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Notícias | Região VALORIZAÇÃO

Profissionais da enfermagem fazem ato na região contra suspensão do piso da categoria

Mobilização ocorreu na manhã deste sábado, em São Leopoldo, e reuniu trabalhadores e entidades do setor

Por Priscila Carvalho
Publicado em: 10.09.2022 às 16:10 Última atualização: 10.09.2022 às 19:09

Dezenas de profissionais da Enfermagem reuniram-se, na manhã deste sábado (10), em São Leopoldo, para protestar contra a suspensão do piso salarial da categoria. A decisão liminar foi tomada há uma semana pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, para análise dos impactos do reajuste.

O ato ocorreu no Marco Zero da Rota Romântica, às margens da BR-116.

Profissionais de toda região participaram do protesto
Profissionais de toda região participaram do protesto Foto: Diego da Rosa/GES


Vestindo branco, carregando diversos cartazes e faixas, além de balões pretos e brancos, narizes de palhaços e apitos, os manifestantes pediam respeito, valorização e bradavam frases como: "Enfermagem na rua, Barroso a culpa é tua".

Os participantes também fizeram um minuto de silêncio pelos colegas mortos no exercício do trabalho, durante a pandemia de Covid-19, e bloquearam a BR-116, no sentido capital-interior, por curtos períodos de tempo. Muitos motoristas aplaudiam e buzinavam em apoio ao grupo.

Presidente do Sindisaúde Vale do Sinos, que representa os municípios de São Leopoldo, Sapucaia do Sul e Esteio, Andrei Rex destacou que profissionais e entidades de Novo Hamburgo, Estância Velha, Montenegro, Sapiranga, Sapucaia do Sul estiveram presentes no ato, além da Associação Gaúcha dos Trabalhadores da Saúde. "Queremos que a lei seja cumprida", resumiu Rex, ao tratar do objetivo da mobilização.

'Lidamos com vidas, mas nós estamos doentes'

Há 25 anos trabalhando como técnico de enfermagem, o presidente do Sindisaúde Montenegro, Alexsandro Morellato, 47 anos, disse que a notícia da suspensão deixou todos da área perplexos. Ele falou sobre a importância da enfermagem e do trabalho desenvolvido, por exemplo, durante a pandemia. "Abdicamos da convivência familiar, da saúde, para ajudar as pessoas, para lutar pela vida. A gente só quer ser reconhecido como uma classe trabalhadora", colocou.

"Lidamos com vidas, mas nós, trabalhadores, estamos doentes. Estamos sobrecarregados, lidamos com falta de medicamentos, falta de EPI, falta tudo, principalmente, dignidade. Pedimos apenas que sejamos dignos de sermos trabalhadores da saúde, de termos um emprego onde a gente possa sobreviver dignamente", enfatizou Morellato.

Tristeza por 'mendigar' valorização

As técnicas de enfermagem do Hospital de Sapiranga Patrícia Tonellotto, 39 anos, Tatiane Kohnlein, 40, Rocheli Braga, 38, Raquel Zimmermann dos Santos, 38, e Ivone Alves, 43, levaram cartazes e narizes de palhaço, para demonstrar indignação quanto à medida do STF. "Nos sentimos totalmente desmotivadas. É uma vergonha para nós, uma humilhação", disse Tatiane.

"Na época da pandemia, nós estávamos lá. Em nenhum momento, dissemos 'não' para a população. Estávamos sobrecarregados, com a tensão de estarmos perante a doença e podendo nos contaminar e a nossa família", justificou Patrícia.

"Em 2020, quando começou a pandemia, nós não tínhamos nenhuma dose da vacina e trabalhamos enquanto tudo estava parado. Em 2021, quando se teve muitas mortes, nós tínhamos apenas uma dose da vacina e estávamos lá, trabalhando, correndo risco, com amor para aqueles que precisam de atendimento e seus familiares", acrescentou Rocheli.

"Esse ato é triste, porque parece que a gente da enfermagem tem que mendigar uma valorização", lamentou Raquel, lembrando que todos os pacientes são atendidos por profissionais da Enfermagem quando buscam uma casa de saúde. "Sem a gente não há saúde, nada funciona", completou.

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