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Notícias | Região NOVO REGISTRO

Médico investigado por 38 mortes em Novo Hamburgo está atuando em hospitais de São Paulo

Nesta segunda-feira, acaba a decisão judicial que proíbe João Couto Neto de fazer cirurgias

Publicado em: 11.06.2023 às 18:40 Última atualização: 11.06.2023 às 19:19

Investigado pela morte de 38 pacientes e lesões graves em outros 120 em Novo Hamburgo, o médico João Batista do Couto Neto, 47 anos, está atuando em hospitais da região metropolitana de São Paulo. Ele não pode fazer cirurgias por causa de decisão judicial que vence nesta segunda-feira (12). A Polícia Civil pediu renovação da suspensão de 180 dias. Couto afirma que é inocente de todas as acusações.


Policiais civis intimaram médico em casa em dezembro do ano passado
Policiais civis intimaram médico em casa em dezembro do ano passado Foto: Reprodução

Um dos cirurgiões mais requisitados do Vale do Sinos, Couto foi alvo de operação da 1ª Delegacia de Polícia de Novo Hamburgo na tarde de 12 de dezembro do ano passado. Os agentes cumpriram três mandados de busca e apreensão (MBAs) - no consultório, situado no Centro Clínico Regina, no Hospital Regina, onde concentrava as operações, e na casa, um apartamento de alto padrão no Centro da cidade.

Computadores, celulares e prontuários médicos foram recolhidos para perícia. Na residência, o médico foi comunicado da suspensão para cirurgias. Até então, o inquérito era sobre cinco pacientes mortos e nove com sequelas por "intervenções desastrosas", conforme definido pelo delegado da 1ª DP, Tarcísio Kaltbach. Com a repercussão, as denúncias foram aumentando ao ponto de passar de cem.

A mudança


João Couto
João Couto Foto: Reprodução

No dia 23 de fevereiro, o investigado obteve registro no Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp). Apresentou uma foto com visual diferente. De cabelo curto e sem barba. O cadastro foi feito com a observação "suspenso parcialmente", assim como consta na inscrição no Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), onde responde a uma sindicância sobre a conduta profissional, que corre em sigilo.

Natural de Bagé, Couto vendeu alguns bens em Novo Hamburgo, onde ganhou projeção na carreira, e se mudou com a família para a capital paulista. Por indicação de colegas, conseguiu trabalho em pelo menos dois hospitais.

Juíza determinou distância dos denunciantes

Além dos MBAs, o delegado pediu a prisão preventiva do médico. O Ministério Público e a juíza da Vara do Júri de Novo Hamburgo, Angela Dumerque, concordaram com as buscas, mas negaram a reclusão. Ao decidir que o investigado não faça cirurgias por seis meses, a magistrada determinou também que não se aproxime de pacientes e familiares responsáveis pelas denúncias, sob pena de prisão. A medida não veda outras atividades médicas, como consultas.


No início da semana que passou, o delegado pediu a renovação da suspensão. A decisão deve sair nesta segunda. O inquérito vai longe. São dezenas de casos analisados pela perícia técnica. Perfurações de intestino, pâncreas e aorta, além de pulmão 'colado' à pele e retirada de umbigo, estão entre as denúncias contra o profissional.

"Pautei toda minha vida profissional com ética"

A única vez que Couto falou à reportagem foi no dia dos mandados. “Pautei toda minha vida profissional com ética e respeito aos meus pacientes. Sou cirurgião, trabalho com doenças graves. A gente perde pacientes, alguns vão a óbito, é do nosso trabalho. Tenho uma infinidade de cirurgias, com mais de 20 mil pacientes, que gostam muito de mim."

Já o Hospital Regina sustenta que o médico não tinha qualquer vínculo empregatício ou de prestação de serviços com a instituição. Observa que ele apenas usava as dependências para as cirurgias, assim como outros profissionais.

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