Com nova gestão, Parque do Caracol reabre neste sábado em Canela

"Eu tenho certeza que a gente pegou uma joia, que só tem que ser lapidada. Vamos transformar esse parque no maior atrativo da Região das Hortênsias, e será um orgulho para toda a comunidade canelense". A projeção é do novo gerente-geral do Parque do Caracol, Rafael Silveira, que assume o comando de um dos pontos turísticos mais visitados da Serra.

Com uma vista privilegiada para os 131 metros de queda d'água da Cascata do Caracol, a área do parque pertence ao governo do Estado e foi concedida para a iniciativa privada, depois de ser gerida pela prefeitura por mais de 30 anos. A mudança na gestão iniciou em 5 de dezembro. Nos últimos 12 dias, o local ficou fechado para manutenção e reabre ao público neste sábado, dia 17, a partir das 14 horas.

O ritmo de obras foi intenso para as primeiras melhorias. Cerca de 120 pessoas estavam, até a sexta-feira, trabalhando para garantir a reforma das 12 lojas existentes, construção de rampas de acesso aos mirantes e manutenção das trilhas, entre outros. Conforme Rafael, pelo menos R$ 500 mil foram investidos neste primeiro momento.

Projetos

Ao longo dos 30 anos de contrato assinado pelo Consórcio Novo Caracol e Tainhas, R$ 464 milhões devem ser empregados em atrativos, somando também despesas operacionais.

Com a concessão, a empresa deve agregar novas atrações ao parque, podendo explorar atividades de aventura e contato com a natureza, como arvorismo e bungee jump. Até o momento, nenhum projeto foi anunciado. Rafael explica que um plano com as diretrizes que precisam ser seguidas no local está sendo construído e fica pronto em 2023.

O gerente adianta que uma das vontades do consórcio é reativar a escadaria que existia no local. Com mais de 700 degraus, ela dava acesso ao pé da cascata, mas está interditada desde 2015, quando um temporal destruiu parte da estrutura. "Dependemos de uma avaliação de engenharia. Está no radar, mas não sei se conseguimos abrir tão cedo. É um desejo nosso, porque a escadaria era um ícone", frisa.

Tainhas

Junto com a concessão do Caracol, o consórcio assume também o Parque do Tainhas, que tem áreas nas cidades de Jaquirana, São Francisco de Paula e Cambará do Sul.

A partir de 2023, será feita a reforma da sede e início dos investimentos em turismo, com a proposta de atividades aquáticas e de hospedagem em camping e glamping, que é uma opção de luxo.

Ingressos terão aumento e passam a custar 75 reais

A partir de hoje, o ingresso para acessar o parque custa 75 reais, o que representa um aumento de 55 reais em relação ao praticado até o início do mês. Além da entrada, há o estacionamento, que sai por 25 reais. Moradores de Canela, com comprovante de residência, têm gratuidade para entrar no parque e os residentes em Gramado pagam metade do valor. O observatório e passeio de trenzinho continuam sendo adquiridos separadamente.

O valor arrecadado com o parque era a principal fonte de receita da prefeitura para promover o turismo de Canela. Para continuar com a atuação, 3% do faturamento bruto será revertido ao município. Nos primeiros quatro anos, o acordo é para o repasse de R$ 1 milhão anual e mais 4% do valor arrecadado.

Empresária tem mais de 30 anos de vivências no parque

Quem acompanha as mudanças no Parque do Caracol há muito tempo é a empresária Dilce Cavalli, de 61 anos. Natural de Canela, ela lembra de brincar e de tomar banho no rio que dá origem à cascata, ainda na infância.

Em 1986, abriu no local uma pequena loja de tricô, com produtos que ela mesmo confeccionava. Um ano depois, recebeu o convite do então prefeito Günther Schlieper para reativar o restaurante existente no parque, permanecendo até 2000. "O restaurante era um sucesso, recebíamos muito eventos. O prefeito e a esposa só almoçavam com a gente", recorda.

Até a casa de Dilce o Parque do Caracol já foi. Entre 1997 e 2000, ela e a família moravam em um apartamento nos fundos do estabelecimento, dentro da propriedade.

Depois de fechar o restaurante, ela cursou Direito e se envolveu em outras atividades até que recebeu o convite para voltar a trabalhar no parque e, em 2012, abriu a unidade do Sabor e Flor.

Ela fala com carinho da história do novo local, pois era um espaço que não havia interessados. "Enquanto lá no restaurante principal tinham várias propostas, ninguém queria ficar com esse. Eu decidi ficar, reformei e ampliei", frisa, reforçando o carinho com que a comida é preparada no fogão a lenha, os insumos que compra de produtores locais e os ovos que vêm da propriedade onde mora, no Vale da Ferradura.

"Eu escolhi o nome porque o sabor vem da minha avó, que cozinhava no fogão à lenha e decidi fazer essa homenagem a ela, e a flor é a de lótus, que brota em águas ruins e floresce purificada. E é isso, transformamos um lugar que ninguém queria em algo maravilhoso. O restaurante principal até fechou porque as pessoas gostam mais da comida daqui", diz, orgulhosa.

Com a concessão, Dilce acredita que o movimento vai melhorar, mas ainda tem receio por causa do aumento do valor do ingresso e também do acréscimo no aluguel que paga para utilizar o espaço.

"Tudo é muito novo. Vamos sair de um parque que tinha o ingresso barato, mas que também estava muito precário. Agora, a gente está percebendo uma mudança radical. É um ciclo se encerrando e outro novo se abrindo. Dá um frio na barriga porque estávamos acostumados a como era antes. Nos preocupamos com o preço que aumentou, mas ainda é menor do que outros parques da região e o turista vai ver a estrutura melhor", comenta.