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Notícias | Região SÃO LEOPOLDO

Aldeia caingangue Por Fi Ga aberta para visitantes até amanhã

Aldeia indígena de São Leopoldo está localizada na Estrada do Quilombo, no limite dos bairros Feitoria e Campestre

Publicado em: 19.05.2023 às 13:19 Última atualização: 19.05.2023 às 13:20

A sexta-feira (19) e sábado (20) serão de festa e de muita integração na aldeia caingangue Por Fi Ga, no bairro Campestre, em São Leopoldo. Para festejar o Dia dos Povos Indígenas, celebrado em 19 de abril, o local estará aberto a visitantes nos dois dias, das 9 às 17 horas.

O ingresso para a entrada é um quilo de alimento não perecível. As doações serão distribuídas entre os moradores locais. Palestras, degustação de culinária típica, exposições e oficinas são algumas das atrações da programação especial.

Jucinéia com a pequena Kafej, aproveitou a festa para expor seu trabalho no artesanato
Jucinéia com a pequena Kafej, aproveitou a festa para expor seu trabalho no artesanato Foto: Renata Strapazzon/GES-Especial

Segundo o cacique Jeremias Eufrásio, atualmente 80 famílias e cerca de 320 pessoas residem na comunidade. Para ele, eventos como este são uma oportunidade de apresentar a aldeia para moradores de São Leopoldo e região, preservando a cultura e contribuindo para a manutenção da aldeia. "Muitas pessoas daqui mesmo não sabem que temos uma aldeia na cidade. E nós ficamos muito felizes em receber pessoas de fora para que conheçam a nossa cultura, nossas marcas tribais, nossas comidas típicas, e para que reconheçam a nossa existência na sociedade", comenta Eufrásio.

Ajuda
Para o cacique, a participação intensa de pessoas de fora na programação e a doação dos alimentos, representam uma ajuda importante às famílias residentes na aldeia, a maioria delas dependentes da venda do artesanato para a sobrevivência."A pandemia judiou muito de todos nós. Por isso, estes alimentos farão a diferença para toda a nossa comunidade", diz.

A comunidade indígena vive em São Leopoldo desde 1996. A aldeia está localizada na Estrada do Quilombo, no limite dos bairros Feitoria e Campestre. Contatos com o cacique podem ser feitos pelo telefone 99950-2642.

Mostra de trabalhos

A programação é uma oportunidade de mostra e venda de trabalhos feitos pelos moradores da aldeia, como os artesanatos produzidos pela jovem Jucinéia da Silva, 28 anos. Ao lado da filha, a pequena Kafej (que significa flor em caingangue), de 9 meses, Jucinéia expõe pulseiras, brincos, colares e filtros o sonhos.

"A festa é uma forma de nos integrarmos com a sociedade, de mostrarmos como e onde vivemos e de podermos comercializar o nosso artesanato. Com a dificuldade de conseguirmos matéria-prima para a produção dos nossos cestos, estamos adaptando nossa produção e esperamos boas vendas", diz.

Conhecimento para vencer o preconceito

Moradora da aldeia, Noeli Lopes, 37, sobrevive e sustenta os filhos com a venda do artesanato que produz. Os balaios, peneiras, pulseiras e filtros do sonhos feitos por ela são vendidos nas ruas de São Leopoldo e em cidades vizinhas como Novo Hamburgo e Sapucaia do Sul. No entanto, segundo ela, ainda é grande o preconceito sofrido pelos indígenas.

Noeli sustenta os filhos com a venda do artesanato
Noeli sustenta os filhos com a venda do artesanato Foto: Renata Strapazzon/GES-Especial
"Dia desses ofereci meu artesanato para uma senhora e ela me xingou. Disse que era para eu ir trabalhar. Mas eu já estava trabalhando. É muito difícil, ainda somos muito maltratados nas ruas", desabafa. "Sem comida no prato não temos como sobreviver. Vou para a rua vender o meu artesanato para ter o que dar de comer para os meus filhos. Esta é a nossa cultura. Este é o meu trabalho. É isso que aprendi a fazer", diz.

Segundo ela, dentre as peças mais procuradas pelos consumidores estão os filtros dos sonhos, peças coloridas feitas com linhas e penas. "Ele serve tanto para enfeitar quanto para espantar o mal de onde ele é colocado. Quando estou produzindo os filtros, vou pensando só coisas boas, para que o melhor aconteça para quem dele fizer uso", garante.

Vivência real do aprendizado da escola

Dentre os visitantes da aldeia nesta sexta-feira (19) estiveram cerca de 150 alunos do terceiro ao quarto ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Professora Nancy Ferreira Pansera, do bairro Guajuviras, em Canoas. Durante mais de um mês, os alunos realizaram trabalhos multidisciplinares sobre a cultura indígena em sala de aula, nas mais diversas disciplinas. Na aldeia, os pequenos puderam vivenciar na prática tudo o que aprenderam nas aulas.

Estudantes vivenciaram novas experiências na aldeia
Estudantes vivenciaram novas experiências na aldeia Foto: Renata Strapazzon/GES-Especial

"De abril pra cá tivemos atividades de música, literatura, Educação Física, tudo voltado aos povos indígenas. Na escola, eles aprenderam muito sobre tribos, cultura, jogos e brincadeiras e hoje estão vivenciando tudo isto aqui. Eles estavam muito ansiosos por este passeio", comenta a professora Andréia Ismael, que estava acompanhando uma turma de 32 alunos do terceiro ano e que também foi pela primeira vez à aldeia.

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