Como age o vendedor de Novo Hamburgo preso pelo desaparecimento de empresário de Minas Gerais
Por trás do caso, há a suspeita de uma rede do Vale do Sinos especializada em golpes e lavagem de dinheiro no ramo de veículos
Por trás do desaparecimento do empresário mineiro Samuel Eberth de Melo, 41 anos, há a suspeita de uma complexa rede de golpes e lavagem de dinheiro do Vale do Sinos no comércio de carros usados. Dono de loja de veículos em Belo Horizonte, Melo decidiu viajar a Novo Hamburgo para cobrar dívida de R$ 1,3 milhão e não é visto desde sexta-feira (2).
O devedor, de 30 anos, é conhecido como habilidoso vendedor de automóveis. Preso na terça-feira (6), afirma não saber do paradeiro do empresário.
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"Comprei alguns carros dele porque os preços eram muito bons. Pelos impostos mais baixos e a alta demanda lá de cima, chegam aqui mais baratos", conta o dono de uma revenda da região metropolitana de Porto Alegre que pede para não ser identificado.
Estrutura de frete
Com ampla carteira de clientes, principalmente revendas da Grande Porto Alegre, o hamburguense mantinha parcerias com outros empresários do Centro do País. Chegava a receber frotas em carretas e também viajava para buscar as encomendas, geralmente acompanhado de comparsas do Vale do Sinos. Cada um voltava dirigindo um veículo. Um pátio perto de casa servia como depósito de diferentes modelos.
Conforme relatos apurados pela reportagem, o atravessador conquistava a confiança dos donos de revendas e depois parava de repassar os valores combinados. O empresário mineiro teria se tornado uma vítima. Depois de ver no hamburguense um sócio com boas possibilidades de lucros no Sul, passou a amargar prejuízos. De acordo com a família, a dívida era referente aos últimos 11 carros que mandou para Novo Hamburgo. O vendedor consignado não pagava e só enrolava quanto ao destino dos automóveis.
Morador do bairro Canudos responde por seis estelionatos
O carismático vendedor responde a seis acusações de estelionato. Também tem antecedentes por posse ilegal de arma de fogo e supressão de documento. Num dos processos por golpes, que tramita na 2ª Vara Criminal de Novo Hamburgo, está denunciado pelo Ministério Público e foi intimado, no mês passado, a fazer a defesa. Conforme o despacho, ele não estaria sendo encontrado para audiências.
Outro hamburguense, morador do bairro Rondônia de 39 anos, foi arrolado como testemunha no caso do desaparecimento do empresário. A reportagem tentou contato com ele, para saber do suposto envolvimento, mas não obteve retorno. Dono de uma fábrica de bolsas, não tem antecedentes criminais.
Irmão veio com o pai acompanhar as buscas e fez a ocorrência
Os últimos passos do mineiro foram narrados por familiares conforme os relatos da vítima. Melo chegou a Novo Hamburgo no último dia 31 e se hospedou em hotel no bairro Hamburgo Velho.
Na manhã do dia 2, se encontrou com o parceiro gaúcho para resolver as pendências. Teriam ido em dois carros a revendas de veículos. Uma delas em Santo Antônio da Patrulha, onde teriam ficado das 8 horas até as 10h30. Melo dirigia um Troller T4 branco, com placas de Belo Horizonte, e o hamburguense conduzia um Gol de mesma cor de Dois Irmãos.
O mistério começou no retorno, no início da tarde. Conforme a família do empresário, ele publicou uma foto em rede social às 13 horas na carona do Troller. Às 13h10, parou em um posto de combustíveis em Taquara, conforme captado por câmeras do estabelecimento. Às 13h30, os parentes não conseguiram mais contato.
Às 5h47 do dia seguinte, o irmão do desaparecido e sócio da revenda em Belo Horizonte, Robert Melo, 40, fez a ocorrência do desaparecimento na Central de Polícia de Novo Hamburgo. Ele veio com o pai, Eberth, e um cunhado para acompanhar as buscas. O empresário tinha reserva no hotel até domingo passado, dia 4.
Nesta quarta-feira, a Polícia concentrou as buscas na área rural de Santo Antônio da Patrulha, com emprego de cães farejadores.
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