do mosquito Aedes aegypti, aplicação de larvicidas e inseticidas e conscientização das comunidades para que adotem medidas de contenção em suas propriedades.

No período de oito dias, Novo Hamburgo vai de 1 a 35 casos

No Vale do Sinos, o mosquito também exige atenção. Até o momento, Dois Irmãos é o município em que a dengue mais causa preocupação, com mais de 300 casos positivos. Mas o número de cidades com casos aumenta.

Em Novo Hamburgo, o primeiro caso foi confirmado no dia 9 de março. Uma semana depois, dia 17, o Município já contava com 35 casos confirmados de dengue e outros 54 suspeitos. Para evitar a propagação do mosquito e combater o aumento de casos, Novo Hamburgo iniciou, sexta-feira, a aplicação de inseticida. O serviço será feito sempre no final da tarde, entre 17 e 19 horas, ou no início da manhã, entre 6 e 8 horas. O horário foi escolhido por ser quando o mosquito mais ataca, conforme a bióloga do Projeto Dengue Novo Hamburgo, Marina Schmidt Dalzochio.

Além de Dois Irmãos e Novo Hamburgo, Estância Velha, Ivoti, Sapiranga e Morro Reuter também têm casos confirmados no ano.

Na conta das prefeituras

A Secretaria Estadual de Saúde foi procurada para se manifestar sobre a dengue em Igrejinha. Por meio de sua assessoria de imprensa, a pasta ainda informou que as políticas públicas de combate à dengue são de responsabilidade das prefeituras, acrescentando que o Estado apenas reúne dados e emite alertas.

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