Publicidade
Botão de Assistente virtual
Notícias | Região ECONOMIA

Produção calçadista lidera na criação de vagas

Chão de fábrica tem o maior número de novas oportunidades, mas venda, marketing e administrativo também crescem

Por Juliana Nunes
Publicado em: 18.04.2022 às 03:00 Última atualização: 18.04.2022 às 10:16

Entre aumento de exportações e reaquecimento do mercado, o setor calçadista do País já gerou 13 mil novas vagas só no primeiro bimestre de 2022. No Rio Grande do Sul são 4,7 mil novos postos de trabalho. Analistas apontam que a maior parte das vagas são para setores de produção.

Bruna Oliveira foi efetivada em janeiro deste ano
Bruna Oliveira foi efetivada em janeiro deste ano Foto: Juliana Nunes/GES-Especial
Dados da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) revelam incremento superior em relação ao mesmo período do ano passado. No Estado, há cerca de 7,5% a mais de pessoas empregadas no comparativo com igual intervalo em 2021.

As novas vagas têm relação direta com o aumento da produção. O setor calçadista passou a ter maior demanda, principalmente no mercado externo.

"Existe uma recuperação importante nos embarques de calçados, especialmente para os Estados Unidos, que importou quase o dobro de calçados brasileiros no primeiro bimestre em relação ao período correspondente de 2021. O fato tem ajudado na geração de vagas, que somam aproximadamente 40 mil empregos criados entre 2021 e início de 2022", afirma Haroldo Ferreira, presidente executivo da Abicalçados.

Apesar de grande parte dos novos postos de trabalho ser no "chão de fábrica", há também oportunidades em outros segmentos das indústrias de calçados, como nas vendas e no setor administrativo.

Tendência

Os dados da Abicalçados retratam exclusivamente o cenário da indústria do calçado, mas outros segmentos da cadeia têm impacto positivo no quesito empregabilidade, como o coureiro. Conforme o Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil (CICB), nos dois primeiros meses de 2022, foi registrada uma tendência de leve crescimento, com 1,7% a mais de postos, em relação ao mesmo período do ano passado.

"Esse é um movimento que deve continuar - de forma moderada e gradual, porém consistente. Durante o período crítico da pandemia, o setor de couros manteve os níveis de emprego sem grandes oscilações, pois foi classificado como atividade essencial pela ligação com a indústria alimentícia, de higiene e transportes (biodiesel). Ademais, o couro não deixou de investir. Então, agora que estamos com um ritmo intenso de produção, temos a capacidade instalada, tecnologia e a possibilidade de contratação de colaboradores", explica o presidente executivo do CICB, José Fernando Bello.

Capacitação e migração de profissionais

E qual o caminho para seguir gerando novos postos de trabalho e dar conta do aumento da demanda do setor? O presidente do Sindicato da Indústria do Calçado de Novo Hamburgo (SIC-NH), Paulo Ricardo da Silva, resume o tema em um verbo: capacitar.

"Temos que investir em capacitação. Ser sapateiro é uma grande coisa, precisamos valorizar. Tem gente em outras áreas e também na informalidade, precisamos trazê-los de volta. Mas as fábricas têm também que querer isso e não só em área de produção, mas na administrativa."

Batalha diária

Para o Sindicato da Indústria de Calçados, Componentes para Calçados de Três Coroas (SICTC), há ainda mais vagas no setor calçadista, mas ainda faltam interessados para ocupar estes espaços. Um dos motivos, conforme o tesoureiro do SICTC e empresário do setor, Marcio Port dos Santos, segue sendo a migração para outros setores da economia.

"Eu diria que é uma batalha diária para não perder colaborador. Na pandemia, muitas empresas precisaram demitir e estes colaboradores foram migrando para outros setores. Aqui na região isso ocorre até por uma questão salarial, muitos estão indo para o turismo, que tem tido grande incremento. Antes da pandemia, tínhamos 130 leitos (hotelaria) em Três Coroas, hoje temos mais de 800 leitos, e esta mão de obra saiu de algum lugar", avalia Santos.

Outra dificuldade, segundo o tesoureiro do Sindicato, é a contratação ser um pouco mais tardia. "Antes o setor podia contratar, como aprendiz, jovens de 14 a 16 anos, hoje não. A contratação ocorre a partir dos 18 anos, mas ao chegar nesta fase muitos já tiveram outro tipo de qualificação."

Demanda em outros pontos da cadeia

O setor de componentes e de máquinas, também voltado para a indústria de pares verde-amarelos, não possui dados oficiais de empregabilidade, mas também percebe um cenário mais positivo a partir do controle pandêmico e da mudança do sourcing mundial, com compradores trocando o Oriente pelo Ocidente, mais precisamente a China pela América Latina.

"Existe uma demanda crescente por calçados, o que acaba refletindo em toda a cadeia produtiva do setor. Embora mais forte no mercado externo, em função da reconfiguração do mercado mundial, que vem buscando fornecimento fora da China, a recuperação também se dá no ambiente doméstico. O reflexo é na empregabilidade da atividade. Temos notícias de carros de som que anunciam vagas nos principais polos calçadistas, com destaque para o Vale do Sinos", avalia a superintendente da Associação Brasileira de Empresas de Componentes para Couro, Calçados e Artefatos (Assintecal), Silvana Dilly.

Expectativa

Segundo o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Máquinas e Equipamentos para os setores do Couro, Calçados e afins (Abrameq), André Nodari, há mais contratações em 2022, principalmente na área da produção das fábricas. "Meu sentimento é de que ainda teremos mais contratações", diz Nodari.

Bruna Oliveira, 18 anos, é uma das novas contratadas. Desde janeiro deste ano é revisora na Wolfstore. "É meu primeiro emprego. Pretendo ficar e ir crescendo na empresa", conta.

De acordo com o diretor da empresa, Bráulio Wolf, o aumento na produção fez com que fossem chamados colaboradores para os setores de knit e manufatura.

Gostou desta matéria? Compartilhe!
Encontrou erro? Avise a redação.
Publicidade
Matérias relacionadas

Olá leitor, tudo bem?

Use os ícones abaixo para compartilhar o conteúdo.
Todo o nosso material editorial (textos, fotos, vídeos e artes) está protegido pela legislação brasileira sobre direitos autorais. Não é legal reproduzir o conteúdo em qualquer meio de comunicação, impresso ou eletrônico.