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Notícias | Região SAÚDE DOS PEQUENOS

Vacinação contra a pólio ainda é baixa e RS prorroga campanha

Na região, maioria dos municípios têm índices muito abaixo do esperado. Baixa cobertura e recusa à vacina preocupam pela volta da doença

Por Matheus Chaparini
Publicado em: 29.09.2022 às 07:00 Última atualização: 29.09.2022 às 08:13

Devido às baixas coberturas vacinais, a Secretaria da Saúde (SES) prorrogou até 22 de outubro, no território gaúcho, a Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite. Assim como no Estado, em todo o País, a procura pelo imunizante é baixa e preocupa médicos e especialistas. O principal fator é o negacionismo científico. Muitos pais desacreditam da eficácia da vacina e se recusam a imunizar seus filhos.

Crianças menores de cinco anos devem ser imunizadas
Crianças menores de cinco anos devem ser imunizadas Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Na região, a cobertura vacinal varia bastante. Campo Bom, por exemplo, imunizou mais crianças do que previa o Ministério da Saúde. E há municípios que vacinaram menos da metade do público-alvo, caso de Taquara, São Leopoldo e Novo Hamburgo.


A meta estabelecida pelo Ministério da Saúde (MS) é imunizar 95% de um total de 14,3 milhões de crianças. O número inclui as crianças de até um ano (2,7 milhões), que devem receber as vacinas do esquema básico, e as crianças de um a quatro anos (11,5 milhões), que recebem a popular gotinha.

O prazo é uma nova prorrogação motivada pela baixa procura. Desde 1994, o Brasil é considerado país livre da poliomielite. No entanto, com a baixa adesão vacinal, médicos alertam para os riscos de volta da doença. O alerta é motivado também pelo registro de novos casos no exterior, em países como os Estados Unidos e Israel.

Vacinação VOP

Negativa à vacina

Em Taquara, apenas uma a cada três crianças do público alvo recebeu a vacina. Os horários de três unidades de saúde foram ampliados até as 21 horas nas terças-feiras, a vacina foi oferecida nas escolas, em eventos públicos e até mesmo nos supermercados. Nada disso foi suficiente para ampliar a cobertura vacinal no município.

De acordo com a secretária de Saúde, Mariane da Silva, o principal motivo é a negativa dos pais, que dizem não confiar na vacina. "A gente tem esse movimento que cresceu muito contra a vacina. É algo recente. A gente oferece às famílias e alguns dizem que não querem e outros, que vão deixar para ir à unidade de saúde depois."

Outro fator que ajuda a explicar o baixo percentual é que algumas doses aplicadas nos primeiros dias não foram registradas, por problemas no sistema. Segundo a secretária, é um número pequeno, que não altera significativamente o percentual.

Meta superada

Na região, a maioria das cidades não atingiu a meta. A reportagem do Jornal NH fez um levantamento sobre a situação da cobertura vacinal em nove cidades da região, com base em dados do MS, consultados na tarde desta quarta-feira (28). Dos municípios pesquisados, apenas Campo Bom atingiu a meta.

De porta em porta

Para ampliar a cobertura, em Estância Velha, cinco equipes da Vigilância em Saúde fizeram busca ativa. No último sábado, as equipes saíram às ruas em busca de crianças que não estavam vacinadas. A ação alcançou 102 crianças, segundo a coordenadora da Vigilância, Eliane Fleck. Com a busca ativa, o percentual chegou a 82,9%. Até ontem, o município havia ampliado para 84,8%.

Doença tem consequências sérias e definitivas

Para especialistas, a baixa procura pela vacina traz o risco da volta da paralisia infantil. "É com tristeza que avaliamos essa situação, porque conseguimos antever as sérias consequências que isso pode acabar trazendo. Antes da vacina, os casos de paralisia infantil aconteciam e é uma consequência de saúde definitiva para a criança, que pode acometer também adultos", afirma a médica infectologista e professora da Feevale, Fábia Corteletti. , explicando que a doença pode gerar paralisia de membros, que é uma condição definitiva e não tem tratamento.

A recusa à vacina não é algo totalmente novo. A cobertura vacinal contra a pólio vem reduzindo gradativamente desde 2015. No entanto, chama atenção da professora Fábia que justamente em um momento em que as vacinas têm mostrado eficácia, no caso do combate à Covid-19, a descrença nos imunizantes aumenta de forma mais significativa.

Ela avalia que é possível o retorno da pólio, com a baixa vacinação, até porque há países que tradicionalmente têm resistência às vacinas. Com a facilidade de transporte hoje em dia, é mais provável que o vírus circule. Estudos recentes já detectaram a presença do vírus da pólio nos esgotos em Nova York e Londres.

Quem deve se imunizar

O público-alvo são as crianças menores de cinco anos de idade. Crianças menores de um ano devem ser imunizadas conforme a situação vacinal para o esquema primário, que consiste na aplicação das três doses da Vacina Inativada Poliomielite (VIP). Crianças de 1 a 4 anos que já tiverem o esquema básico devem tomar uma dose da Vacina Oral Poliomielite (VOP), a popular gotinha.

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