Com frieza, pastor confessou que estuprava quatro filhas no Vale do Sinos
Com uma delas, de 17 anos, religioso tem filho de 11 meses, e esposa do acusado, que é mãe das vítimas, sabia de tudo
Conhecida como religiosa e unida, a família de um pastor de 40 anos se revelou um lar de barbárie no bairro São Jorge, em Portão. O homem estuprava as quatro filhas adolescentes, com conhecimento da esposa, que é mãe delas, e todos na casa achavam normal. A mais velha, de 17 anos, engravidou. O bebê, que tem pai e avô na mesma pessoa, está com 11 meses de vida. O caso veio à tona por denúncia anônima e o pastor foi preso na manhã desta quarta-feira (24).
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A mãe viu
Ficou faltando a filha mais velha, de 19 anos. “Há a suspeita de que ela também é vítima. Porém, se negou a depor, possivelmente para proteger o pai.” A mãe, de testemunha, passou a investigada e deve ser indiciada ao final do inquérito. “Ela contou que viu uma das gêmeas chorando e logo depois o marido saindo do quarto. Também relatou que ele acabou admitindo o estupro desta e das outras meninas. Também falou que é o pai do bebê da adolescente.”
Prisão da mãe foi pedida e negada
Com as informações e depoimentos colhidos, o delegado pediu a prisão preventiva dos pais, por volta das 19 horas de terça, que teve parecer favorável do Ministério Público. No fim da noite, a juíza Flávia Paese Vaz Ribeiro decretou a do pastor e negou a da esposa. A medida imposta à mãe foi o afastamento das filhas menores. Hoje ela já estava de volta à casa da família com a de 19.
Por meio da assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça, a magistrada disse à reportagem que não vai se pronunciar porque “o caso trata de procedimento sigiloso”.
As quatro filhas e o bebê foram para um abrigo em Novo Hamburgo. O mandado de prisão contra o pai foi cumprido no trabalho dele, uma indústria da região, na manhã desta quarta.
"É um psicopata", diz delegado
O “repulsivo caso”, conforme definição do delegado, ganhou tom ainda mais surpreendente no interrogatório do pastor. Confessou os estupros às filhas com frieza e espantosa naturalidade. “É um psicopata.”
Para Mesquita, o homem se valia da figura do pai provedor e líder religioso para subjugar a família. “O casal, as cinco filhas e o bebê moravam na mesma casa. Só ele trabalha. É quem sustenta. Como pastor, submeteu a família a uma espécie de lavagem cerebral, impondo como aceitável o que acontecia naquela residência.”
A despeito das atrocidades, era ele quem reunia a família para rezar antes das refeições e se mostrava como meio de sustento. Também era a representação do guia espiritual no altar da igreja. “Nunca se espera que, justamente quem tem a missão de proteger, vai abusar dos filhos. Mas esse caso extrapola o inadmissível.”
Filhas sentem afeto e medo do pai
As filhas demonstram sentimentos conflitantes pelo pai. Em certos momentos, exprimiam afeto e, em outros, um medo inconsciente. A esposa, acusada de omissão e conivência, manifestava um temor servil. “Ele conseguia intimidar e manter sob controle. Pela família, esses fatos jamais teriam vindo ao conhecimento da Polícia. Tanto que só chegaram a nós por denúncia anônima”, comenta Mesquita.
Foi uma ligação ao Disque 100 do Ministério da Justiça, que recebe informações de violações de direitos humanos, que começou a desnudar os crimes. O pastor já tinha antecedentes criminais por abuso sexual contra adolescentes.