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Notícias | Região MONTENEGRO

Vereadores abrem processo de impeachment contra vereadora que gravou 'dancinha' em gabinete

Em sessão tumultuada, marcada por protestos da população, legisladores aprovaram o pedido por 8 votos a 1

Por Débora Ertel
Publicado em: 21.10.2022 às 15:59 Última atualização: 21.10.2022 às 16:11

O Legislativo de Montenegro, na noite desta quinta-feira (21), aprovou por oito votos a um a abertura de processo de impeachment da vereadora Camila Carolina Oliveira (Republicanos), sendo que único voto contrário foi dela mesma. O pedido foi protocolado pelo PDT depois que Camila gravou um vídeo, dentro de seu gabinete, dançando uma paródia de "Baile de Favela", que compara as mulheres de esquerda a "cadelas".

A sessão com duração de duas e horas e meia foi marcada por protestos, que começaram antes mesmo da abertura dos trabalhos na Câmara. O plenário ficou lotado, além de manifestantes acompanharem a sessão do lado de fora.

Público ficou de costas para vereadora Camila quando ela usou a tribuna da Câmara de Montenegro
Público ficou de costas para vereadora Camila quando ela usou a tribuna da Câmara de Montenegro Foto: Divulgação
A comissão processante foi formada por Felipe Kinn da Silva (MDB), como presidente, Valdeci Alves de Castro (Republicanos), que será o relator, e Ari Müller (PP). Os vereadores têm 90 dias para concluir o trabalho.

A vereadora é acusada de quebra de decoro parlamentar, como prevê o regimento interno da Câmara, além violar a legislação eleitoral. 

Vereadora Camila Carolina Oliveira (Republicanos)
Vereadora Camila Carolina Oliveira (Republicanos) Foto: Divulgação

Camila ocupou a tribuna para se manifestar e, por diversos momentos, o presidente da Câmara, Talis Ferreira (PP), precisou pedir silêncio ao público. Além disso, a plateia virou de costas para a vereadora assim que ela começou seu discurso.

De acordo com ela, o vídeo em que aparece, é uma "brincadeira", pois se trata de versão de música existente desde 2018 e que viralizou nas redes sociais. "Neste ponto, me questiono se é tão ofensivo assim e porque nunca foram tomadas medidas legais para impedir sua divulgação", apontou.

Camila comentou que espera, a partir de agora, o mesmo tipo de manifestação quando tiver um baile funk no município. "Porque o teor das músicas funk são esses. Somente agora se tornou tão ofensivo assim? E os outros funks que denigrem e desvalorizam a imagem das mulheres?", questionou.

Por fim, Camila declarou que "se alguma ofensa pôde ser vista nos vídeos em contexto, deixo aqui o meu pedido de desculpas, pedindo que o bom senso prevaleça sobre o ódio e que as pessoas possam refletir minimamente sobre os acontecimentos em curso".

Antes de deixar a tribuna, ela proferiu a frase "Deus, pátria, família e liberdade. Brasil acima de tudo, Deus acima de todos", momento que a plateia deu risadas e proferir um sonoro "ah!", fazendo que Ferreira novamente interviesse.

Fazia cinco anos que o Legislativo de Montenegro não abria um processo de impeachment. O último foi em 2017, contra o ex-prefeito Luiz Américo Aldana, falecido no ano passado. Antes disso, o ex-prefeito Paulo Azeredo (PDT), havia perdido o mandato em 2015. Hoje ele é vereador.

O partido de Camila publicou nota de repúdio sobre o caso. Em suas redes sociais, o Republicanos afirma que defende o respeito à pluralidade como pilar da democracia e que não compactua com ofensas que rebaixem a condição feminina.

O Ministério Público encaminhou os vídeos para que a Procuradoria Regional Eleitoral analise e adote as medidas cabíveis. Além disso, também foi solicitado abertura de inquérito à Polícia Federal para apurar se houve crime de uso de bem público na propaganda eleitoral, já que a vereadora fez menção ao presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL).

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